Governo federal coloca PF à disposição para investigar assassinato de vereadora carioca
15/03/2018 14:03 - Atualizado em 20/03/2018 14:32
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, pediu à Polícia Federal para entrar nas investigações sobre o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), 38 anos. Ele irá ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira (15) para acompanhar pessoalmente o caso e tomar as providências necessárias. Ainda na noite de quarta-feira (14), Jungmann conversou com o interventor federal na Segurança no Rio, general Braga Netto, e colocou a PF à disposição. Em todo o país haverá atos em protesto ao assassinato da parlamentar. Em Campos, estudantes da UFF marcaram uma mobilização para  as 18h desta quinta, na sede da universidade. A vereadora e o motorista Anderson Pedro Gomes, que também foi morto no atentado, foram velados na Câmara do Rio. 
Velório
- O corpo de Marielle está sendo velado na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia. Amigos, ativistas e companheiros de política participaram, nesta quinta-feira, de um ato em homenagem à vereadora em frente à Câmara Municipal. Durante o ato, os manifestantes pediram punição aos responsáveis pela morte.
Com girassóis em punho e uma faixa preta em sinal de luto, parlamentares de diversos partidos também homenagearam, em sessão solene da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira, a vereadora Marielle Franco e o motorista dela Anderson Gomes.
O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que a morte de Marielle fere a democracia, os direitos humanos, a juventude e as mulheres. Ele disse esperar que a polícia apure o crime e descubra os responsáveis. “Temos um mês de intervenção e um crime bárbaro desses, num local visível, cheio de unidades do poder público por ali, numa rua larga, iluminada. É insegurança total. Esses grupos mafiosos, grupos de extermínio, parece que quiseram dar uma demonstração de força”, disse o deputado, que é integrante da Comissão Externa da Intervenção Federal no Rio da Câmara dos Deputados.
Também deputado federal do mesmo partido de Marielle, Glauber Braga (RJ) disse que já foi solicitada uma reunião com o interventor federal na segurança do Rio, general Braga Netto, para tratar do assunto. A comissão já tinha uma reunião agendada com Braga Netto para a próxima segunda-feira (19), mas há a possibilidade de o encontro ser antecipado para esta sexta-feira (16).
O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa, afirmou que a polícia vai adotar todas as medidas “possíveis e impossíveis” para dar uma resposta ao assassinato da vereadora e de seu motorista. Segundo o delegado, o crime é gravíssimo e atenta contra a democracia. “Estamos diante de um caso extremamente grave e que atenta contra a dignidade da pessoa humana e contra a democracia”, afirmou Barbosa. Ele disse que aceitará ajuda das instituições que estiverem dispostas a colaborar, mas destacou que a Polícia Civil tem condições de solucionar o caso.
  • Câmara dos Deputados realiza sessão solene

    Câmara dos Deputados realiza sessão solene

  • Câmara dos Deputados realiza sessão solene

    Câmara dos Deputados realiza sessão solene

De acordo com Barbosa, as informações já levantadas na investigação estão sob sigilo, e nenhuma hipótese de investigação está descartada, inclusive a de se tratar de um caso de execução.
Diversas entidades e autoridades se pronunciaram sobre a morte da vereadora carioca. A Ordem dos Advogados do Brasil seccional Rio de Janeiro (OAB-RJ), a Anistia Internacional e o PSOL pediram investigações imediatas e rigorosas do crime.
O presidente Michel Temer disse que o assassinato da vereadora e de seu motorista é “inaceitável” e “inadmissível”. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Temer ainda classificou o crime como um “atentado ao Estado de Direito e à democracia”. Ele afirmou que o governo vai acompanhar as investigações e quer solucionar “no menor prazo possível”.
— O assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, é inaceitável, inadmissível, como todos os demais assassinatos que ocorreram no Rio de Janeiro. É um verdadeiro atentado ao Estado de Direito e um atentado à democracia. No particular, no caso especial, que estamos aqui discutindo, trata-se de um assassinato de uma representante popular, que ao que sei, fazia manifestações, trabalhos, com vistas a preservar a paz e a tranquilidade na cidade do Rio de Janeiro — declarou Temer.
  • Homenagens ao motorista e à vereadora Marielle Franco

