Safra de 2022 tem perspectiva de crescimento de 10%
Ícaro Abreu Barbosa - Atualizado em 27/04/2022 09:05
A Safra 2022 começou e a expectativa do setor sucroalcooleiro em Campos é alta. De acordo com informações, a produção deve ser ainda maior que a do ano passado e as duas usinas de Campos – Sapucaia e Canabrava – devem, juntas, moer entre 1,9 milhão e 2 milhões de toneladas de cana. Os cálculos da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan) apontam que a receita gerada pela safra deste vai movimentar quase R$ 1 bilhão em Campos.

Apesar das expectativas apontarem para um preço maior pago pela cana dos produtores campistas nesse ano –devido à alta do Álcool – o cenário internacional torna difícil a previsão de um valor exato. Especialistas do setor apontam um futuro incerto, devido à crise energética na Europa: uma consequência direta da Guerra da Ucrânia.

Isso não muda o fato de que, em Campos, todos esperam pelo melhor e que é grande volume de produção de cana na região. Essa expectativa fez com que Sapucaia e Canabrava antecipassem o início das suas moagens. A Nova Canabrava largou na frente, iniciando no dia 21, após recuperar neste dia 18 sua inscrição estadual – cuja perda, no final de junho do passado, acabou fazendo a usina parar de moer e resultou em um prejuízo de quase R$ 100 milhões. De acordo com informações de Alex Rossi, diretor Administrativo-Financeiro, a usina, em 2022, espera moer um milhão de toneladas e produzir cerca de 72 milhões de litros de Etanol.

A assessoria da Usina complementou que pelo menos 1.100 pessoas estão sendo contratadas – e o número pode aumentar para 1.500 em breve. “Esses funcionários irão trabalhar na produção de Etanol e energia direto do bagaço da cana... tudo isso em quantidade suficiente para abastecer a operação da usina e vender energia no mercado”, complementaram em nota.

Tito Inojosa, presidente da Asflucan, explica que a usina de Sapucaia, que faz parte da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), deve começar sua moagem na próxima semana, entre o dia 5 e 6 de maio. A informação foi confirmada pelo presidente da Cooperativa, o vice-prefeito Frederico Paes, que afirmou empolgado: “Vamos iniciar a moagem nessa primeira semana de maio!”

Frederico ainda anunciou um aumento de 10% de produção com relação à safra passada e também um aumento nos investimentos para a abertura da usina Paraíso no ano que vem, totalizando um total de quase R$50 milhões aplicados nas obras e serviços de reestruturação e modernização:

— Calculamos injetar na economia campista, apenas pela Coagro, algo em torno de R$400 milhões. Vamos moer de 954 mil a 1,1 milhão de toneladas e a nossa produção deve ser 90% alcooleira, pois os preços estão muito remuneradores. A geração de emprego deve ficar em torno de 3 mil empregos diretos.

A boa nova para quem é trabalhador safrista é que neste ano a safra vai ter mais um mês. Isso representa mais um mês de 13º e de férias para os trabalhadores, proporcionando uma remuneração melhor. “Vai ser um ano positivo pra região...”, declarou, por fim, Frederico Paes, deixando no ar a possibilidade de novos incentivos e projetos para o setor ainda neste ano.

Guerra da Ucrânia traz imprevisibilidades e aumento do custo de produção para Região

Os tiros e misseis disparados no Leste Europeu resultam em mortes e preocupação com a paz mundial. Os seus ecos, entretanto, se propagam na economia e chegam além mar. Cá, na Planície, o início da safra da cana-de-açúcar os ouve de forma negativa no aumento do custo dos materiais de produção e também de forma positiva, com a perspectiva do aumento da demanda de etanol diante da crise energética provocada pelo conflito.

Tito Inojosa, presidente a Asflucan, destaca: “A Guerra da Ucrânia fez o custo dos nossos materiais de produção subir a passos largos. Isso com certeza vai prejudicar o nosso produtor. O aumento do adubo, do diesel, dos herbicidas, além de outros insumos que acompanharam a inflação, impacta diretamente no custo da produção de cana. Ao mesmo tempo, essa crise energética e o aumento do preço do barril de petróleo vai impulsionar o preço do Etanol e resultar no aumento de preço da matéria-prima."

De fato, nas lojas de material rural, o aumento dos preços de recursos essenciais ao plantio, sobretudo dos fertilizantes – cuja origem russa chega aos 85% – deixa de boca aberta os produtores da região.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS