Casos de Covid-19 por dia sobem em Campos após flexibilização
Aldir Sales 13/06/2020 08:36 - Atualizado em 31/07/2020 20:31
Movimento nas ruas após flexibilizção de medidas
Movimento nas ruas após flexibilizção de medidas / Genilson Pessanha
Com a escalada da pandemia de coronavírus, Campos foi uma das primeiras cidades do interior fluminense a decretar lockdown para tentar frear o avanço da doença. O bloqueio durou de 18 de maio a 1º de junho. Desde o fim da fase mais dura do isolamento, no entanto, o número de casos confirmados de Covid-19 cresceu 59,7% e a média de novos casos por dia também aumentou. Nos 14 dias anteriores, foram registrados 222 casos de coronavírus, uma média de 15,8 por dia. Durante 14 dias do bloqueio restritivo, houve 393 pacientes diagnosticados com a doença, um aumento de 57,8%. A média diária ficou em 28,1. Com base no boletim divulgado pela Prefeitura na sexta-feira (12), se passaram dez dias desde o fim do lockdown e o município contabilizou 434 novos casos, com média diária ainda maior, de 39,5 casos.
Mesmo assim, o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) adotou a flexibilização de algumas atividades econômicas não essenciais desde o dia 2 de junho.
Neste meio tempo, o maior município do interior fluminense também bateu o recorde negativo de mais casos confirmados em apenas um dia. Na última quarta-feira, foram 81 pessoas que receberam diagnostico positivo para a doença. Em 24 horas, Campos superou o total de casos confirmados de 12 municípios do Norte e Noroeste Fluminense.
Até a última sexta, Campos apresentava índice de 24 casos confirmados para cada 10 mil habitantes.
Além dos casos registrados, as mortes em decorrência do novo coronavírus também preocupam. Com 71 óbitos registrados, até o fechamento desta edição, Campos tem a maior quantidade de vítimas do Covid-19 na região.
Durante os 14 dias do lockdown, foram 18 mortes confirmadas no município. Nos 11 dias seguintes, 33 pessoas perderam a batalha para o coronavírus. O número representa um aumento de 86,8%. Vale ressaltar que os óbitos são confirmados após análise laboratorial no Rio de Janeiro, o que faz com que haja atrasos na contabilidade. Mesmo assim, os dados mostram a escalada da doença.
O número de 71 óbitos (além de 1.217 casos confirmados) coloca Campos à frente, inclusive, de cidades bem maiores, como Belo Horizonte. Com cinco vezes mais habitantes, a capital mineira possuía 66 mortes confirmadas até o fechamento desta edição.
Secretário fala em aumento no fluxo de pessoas
Com a escalada no número de mortes, também cresce o índice de letalidade, que está na casa dos 5,8% em Campos, acima da média nacional, que é de 5,1%, segundo o Ministério da Saúde. No Norte Fluminense, apenas São Francisco de Itabapoana, com 9,7, está à frente da planície goitacá. Isso significa que a cada 100 pacientes diagnosticados com coronavírus em Campos, seis morrem.
Secretário de Governo e integrante do gabinete de crise sobre a pandemia, Fábio Bastos relatou que houve aumento no fluxo de pessoas nas ruas por ser início de mês, mas que o trabalho de conscientização continua.
– Em primeiro lugar é importante destacar que Minas Gerais possui números e características diferentes do estado do Rio de Janeiro, assim como Campos é completamente diferente de Belo Horizonte. As medidas de lockdown foram assertivas para achatarmos a curva, espaço de tempo em que o município conseguiu criar mais leitos clínicos e de UTI, pois os casos com certeza seriam muito maiores, assim como proporcionalmente as complicações, com possível número maior de mortes. Na última semana houve aumento de fluxo de pessoas às ruas, por ser início de mês, mas o empenho continua no sentido de pedir às pessoas a somente saírem às ruas para o essencial. Importante mencionar que o número de testagem em campos aumentou, na rede pública e privada.
Flexibilização avaliada por semana
Desde o fim do lockdown, a Prefeitura criou um planejamento gradativo para a reabertura do comércio. O programa, chamado de “Campos daqui para frente”, é dividido em cinco fases que vai desde o lockdown total (nível 5, identificado pela cor vermelha), até o nível 1, representado pela cor branca, e que é de atenção moderada. Com base em estudos que levam em consideração a capacidade clínica de atendimento e taxa de infecção por coronavírus, as medidas serão reavaliadas semanalmente. Nas duas primeiras semanas, o município esteve no nível 4 (lockdown parcial), que permite a flexibilização de alguns setores.
De acordo com a medida, no nível de lockdown parcial, além das atividades essenciais, também estão autorizadas o funcionamento do delivery após às 23h; liberação para funcionamento de lojas de informática e comunicação (em formato take away); clínicas médicas que ofereçam consultas eletivas; escritórios de advocacia, contabilidade, agências de seguro e de planos de saúde; autorização para atividades físicas individuais.
— Estamos em um processo de flexibilização, temos que pensar no comércio, na indústria, na preservação dos empregos, mas, acima de tudo, na preservação das vidas. Todas as medidas que estamos tomando são com base científica e estatístico, de forma muito responsável. Se os números apontarem que podemos flexibilizar, vamos flexibilizar. Mas se for necessário voltar ao nível mais rígido, também faremos – disse o prefeito Rafael Diniz.

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