    Homenagens ao motorista e à vereadora Marielle Franco

  • Homenagens ao motorista e à vereadora Marielle Franco

    Homenagens ao motorista e à vereadora Marielle Franco

Temer disse que a intervenção federal decretada pelo governo na segurança do Rio de Janeiro visa “acabar com esse banditismo desenfreado que se instalou na cidade por força das organizações criminosas”. “Eu quero não só me solidarizar com a família da Marielle e do Anderson Gomes, me solidarizar com todos aqueles que foram vítimas de violência no Rio de Janeiro, mas, salientar que essas quadrilhas organizadas, essas organizações criminosas não matarão o nosso futuro. Nós estamos ali no Rio de Janeiro para restabelecer a paz, para restabelecer a tranquilidade”, acrescentou.
Por meio de nota, o Gabinete da Intervenção informou que o general Braga Netto repudia as ações criminosas como a que culminou na morte da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, motorista da vereadora. “Ele se solidariza com as famílias e amigos. O interventor federal acompanha o caso em contato permanente com o secretário de Estado de Segurança”, diz a nota do Gabinete de Intervenção.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Fux, abriu a sessão ordinária da Corte nesta quinta-feira expressando “profundo pesar” da Justiça Eleitoral pelo assassinato. Em nome da Justiça Eleitoral, Fux disse que todos “que velam pela higidez do processo democrático” ficaram “chocados que no mundo de hoje se tente calar a voz da política com uma atitude que demonstra um baixíssimo déficit civilizatório nesse campo”.
— Nesses momentos a sociedade sofre muito, mas a sociedade não se cala nem há de se calar. Nós aqui, em nome de todos os colegas [magistrados], das bancas [de advocacia] e dos eleitores, gostaríamos de manifestar profundo pesar pela trágica morte dessa vereadora — disse.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes “significa um trágico avanço na escalada da barbárie que deve ser contida custe o que custar”. Em sua conta no Facebook, Maia prestou solidariedade às famílias e acrescentou que exige, junto com os parentes das vítimas, justiça e paz. “Justiça para conter os autores dessa execução e paz para a sociedade carioca e brasileira”, concluiu.
O Ministério dos Direitos Humanos expressou tristeza e pesar pela morte da vereadora Marielle Franco, 38 anos. O ministro Gustavo Rocha e Observario vão se reunir na tarde desta quinta-feira com o interventor federal na Segurança Pública do Rio, general Braga Netto, no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, para reforçar o pedido de rigor nas investigações do crime. Todo o aparato do Observario e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos estão mobilizados para acompanhar o caso.
Homenagem — O prefeito Marcelo Crivella anunciou hoje (15) que dará o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL) a uma escola municipal em Pedra de Guaratiba, na zona oeste do Rio. A parlamentar foi assassinada na noite passada (14) no Estácio, região central da cidade. Também foi baleado e morreu o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes.
O crime — A vereadora e o motorista que conduzia o veículo em que ela estava com uma assessora foram assassinados a tiros na noite dessa quarta-feira, no Centro do Rio de Janeiro. Marielle foi assassinada com quatro tiros na cabeça, quando ia para casa, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, retornando de um evento ligado ao movimento negro, na Lapa. A parlamentar viajava no banco de trás do carro, quando os criminosos emparelharam com o carro da vítima e atiraram nove vezes.
A assessora parlamentar de Marielle, que ia no banco do carona, ao lado do motorista, sofreu apenas ferimentos de estilhaços de vidro, foi medicada no Hospital Souza Aguiar e liberada. Ela passou a madrugada prestando depoimento na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca.

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