"10 Segundos Para Vencer" estreia nos cinemas
26/09/2018 18:19 - Atualizado em 28/09/2018 17:44
O filme brasileiro “10 Segundos Para Vencer”, dirigido por José Alvarenga Jr. e que conta a história do pugilista Éder Jofre, é o destaque entre as estreias da semana nos cinemas de Campos dos Goytacazes.
Setores da crítica especializada observam que são comuns filmes sobre esportistas, mas no Brasil nem tanto. Eis que chega “10 Segundos para Vencer” que adapta a história de Éder Jofre, primeiro brasileiro a entrar no Hall da Fama do Boxe em 1992.
Divulgação
São quase cinco décadas antes quando o jovem Éder ainda sonhava em ser desenhista. Enquanto isso, seu pai, o treinador argentino Kid Jofre (Osmar Prado), preparava Waldemar Zumbano (Ricardo Gelli) para lutarem na América. Zumbano, no entanto, teve problemas com a bebida e estragou suas chances de lutar no exterior após uma violenta briga de bar. Quando os sonhos de Kid pareciam arruinados, Éder se levanta à ocasião e pede ao pai que o transforme em seu novo campeão.
Uma década se passa após esse prólogo e Éder (Daniel de Oliveira), já adulto e bem treinado, se vê diante da possibilidade de estudar Arquitetura no exterior. O rapaz, no entanto, decide agradar a Kid e larga a oportunidade para manter a prática no boxe, assumindo treinamentos cada vez mais intensos para chegar à América. Chegando lá, emplaca uma série de lutas e se torna campeão, até que um dia sucumbe à pressão do título e dos intensos treinamentos. Casado e com um filho a caminho, escolhe a vida pessoal e decide se aposentar do boxe aos 30 anos.
Como muitos devem saber, a carreira de Éder no boxe não parou por aí, e “10 Segundos Para Vencer” vai além e retrata seu retorno ao esporte, deixando a sensação de que são dois filmes em um. O primeiro é muito mais inocente na convicção do protagonista, quase como um filme de herói ao apresentar o ringue como um espaço ocupado por deuses — antes de Éder subir no tablado, a câmera sempre enquadra as lutas de baixo para cima, exaltando os outros lutadores. Mesmo quando sofre para se tornar campeão, o longa mostra o esforço do protagonista de maneira romantizada.
O segundo filme, no entanto, tem menos paixão. Retratando os meses finais da aposentadoria de Éder, mostra um homem cansado e abatido pela pressão que veio com sua fama. É interessante ver que seu maior sonho se transformou, por um momento, em um pesadelo, criando uma dinâmica diferente da habitual nos filmes de esporte. Kid continua a tentar convencê-lo a voltar a ser o “Galinho de Ouro” que botou o Brasil no mapa do boxe, porém faz isso com a mesma rispidez de sempre. Desempregado, Éder deve lutar contra seu medo da pressão para recobrar a reputação nos ringues.
Escrito por Thomas Stavros e Patrícia Andrade, o roteiro deixa a impressão de que essa história funcionaria melhor em um formato mais longo, e não causaria espanto caso “10 Segundos Para Vencer” ganhasse uma versão em minissérie na TV. Como um longa-metragem de quase duas horas, a primeira parte do triunfo tem mais tempo de tela que a segunda, focada na decadência, o que consequentemente deixa a volta por cima de Éder muito corrida. O roteiro faz um ótimo trabalho de nos convencer da pressão imposta por seu pai e de seu desejo por uma vida pessoal tranquila, e por isso mesmo é difícil comprá-lo fazendo as pazes com essas questões em tão pouco tempo.
Ainda assim, “10 Segundos Para Vencer” tem uma grande carta na manga, ou melhor, duas: Daniel de Oliveira e Osmar Prado. Poucos intérpretes são tão gostáveis quanto de Oliveira, e seu tom dócil é perfeitamente adequado para o jovem Éder, um sonhador. O ator também convence na segunda fase, com um semblante mais abatido. Prado, por sua vez, domina um papel delicado e cheio de camadas, tornando Kid intimidador sem nunca deixá-lo vilanesco. Sem uma entrega tão afinada quanto a de Prado, merecidamente premiado no Festival de Gramado pelo papel, o personagem poderia ter caído na caricatura.
Com a direção ágil de Alvarenga Jr., fotografia caprichada de Lula Carvalho e um design de produção convincente de Cláudio Domingos, “10 Segundos Para Vencer” não faz feio ao lado de produções gringas do boxe. O ótimo trabalho geral de som, por sua vez, faz com que cada soco tenha impacto, o que deve satisfazer os aficionados pelo esporte. Ignorando os problemas estruturais do roteiro, além de uma representação caricatural dos norte-americanos, é um veículo sólido para a história de Éder Jofre, elevado pelos talentos de Daniel de Oliveira e Osmar Prado.
Entram também em cartaz “Pé Pequeno”, “O Que de Verdade Importa” e “Sansão”. Continuam em exibição “Crô em Família”, “A Freira”, “O Candidato Honesto 2”, “O Mistério do Relógio na Parede”, “Um Pequeno Favor”, “Buscando...” e “O Predador”. (A.N.) (C.C.F.)

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