O sol nasceu mais um uma vez na Sapucaí para o arquiteto campista Rodrigo abrindo aboca para Marco Barcelos
13/03/2023 17:45 - Atualizado em 13/03/2023 17:57
 
  • Ton no camarote Folia Tropical

    Ton no camarote Folia Tropical

  • Artes visuais de Del Nunes

    Artes visuais de Del Nunes

  • Com arte visual de Del Nunes / Igor Mota

    Com arte visual de Del Nunes / Igor Mota

  • Na entrada do Folia Tropical / Igor Mota

    Na entrada do Folia Tropical / Igor Mota

  • Exibindo alguns dos móveis / Igor Mota

    Exibindo alguns dos móveis / Igor Mota

O arquiteto Rodrigo Dinelli no Projeto do Folia Tropical, o Camarote Mais Inclusivo da Sapucaí
Na fachada do Camarote Folia Tropical
Na fachada do Camarote Folia Tropical / Divulgação - Igor Mota
Rodrigo Dinelli, conte mais sobre a temática do sol que você desenvolveu este ano no seu projeto de arquitetura do camarote Folia Tropical e nos diga há quanto tempo faz esse trabalho na Sapucaí.
“Estou desde 2013 como arquiteto do camarote Folia Tropical e sou fiel a ele! Uma vez Folia, sempre Tropical! Este é o 11º ano fazendo esse trabalho com muito orgulho e, neste ano, o tema foi: “O sol vai brilhar mais uma vez”. Mas, por que o sol? O sol simboliza o nascimento, a luz e a esperança, que todos nós brasileiros temos de um país melhor. Com isso, criei uma grande bandeira do Brasil desconstruída de 35 metros de largura por 11 metros de altura, que constitui a fachada do camarote. As extremidades, com os jardins verticais, representam as nossas florestas; a parte inferior, com a grande cortina d’água de fundo azul, representa os nossos rios e oceanos; e o centro, com o círculo de 18 metros de diâmetro, representa o nosso grande sol da esperança! Nos interiores do camarote, continuei explorando muita vegetação, mas, desta vez, com a pontuação das flores do girassol, que trouxeram um amarelo vibrante na decoração”.
Fachada do Folia Tropical
Fachada do Folia Tropical / Reprodução
A cada ano você desenvolve um tema diferente. Como você faz para solucionar o problema de tantos materiais construtivos e elementos decorativos descartados.
“Muito pelo contrário… Nada é descartado! Sempre me preocupei em fazer um projeto sustentável na Sapucaí, justamente pela quantidade de lixo que seria gerado. Este ano, por exemplo, toda a ferragem estrutural da fachada do ano anterior se transformou em mobiliários, que desenhei exclusivamente para o projeto. A grama sintética que cobria a área externa num ano anterior, virou o forro de teto da área vip no ano seguinte. E assim também acontece com os elementos decorativos, estou sempre reaproveitando, mudando de lugar, criando novas composições, e assim vai... Porque o Carnaval é exatamente isso: Se reinventar a cada ano para surpreender! Vários outros recursos também são utilizados para tornar o projeto ecologicamente correto, como o uso das lâmpadas econômicas de led, tintas à base de água, válvulas de duplo acionamento nas caixas acopladas das bacias sanitárias, válvulas reguladoras de pressão nos lavatórios e até talheres de material biodegradável”.
Grama sintética virou o forro de teto da área vip
Grama sintética virou o forro de teto da área vip / Igor Mota
Muitos comentam que o camarote Folia Tropical se destaca na Sapucaí por ser um camarote inclusivo. Por quê?
“Fomos o primeiro camarote no sambódromo a levar esse assunto a sério. Desde 2013, me preocupei em desenvolver um projeto com toda a acessibilidade possível, criando vãos largos, rampas, espaços reservados para idosos e pessoas com deficiência e, até mesmo, recursos voltados para pessoas com nanismo, como por exemplo, vaso sanitário mais baixo e degraus para fácil acesso ao lavatório”.
Rebeca Costa no banheiro inclusivo
Rebeca Costa no banheiro inclusivo / Reprodução
“Além disso, apesar de não ser divulgado, todos percebem claramente que o Folia Tropical valoriza - eu diria que até prioriza - as pessoas negras no evento. Este ano tivemos como cantores Teresa Cristina, Péricles, Tiee e outros… Já cantaram em anos passados Alcione, Alexandre Pires, e muitos outros!”
Atrações do Folia Tropical
Atrações do Folia Tropical / Reprodução
“Seguindo aquela percepção, este ano o Folia Tropical convidou o Del Nunes, um artista visual que retrata a periferia e a cultura afro-brasileira para enriquecer ainda mais com esses valores as paredes do camarote”.
Chef João Diamante com Rodrigo Dinelli
Chef João Diamante com Rodrigo Dinelli / Divulgação - Igor Mota
“E para finalizar, tivemos o prazer de degustar os lindos e saborosos pratos do chef João Diamante, que, além de enriquecer o camarote com sua comida, trouxe o seu projeto “Diamantes na Cozinha”, onde ele gera oportunidades para alunos que aprendem trabalhando. Por tudo isso, percebo que, a cada ano, o Folia Tropical atrai mais e mais pessoas negras para o evento, e isso me deixa muito feliz! É assim que tem que ser!”.
Drag Chloe V na festa Candybox
Drag Chloe V na festa Candybox / Reprodução
“Outro fato é que, no dia inaugural dos desfiles do grupo de acesso, o camarote recebe o nome de Candybox, uma festa LGBTQIA+ que há anos vem mostrando que aqui não tem espaço para preconceito!”.
Ao fundo, Agnes Nilsson, mãe do Ton, e seus convidados
Ao fundo, Agnes Nilsson, mãe do Ton, e seus convidados / Reprodução
Para finalizar, qual foi seu maior orgulho de fazer o projeto do Folia Tropical este ano?
“Meu maior orgulho com certeza é fazer parte dessa família que, em meio do maior espetáculo da Terra, contribui para um Brasil melhor, mais inclusivo e de mais amor! Fico orgulhoso também de poder mostrar com a minha arquitetura que qualquer espaço pode e deve ser acessível, sustentável e inclusivo! E, é claro, tenho orgulho também de poder dizer que conheci grandes nomes da música brasileira como Alceu Valença e Jorge Ben Jor!”

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