Sátira de Kubrick sobre guerra nuclear é exibida no Cineclube
12/07/2018 18:02 - Atualizado em 16/07/2018 14:07
Isaías Fernandes
“É uma sátira, cuja característica é implicar uma visão diferente de todo aquele medo que se tinha, naquela época, de uma guerra nuclear”. O comentário é do advogado e publicitário Gustavo Oviedo, que apresentou o filme “Dr. Fantástico” (Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, 1964), na noite dessa quarta-feira (11), no Cineclube Goitacá. A obra tem direção do cineasta Stanley Kubrick.
— O filme conta uma história de guerra. Por um erro, a equipe de uma aeronave americana recebe a ordem de atacar a União Soviética. Só que o objetivo é que o tom seja completamente diferente, em tom de comédia — comentou Oviedo, que relatou, porém, que o longa não funciona muito bem como uma comédia.
— Este filme tem muitos valores pra época em que foi feito. Porém, acredito que Kubrick não fez o filme funcionar, em si, como comédia, porque não é engraçado. Como um filme do gênero, não provoca nenhuma risada. É uma sátira bem feita e que, como disse, funciona muito bem como uma descrição diferente daquela paranoia e loucura que se vivia naquela época — complementou.
O apresentador da noite ressaltou, da obra, a atuação de Peter Sellers.
— Ele fez três papéis, e todos muito bem feitos. Sellers, neste filme, interpretou o presidente dos Estados Unidos, um general inglês e, ainda, o chamado Dr. Fantástico, que apresenta várias loucuras, principalmente no final do filme. Uma curiosidade ligada a isso é que o longa teve orçamento de dois milhões de dólares, e metade disso foi para pagar o Sellers, pois diziam que ele “levava o filme nas costas”.
Ainda antes da exibição, Oviedo comentou sobre um fato ocorrido à época do lançamento de “Dr. Fantástico”.
— Têm muitas questões ligadas à segurança que deixaram o Departamento de Defesa dos Estados Unidos preocupado. Isso porque há muita verossimilhança entre cenas do filme e o que estava acontecendo na ocasião. O governo se preocupou com vazamento de informação. No começo da obra, inclusive, Kubrick teve que colocar um aviso para reforçar que aquilo era uma obra ficcional e que não teria a possibilidade de acontecer na vida real.
No debate ocorrido após a sessão, o psicanalista e ator Luiz Fernando Sardinha relatou: “É uma sátira que não provoca risos, mas tem cenas interessantes, como a que um general faz um telefonema para o presidente dos Estados Unidos pegando moedas de máquina de refrigerante”. (J.H.R.)

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