Lula negocia se entregar neste sábado
Aldir Sales 07/04/2018 09:03 - Atualizado em 09/04/2018 18:54
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Mesmo após o fim do prazo do mandado de prisão do juiz Sérgio Moro, nessa sexta-feira (6), às 17h, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manteve na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Durante o dia, o petista afirmou que não iria se entregar. No entanto, a Justiça Federal do Paraná informou que Lula, condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, não é considerado foragido porque o tempo era considerado uma “oportunidade” e que cabe à Polícia Federal (PF) as tratativas do cumprimento da ordem. Os principais meios de comunicação do país informaram que os advogados do ex-presidente negociam com a Polícia Federal (PF) sobre o cumprimento do mandado. Neste sábado, o ex-presidente seguia no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP). Ele passou a segunda noite do local após a expedição do mandado de prisão contra ele.
Milhares de pessoas se concentraram em frente ao sindicato durante todo o dia em manifestação de apoio ao ex-presidente. Houve registros de tentativas de agressões a jornalistas que trabalhavam no local, o que gerou repúdio de entidades de classe. Outros vinte e três estados e o Distrito Federal também tiveram ocorrências de protestos contra a decretação de prisão do petista. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloqueou rodovias federais em 11 estados, mas o MST fala em 16.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, A PF considera que a operação, se deflagrada, colocaria em risco tanto partidários do ex-presidente quanto os próprios policiais por causa da grande concentração de pessoas no local. A negociação será retomada neste sábado após a missa em memória da ex-primeira-dama Marisa Letícia.
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O jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, informou que Lula pode se entregar ainda neste sábado após a missa em memória de sua esposa, Maria Letícia, que completaria 68 anos neste sábado. A solenidade está marcada para às 9h30 na sede do Sindicato dos Metalúrgicos. A ex-primeira-dama morreu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 3 de fevereiro. De acordo com Macedo, o ex-presidente também estaria colocando como condição para se entregar que a pena seja cumprida em São Paulo. No entanto, a PF decidiu que, caso o ex-presidente se entregue hoje, será transportado para Curitiba por avião da polícia. Outra possibilidade levantada pela defesa de Lula foi de que ele se entregue na segunda-feira, mas não havia nenhuma definição até o fechamento desta edição.
Os advogados do ex-presidente entraram, nessa sexta-feira, com um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar barrar o cumprimento do mandado de prisão. A defesa alega que ainda existe um recurso para ser julgado em segunda instância e que, por isso, a prisão é ilegal. O pedido foi negado pelo STJ, mas à noite um novo habeas corpus foi impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro relator, Edson Fachin, encaminhou o processo para a presidente da Corte, Cármen Lúcia, mas não havia nenhuma decisão até o fechamento desta edição.
Manifestações pró-petistas pelo Brasil
A eminente prisão de Lula gerou uma onda de protestos em defesa do ex-presidente em todo o país. Foram registrados atos em 24 estados e no Distrito Federal. A Folha da Manhã apurou que um grupo de militantes estava organizando um ônibus para sair nessa sexta à noite de Campos e Macaé em direção a São Bernardo do Campo.
No Rio de Janeiro, manifestantes saíram da Candelária em direção à Cinelândia em ato contra a prisão do ex-presidente Lula. No trajeto, a avenida Rio Branco chegou a ficar totalmente bloqueada. Também houve homenagens à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março.
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Em Belo Horizonte, o prédio onde a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, tem um apartamento foi pichado com tinta vermelha. A ministra não estava no local no momento do ataque. Também foram registrados protestos nos estados de AL, AP, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MT, MS, MG, PA, PB, PR, PE, PI, RN, RO, RS, SC, SP, SE e TO.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que 18 trechos de rodovias federais foram bloqueados em 11 estados por militantes MST. No entanto, no fim da tarde, já eram mais de 40 bloqueios, em pelo menos 16 estados, segundo o MST.
Pela manhã, o movimento anunciou a intenção de interditar mais de 50 estradas em todo o país, como forma de protestar contra o pedido de prisão do petista.
O MST relatou ainda que, durante o fechamento da BR 101, no município de Alhandra, na Paraíba, uma pessoa foi ferida por um tiro. Um homem não identificado furou o bloqueio e atirou com arma de fogo contra a ativista Lindinalva Pereira de Lima Filha. A bala atravessou a coxa esquerda da militante, que foi socorrida e levada para um hospital de João Pessoa, capital do estado.
Jornalistas agredidos durante protestos
No entanto, jornalistas foram agredidos durante a cobertura das manifestações em Brasília e em São Bernardo do Campo, o que gerou repúdio imediato de entidades da classe. Na manhã de sexta, o jornalista Nilton Fukuda, repórter da Agência Estadão Conteúdo, e a jornalista Sônia Blota, da Band, foram atingidos por ovos em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Na última quinta, durante protesto em frente à Central Única dos Trabalhadores (CUT), no centro de Brasília, uma equipe do jornal Correio Braziliense também foram alvo dos manifestantes. O carro em que eles estavam foi depredado. Uma equipe do SBT e um repórter fotográfico da Agência Reuters também foram atacados.
Em nota conjunta, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ressaltam que não há justificativa para a violência nem para atentados à liberdade de imprensa.
Em outra nota, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou os atos de agressão. “A Fenaj reitera que agressões a jornalistas são injustificáveis. Também reafirma sua defesa das liberdades de expressão e de imprensa e do jornalismo como atividade essencial à democracia e à constituição da cidadania. Não há verdadeira democracia sem jornalismo e não há jornalismo sem jornalistas”.
Operador do PSDB é preso em São Paulo
Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da empresa paulista de infraestrutura rodoviária, a Dersa, foi preso, nessa sexta-feira, apontado como operador do PSDB e acusado de desvio de recursos públicos durante obras do governo tucano no estado de São Paulo entre os anos de 2009 e 2011, durante os governos de José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin. A Justiça Federal determinou a prisão preventiva e autorizou busca e apreensão em sua residência. Ele já está com o cabelo raspado e uniforme do sistema prisional.
A procuradora da República em São Paulo, Thaméa Danelon, disse que uma funcionária que também é ré sofreu “ameaças para que ela não falasse sobre os desvios de verba pública no qual ela presenciou e no qual ela praticou juntamente com os demais membros da quadrilha”.
No dia 22 de março, a força tarefa da operação Lava Jato em São Paulo ofereceu denúncia contra Souza e mais 4 suspeitos de desviar R$ 7,7 milhões de 2009 a 2011 (valores da época) de obras públicas. Paulo Preto e os outros quatro suspeitos foram denunciados pelo MPF pelos crimes de formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema público e peculato, que é a apropriação de recursos públicos.
A denúncia foi feita após uma investigação iniciada no Ministério Público Estadual de São Paulo pelos desvios de apartamentos e de pagamentos de indenizações. Durante as investigações, a Promotoria da Suíça informou que Souza mantinha o equivalente a R$ 113 milhões em contas fora do Brasil.

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