Mestre Marcelino Moreira entrevistado no Folha no Ar
Matheus Berriel 24/09/2019 07:38 - Atualizado em 25/09/2019 16:41
Isaías Fernandes
O professor de taekwondo Marcelino Moreira foi o entrevistado desta terça-feira (24) da primeira edição do Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Entre diversos assuntos, Marcelino ressaltou a importância da disciplina e das boas práticas no esporte.
— Houve, com o passar do tempo, uma certa degradação desses valores. Ficou mais evidente simplesmente a prática das técnicas de arte marcial. E esse lado educacional ficou um pouco à parte. Então, se essa parte de valores morais e éticos da arte marcial, seus princípios filosóficos e tudo, não for mais evidenciada, ficar mais evidente apenas o aspecto físico da arte marcial, o ser humano pode se tornar um elemento perigoso. Ele fica extremamente habilidoso, mas, mentalmente descontrolado. Isso é um perigo — disse Marcelino.
A formação do caráter foi apontada pelo mestre de taekwondo como um caráter que precisa ser mais explorado na formação de atletas de artes marciais mistas (MMA), movimento em alta principalmente devido ao sucesso do Ultimate Fighter Championship (UFC).
— Como propõe ali o programa, é o combate livre, ainda com algumas regras. Mas, ali é a luta em si, o confronto mesmo. Um aspecto que acho válido é que aqueles homens são preparados física e psicologicamente para aquele combate. Mas, eu acho que o que deixa a desejar é a formação moral. Isso deveria ser muito mais bem trabalhado. Senão, vira só um espetáculo gratuito de violência — pontuou.
Logo na parte inicial da entrevista, Marcelino lembrou sua introdução no esporte. Quando criança, tinha uma admiração por praticantes de fisiculturismo, interesse despertado através das propagandas de Joe Weider. Porém, ainda na infância, acabou praticando capoeira a partir do contato com um habilidoso capoeirista em Minas Gerais, de nome Sinclair. Em seguida, veio o karatê, praticado até o primeiro dan, e só então passou a praticar taekwondo, esporte onde foi aprendiz do mestre Woo-Jae Lee, um dos pioneiros da modalidade no Brasil.
— Saí de Minas e fui para o Rio morar na academia. Lá eu fiz toda a minha formação em taekwondo. Depois, quando cheguei à faixa preta em primeiro dan no taekwondo; levei um ano e três meses para atingir o primeiro grau, porque já tinha uma habilidade em karatê; então rapidamente avancei nas graduações. Aí ele me convidou. Inicialmente, recusei. Mas, da noite para o dia, decidi vir para Campos. E estou aqui até hoje — disse Marcelino. — Eu virei tipo um membro da família, fiquei morando na casa com ele mesmo, durante quase dois anos. Depois ele deixou Campos, foi para Vitória, e eu fiquei — explicou.
Em relação ao taekwondo, o entrevistado mencionou o elevado risco de lesões, existente em todo esporte de alto rendimento. E citou algumas modificações recentes da arte marcial:
— De 2005 para trás, os combates são (eram) muito mais aguerridos e disputados. Depois, quando o taekwondo adquiriu esse status de esporte olímpico, começou a ajustar de certa forma as regras que as lutas começaram a ficar menos disputadas, menos combativas. Aí eles inventaram depois os protetores com sensores eletrônicos, você tem que usar também as meias eletrônicas. Você não precisa de muita força. Precisa de precisão. A estratégia que os lutadores começaram a desenvolver tornou o taekwondo, de certa forma, muito ineficaz quando você visa uma situação de combate mais efetivo, mais real. Agora, existem dois taekwondos: o taekwondo WT, que ganhou status de esporte olímpico, mas existe o taekwondo ITF, da International Taekwondo Federation, que é muito mais marcial, muito mais eficaz — afirmou.
Confira aqui a entrevista:
 

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