Olhares políticos sobre Marcão
Aluysio Abreu Barbosa 27/02/2018 10:24 - Atualizado em 28/02/2018 16:56
Folha da Manhã
“Para mim, não interfere quem vai ser o candidato da máquina. Independente de quem for o candidato, eu vou fazer oposição ao modelo de gestão do governo Rafael”. Esta foi a reação de Wladimir Garotinho (PR) à troca do empresário César Tinoco (PPS) pelo vereador Marcão Gomes (Rede) como pré-candidato do governo de Campos a deputado federal. A novidade foi anunciada na coluna “Ponto Final”, na edição do último domingo (25) da Folha da Manhã. Também pré-candidato a deputado federal e apontado como principal alvo da mudança governista, Wladimir não foi o único a se posicionar à Folha sobre ela:
— Marcão é uma liderança política consolidada, tem uma formação importante, foi vereador duas vezes e é presidente da Câmara. A história dele lembra, inclusive, a minha, que também fui vereador duas vezes, conquistei a presidência da Câmara no segundo mandato, me elegi deputado federal e não saí mais. Temos que bater na tecla da regionalização do voto para deputado. Marcão é habilidoso. Vai saber colocar as questões de Campos e da região acima dos interesses partidários. Como Marcelo (Mérida, PSD) também. São pessoas de bom nível — opinou o deputado federal Paulo Feijó (PR), do mesmo partido de Wladimir, mas cujo apoio é disputado por Marcão e Mérida.
Citado por Feijó, o presidente da Federação Fluminense das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) e também pré-candidato a deputado federal se posicionou sobre a troca governista na disputa do mesmo cargo:
— Acho que César e Marcão têm legitimidade e conteúdo para postular uma candidatura a deputado federal. O que nós temos que fazer é promover o debate de propostas para recuperar economicamente Campos, região, o Estado do Rio e o Brasil. Temos que discutir soluções e nisto a CDL se encaixa, sem ideologias radicais. O eixo tem que ser o desenvolvimento econômico, que passa pelo fortalecimento dos empregadores, das pequenas e microempresas. As CDLs estão empenhadas para derrubar o veto presidencial ao Refis para as pequenas e microempresas. Hoje, 95% dos nossos associados são pequenos e microempresários — pregou Marcelo Mérida.
Outro que opinou sobre as definições do grupo político do prefeito de Campos para as eleições de outubro foi o petroleiro e também pré-candidato a deputado federal José Maria Rangel (PT):
— Quando colocamos nossa pré-candidatura foi para discutir o país, os rumos do país. Para mim, tanto faz se vai vir Marcão ou Cesinha. Parece que a decisão do governo é definir alguém para enfrentar Wladimir. Mais parece birra. Vão colocar o Marcão porque ele tem mais competitividade. Tem também o Marcelo Mérida, candidato da CDL, que apoiou o “golpe”, o impeachment de Dilma. E a gente vê a situação em que o país está. Estou muito animado em fazer essa discussão com a sociedade. Tenho certeza que nossa pré-candidatura vai surpreender. E de maneira positiva — observou o dirigente do Sindipetro-NF.
Também petroleiro e petista, presidente municipal da legenda pela qual Marcão se elegeu vereador pela primeira vez, Rafael Crespo analisou a mudança governista:
— Antes dessa troca, a dobrada César/Marcão era a lógica do governo para fazer contraponto à família Garotinho. Esta pode vir de Wladimir/Bruno, mas ainda tem que definir se Clarissa (PRB) não vai vir a estadual. Quanto a Marcão, quando a gente olha para 2016, vai ver que ele hoje já não tem o mesmo apoio, diante de todo o desgaste do governo na sociedade. Temos que considerar também a dificuldade histórica de ter eleitor fora do município, que só aqui pode render no máximo uns 15 mil votos. E Marcão é pouco conhecido fora de Campos. Mas se ele não conseguir se eleger, pode ser um revés ao grupo do governo para 2020. O PT terá um candidato próprio a deputado federal: José Maria Rangel, uma terceira via à esquerda, que também terá uma mais ao centro e à direita em Marcelo Mérida. Essa pluralidade é boa para a democracia, mas também há o risco de se pulverizar os votos. Quem quiser vencer, não pode ser candidato de um só município — alertou o presidente do PT em Campos.
Experiente vereador, ex-presidente do legislativo goitacá e hoje integrando o bloco “independente” do G-5, Marcos Bacellar (PDT) também analisou a troca de César por Marcão:
— Acho que Marcão tem mais disposição. Já foi testado nas urnas diversas vezes e hoje é presidente da Câmara. Vai ser uma disputa boa: ele e Wladimir. Hoje Marcão tem um desgaste muito grande por conta do governo Rafael, com corte dos programas sociais, crise do transporte coletivo, falta de dinheiro e aumento da carga tributária. Já houve a grita com a taxa de iluminação pública, que vai ser ainda maior no IPTU. Mas isso vai passar, a arrecadação vai aumentar, há a projeção de aumento dos royalties e o governo deve melhorar a partir de junho, julho. Melhorando as finanças, voltam os programas sociais e a popularidade aumenta. Marcão é representante do governo, mas também do Poder Legislativo. Acho que ele tem grande chance de se eleger. Eu vou apoiar meu filho (Rodrigo Bacellar), que vai concorrer a deputado estadual pelo Solidariedade e dobrar com Áureo, deputado federal do partido.

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