Não realização de visitas no presídio feminino causa confusão
Jhonattan Reis 18/01/2017 16:02 - Atualizado em 19/01/2017 11:08
Uma grande movimentação de familiares de detentas foi registrada na manhã desta quarta-feira (18), em frente ao presídio feminino Nilza da Silva Santos, em Campos. Isso porque as visitas, assim como atendimento com advogados, estão suspensas devido à paralisação de agentes da secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que, até o fechamento desta matéria, estariam, segundo eles, sem receber salários de dezembro, 13º e Regime Adicional de Serviço (RAS) desde agosto último. No presídio feminino, apenas os serviços considerados essenciais — como atendimento médico e alimentação — estavam mantidos.
De acordo com a assessoria do Seap, ocorreu, pela manhã, “um princípio de tumulto entre internas de duas celas que não se conformavam em não receber visitas. As detentas chegaram a gritar e bater nas grades porque inspetores de administração penitenciária (...) impediram as visitas de entrarem”. Em nota, a secretaria informou que a direção logo contornou a situação.
Pela manhã, havia cinco agentes da Seap em frente à unidade, ao lado de uma faixa onde estava escrito “Secretaria de Administração Penitência. Estamos em greve”. Eles falaram que, além da falta de pagamentos, estariam trabalhando com efetivo menor que o necessário.
Familiares questionam
No início da tarde, cerca de 20 familiares de presidiárias estavam em frente à unidade. A empregada doméstica Rosivânia dos Santos Gomes, 46 anos, foi visitar a filha dela, de 24, por volta das 11h30, quando soube da paralisação.
— Estou há dois meses sem ver a minha filha. Deixei de trabalhar para estar aqui. Ela precisa dos remédios e da alimentação que estou trazendo. Não estou acreditando que está acontecendo isso. E não há previsão para a volta das visitas — disse.
Morador do Parque Guarus, o técnico em telecomunicações Vitor Hugo Ferreira, 36, também esteve no presídio para visita nesta quarta. “Vim visitar minha esposa, de 27 anos. Estou com almoço aqui para ela, porque muitas detentas preferem não comer a comida do Estado”, falou.
Vitor ainda comentou que quando ele chegou, por volta das 11h30, havia dezenas de familiares de detentas no local. “Inclusive de outras cidades como Italva e Itaperuna, desistiu”.
Manifestação em frente ao presídio
Em nota, o Governo do Estado informou que os salários de dezembro dos servidores ativos e inativos da segurança — Seap e órgãos vinculados, policias Civil e Militar, Bombeiros, Defesa Civil e secretaria de Segurança — “serão depositados integralmente a partir das 13 horas” dessa quarta (18) pela secretaria de Estado de Fazenda. O valor total a ser depositado é de R$ 623 milhões.
Policiais Civis mantêm paralisação
Policiais civis do Estado do Rio de Janeiro disseram que irão manter a paralisação de 72 horas, que foi iniciada na última terça-feira (17), até o final do tempo estabelecido. Na noite de terça, o Governo do Estado divulgou que pagaria, a partir das 13h desta quarta (18), os salários de dezembro dos civis — assim como de outros servidores de área da segurança.
No entanto, os policiais apontaram que a decisão de continuarem paralisados é porque eles também reivindicam, além do salário de dezembro, os pagamentos do 13°, do Regime Adicional de Serviço (horas extras) e dos prêmios por cumprimento de metas de segurança.
Também por conta de atrasos nos pagamentos, teve início, no último sábado (14), a “Operação Basta”. Nas delegacias, desde então, só estão sendo registrados flagrantes e remoção de cadáver — considerados essenciais.
Com a paralisação de 72 horas, policiais civis relataram sobre condições de trabalho. Ao fim da paralisação, eles decidirão se optam ou não por greve. “As nossas condições: chão soltando e com buracos, fiação exposta, banheiros em más condições, impressoras com problemas, viaturas sem funcionamento e sem vistoria há seis anos. É só um pouco do que a gente convive”, disse um policial civil que preferiu ter a identidade preservada.
Ele também comentou: “Inicialmente, não podemos dizer que estamos trabalhando com 30% do efetivo, porque o número de trabalhadores aqui já é abaixo de 30% do que deveria ser”. Os civis também informaram que as investigações que estavam em curso estão paradas.
Sobre o ato, a Polícia Civil, em nota, informou que “não se manifesta sobre o teor de decisão de entidade de classe e esclarece que os serviços emergenciais serão mantidos”. Além da falta de salários, policiais ainda relatam sobre condições de trabalho.

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