"Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos"
Jhonattan Reis 01/08/2017 16:36 - Atualizado em 02/08/2017 18:58
Haxan
Haxan / Divulgação
Häxan — A Feitiçaria Através dos Tempos” (Häxan, 1922), do diretor dinamarquês Benjamin Christensen, é o longa-metragem que será exibido nesta quarta-feira (2) à noite no Cineclube Goitacá. Quem apresenta a obra é o professor e crítico de cinema Aristides Soffiati, que tem trazido aos cineclubistas obras dos anos 1920. A sessão, que tem entrada gratuita, começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos.
“Häxan” explora as origens da feitiçaria e do satanismo através dos séculos, desde a antiguidade até os tempos modernos. O filme mistura imagens reais com encenações ao longo de sete capítulos. Mostra, ainda, a intolerância da igreja católica frente aos mitos mágicos e como a instituição “resolvia” esses problemas. No final, há a comparação entre o comportamento histérico das mulheres contemporâneas (1921) com o das bruxas da Idade Média, e a conclusão é que ele seria bem parecido.
Soffiati explicou que o objetivo é exibir, nesta quarta, um documentário dramatizado.
— Com as minhas exibições, pretendo ser bastante pedagógico, pois sou professor, e estou apresentando filmes segundo um critério. Comecei com um documentário. Sigo, então, com um documentário dramatizado, que é este filme, “Häxan”. Depois, nas minhas próximas apresentações, seguirei com um drama, depois com comédia e assim por diante. Mas o objetivo de hoje é exibir um documentário dramatizado e, apesar de haver outros dessa época, “Häxan” foi o que logo me veio à mente, porque é um clássico.
O apresentador da noite comentou que “Häxan — A Feitiçaria Através dos Tempos” é importante não só para a década de 1920, mas para toda a história do cinema.
— Como eu disse, é um clássico. Este filme, que é sueco, procura mostrar a feitiçaria através dos tempos, e Christensen preferiu fazer um documentário dramatizado porque era o melhor a ser feito, pois obviamente não teria como ele ir à idade média ou ao Egito antigo, por exemplo, para filmar algumas partes importantes.
Segundo Aristides Soffiati, o longa-metragem chegou a ser censurado nos Estados Unidos.
— Isso por mostrar a feitiçaria de forma mais crua, o que não foi bem aceito por lá (Estados Unidos). “Häxan” é um documentário sobre o medo, sobre o desconhecido. O filme procura mostrar, ainda, que, pelo ângulo da psicanálise, a feitiçaria seria apenas um caso de distúrbio mental curável — falou ele, lembrando que a obra teve várias versões, mas que a “mais original” quanto à imagem, que foi a dos Estados Unidos, será exibida nesta quarta.
Direção, roteiro e fotografia foram os destaques de “Häxan” para Soffiati.
— São excelentes. Em relação à fotografia, interessante é que os alemães tendem, na década de 20, para o expressionismo e os nórdicos para o realismo, procurando retratar a realidade mesmo. E “Häxan” vai muito para o realismo. Também é relevante lembrar que vários diretores europeus dessa época acabaram chamando atenção dos Estados Unidos e indo trabalhar lá. Isso aconteceu com Christensen, mas ele não se curvou aos americanos e voltou para a Europa depois. E este diretor ficou muito marcado por “Häxan”. Tanto antes quanto depois de 1922, ele fez outras obras, mas ficou marcado e imortalizado mesmo por este filme.
Antes de “Häxan”, Aristides exibirá um curta-metragem de Alice Guy-Blaché, diretora que marcou a história do cinema.
— Ela é a pessoa que fez o primeiro filme com roteiro da história. É importante apresentar uma obra dela, ainda, porque mostra que as mulheres também produziram muito nos primórdios do cinema. A duração desse primeiro filme com roteiro é curtíssima. Alice fez um roteiro pequeno, mas isso foi pioneiro. A obra que vou exibir dela não é esse primeiro, mas “O Colchão Epilético” (Le Matelas Épileptique, 1906), que tem uma duração um pouco maior. É um filme muito importante, ainda, porque é um princípio da comédia.

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