Diferença entre Bolsonaro e Haddad ainda é a mesma apontada pelas urnas
11/10/2018 10:37 - Atualizado em 15/10/2018 17:45
Vantagem de Bolsonaro
O Datafolha divulgou ontem seu primeiro levantamento de intenções de voto no segundo turno da corrida presidencial. Líder no primeiro turno, com sufrágios de quase 50 milhões de brasileiros, Jair Bolsonaro (PSL) bateu 58% dos votos válidos na pesquisa. A vantagem sobre o concorrente, o petista Fernando Haddad, é de 16 pontos: o ex-prefeito de São Paulo ficou com 42% dos votos válidos. Ao encerramento da votação do último domingo, a diferença entre Bolsonaro e Haddad foi de quase 17%. Segundo o Datafolha, continua, percentualmente, praticamente a mesma.
Transferência
O Datafolha também aferiu o quanto a decisão de outros presidenciáveis, derrotados no primeiro turno, pode interferir no voto do segundo. A decisão do apoio de Marina Silva (Rede), que desidratou na campanha e terminou com apenas 1% dos votos válidos, só interferiria na decisão de 11%, tanto para votar no candidato, quanto para deixar de votar nele. Já o de Ciro Gomes (PDT), terceiro no primeiro turno com 12% dos votos válidos, foi considerado importante por 21%, enquanto 11% não votariam em quem ele apoiasse. O posicionamento de Marina é indiferente para 72% dos eleitores, enquanto o de Ciro é para 63%.
Voto dos tucanos
A pesquisa também apontou que, para maioria, Ciro e Marina devem apoiar Haddad. Já no caso de Geraldo Alckmin (PSDB), quarto no primeiro turno, o apoio é considerado indiferente por 69% dos entrevistados. O posicionamento do tucano a favor de um candidato levaria 14% dos eleitores a votarem nele, enquanto para 13% teria o efeito contrário. A maioria dos entrevistados aponta que Alckmin deve apoiar Bolsonaro. E se o entendimento do eleitor tucano também for esse, apoiando o ex-capitão do Exército, reverter a derrota do primeiro turno, que já é muito difícil para o candidato petista, fica quase impossível.
Novas cores
Desde a segunda-feira era possível notar nas redes sociais que parte dos anúncios de campanha de Haddad trocou o vermelho do PT pelas cores nacionais: verde, amarelo e azul. Ontem, foi anunciado que, com a entrada de Jaques Wagner na campanha, até a imagem e o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba desde 7 de abril, condenado em segunda instância na Lava Jato, foram retirados da propaganda petista no segundo turno.
Reforço
Jaques Wagner é ex-governador da Bahia, pela qual se elegeu senador no último domingo. A votação que ele deu a Haddad no estado foi a principal causa para Bolsonaro não ter liquidado a fatura ainda no primeiro turno. Antes, o líder baiano havia sido a única voz do PT que ousou questionar os ditames de Lula, ao buscar a aliança do partido com a vice na chapa de Ciro Gomes (PDT). Ciro, segundo as principais pesquisas do primeiro turno, teria mais chance de vencer um embate com Bolsonaro.
Cores de quem?
As manifestações femininas do “#EleNão” de 29 de setembro levaram muitas cores às ruas e praças do país, mas nenhum verde, amarelo ou azul. Na praça do Santíssimo Salvador, o único manifestante que apareceu com uma bandeira do Brasil chegou a ser confundido com eleitor de Bolsonaro — que aumentou consideravelmente seu voto entre as mulheres após o evento. Na polarização que ocorreu no primeiro turno, e tende ser ainda mais acirrada no segundo, levar as cores do Brasil para um ato público, da esquerda, quase gerou confusão.
Tarde demais
Por arrogância, ressentimento e desinteligência, a oposição a Bolsonaro abriu mão das cores da bandeira nacional para os militantes do capitão. E, segundo as urnas revelaram, deixaram junto o Brasil. Mesmo que Haddad agora consiga reunir o apoio de Ciro, Marina Silva (Rede) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tudo indica que é tarde demais para recuperar o país. O caminho parece bem mais longo que o próximo dia 28. E certamente mais difícil.
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