Dom Rifan comenta novo normal em tempo de pandemia: 'Temos que nos reinventar'
24/06/2020 07:46 - Atualizado em 31/07/2020 19:42
Convidado desta quarta-feira (24) da primeira edição do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, o bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney, Dom Fernando Rifan, fez uma análise das mudanças adotadas pela igreja católica durante a pandemia do novo coronavírus. Na visão do bispo, as dificuldades impostas pela pandemia exigem dos fiéis e da população em geral um processo de reinvenção.
— Nas guerras, nos períodos das pandemias, todo mundo tem que se reinventar. Pedimos que todo mundo pense nisso também. É claro que Deus não abandona a gente. Doenças, problemas, terremotos, dificuldades, maremotos, tsunamis no Japão, e o pessoal está lá, trabalhando. Então, aqui, também, temos que sair da zona de conforto para cada um fazer o que é melhor — afirmou Dom Rifan. — Eu gravo programas, faço lives, para que as pessoas tenham mais comunicação com a igreja doméstica. A igreja doméstica cresce através das transmissões, do rádio, das redes sociais. Acho que todos nós temos que saber tirar do problema uma solução. E confiar em Deus. Agora, confiar em Deus não significa que você não faça a sua parte — pontuou.
Na opinião do bispo, é necessário ter prudência em relação à reabertura das igrejas para missas públicas. Citou como exemplo a autorização para serem reabertas algumas paróquias em Bom Jesus de Itabapoana e Itaperuna, respeitando recomendações de higienização e distanciamento social, enquanto em outras cidades, como Campos, aguarda o aval das autoridades competentes, como a Prefeitura e o Ministério Público.
—Muita gente fica falando o porquê de a igreja não abrir logo. A gente tem que ter prudência. Aí vem um fanático e fala que a igreja não pode ser fonte de contaminação, porque Deus protege, Deus vai guardar a gente. Não é assim. O papa Francisco citou o exemplo dos imigrantes. Nós somos fugitivos como Jesus. Quando Herodes quis matar o Menino Jesus, o Anjo de Deus falou a São José e Nossa Senhora para que fugissem para o Egito. Alguém podia dizer: "que falta de fé é essa? Podia ter enfrentado Herodes e ficado ali". Não. "Fujam para o Egito". Mostra que tem que ter prudência — contextualizou Dom Fernando. — Prudência é a reta razão de se agir no momento certo, de modo certo. Deus não protege quem age por imprudência. Por isso, temos que tomar os remédios, usar máscaras, fugir de ocasiões de contato com as pessoas, os idosos têm que ficar em casa... A gente tem que tomar as providências que Deus colocou para nós através dos médicos — enfatizou.
Representante da ala tradicionalista do catolicismo, Dom Fernando citou a boa relação atual da Admnistração Apostólica com a Diocese de Campos como exemplo de pacificação a ser seguido na política, que vive período de acirramento nos ataques entre ativistas de direita e de esquerda.
— Existem misturas, tanto na política quanto na religião. A gente tem que ter uma coisa chamada equilíbrio.Essa é uma virtude muito importante que, traduzindo em termos cristãos, significa prudência. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. É saber equilibrar as coisas. Esse negócio de fanatismo não serve para lado nenhum — comentou.
Próximo entrevistado — Nesta quinta-feira (24), o Folha no Ar receberia o deputado federal Christino Áureo (PP), que desmarcou sua presença após ter sido diagnosticado com Covid-19.
Confira a entrevista completa:
 
 

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