Americano em busca do paraíso
Paulo Renato Pinto Porto 13/10/2018 17:20 - Atualizado em 15/10/2018 17:43
Carlos Abreu
Carlos Abreu / Foto: Rodrigo Silveira
Se a história recente do Americano fosse retratada com base numa alegoria dos livros da Divina Comédia, de Dante Aliguieri, o Alvinegro hoje estaria no Purgatório, em busca do Paraíso, após ter percorrido os seis círculos nos recônditos do Inferno da “Segundona”, a fogueira que os implacáveis deuses do futebol reservam aos pecadores.
Pecados não faltaram ao Americano, nos anos que precederam à queda fatal em 2012, com uma sequência desastrosa de gestões administrativas, eleições eivadas de obscuras procurações e nebulosas transações, até que levaram o clube a se desfazer do Estádio Godofredo Cruz. Crime e castigo, uma vez proscrito dos céus, neste período o Americano conheceu “anjos” e demônios, viu fantasmas e assombros que lhe fizeram padecer após o precipício da queda que durou eternos seis anos até o emblemático e bem-aventurado 2018.
Depois de vagar no limbo já por três anos, eis que outro dos sete pecados capitais, a partir de um maldito áudio onde se ouvia uma suposta manipulação de resultados, fez o tormento se prolongar com a perda de pontos e a sentença de exclusão do clube da competição. Mais um ano de agonia e martírio.
O clube se redimiu este ano, com a conquista triunfal do acesso à Série A, mas não foi desta vez que o Americano conheceu o Paraíso. A madrasta Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro infligiu ao clube e seus rivais uma penitência no Purgatório da malfadada Seletiva. Entretanto, para o presidente Carlos Abreu, o Paraíso é logo ali e logo estará reservado ao Glorioso em curto tempo, com a reconquista do seu espaço na elite do futebol estadual.
— Os pecados do passado, ficaram no passado. Até porque são episódios que não ocorreram em nossa gestão. Vamos olhar para frente e pensar no futuro. Nós confiamos muito que logo chegará nosso momento de estar entre os clubes gigantes, com a conquista da Seletiva e a presença na Copa do Brasil em 2019 — disse o mandatário.
O economista Fábio Rangel, presidente do Conselho Deliberativo, compartilha do mesmo otimismo. Além do acerto do trabalho da diretoria, do técnico Josué Teixeira, comissão técnica e os jogadores, Rangel aposta também na camisa, na tradição e na saga do Alvinegro, acostumado a grandes disputas.
— O atleta que veste essa camisa sabe que por trás dela há uma história gloriosa que nos guia para outras grandes conquistas. Poucos clubes têm um inédito no campeonato campista, na história do futebol; a nossa inserção triunfal nas disputas nacionais, com a vitória inesquecível da estreia sobre o Santos, no Godofredo Cruz, por 2 a 1, gols de Rangel e Paulo Roberto; o vice-campeonato da Taça Guanabara, em 1980; o acesso à Taça de Ouro, em 1983; a conquista do Módulo Azul (Brasileiro da Série C), o título de Campeão Brasileiro de Seleções (representando nosso Estado), ambos em 1987; a Taça Guanabara em 2002. Toda essa série de conquistas faz a grandeza do Americano. Logo seu espaço será o mesmo ocupado pelos os gigantes do futebol brasileiro. Em breve o Paraíso será nosso lugar e o Céu será o limite — concluiu.
No caso do Paraíso dantesco, são representados corpos celestes ou, conforme Dante, “céus de estrelas”. Entre elas, as nove estrelas de ouro que emolduram o escudo alvinegro.

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