Linhas da São Salvador ainda sem ônibus do consórcio Planície e Rogil
Paula Vigneron e Jéssica Felipe 27/02/2018 14:59 - Atualizado em 28/02/2018 10:00
Ônibus do consórcio União circulam nesta terça
Ônibus do consórcio União circulam nesta terça / Paulo Pinheiro
Um dia após o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) de Campos oferecer as linhas do consórcio União para as empresas do grupo Planície e Rogil, devido ao não cumprimento de regularizações, os ônibus das empresas Cordeiro, Turisguá e Siqueira, que compõem o Consórcio União, circularam normalmente. No entanto, a frota da São Salvador, também integrante do União, não tem circulado desde a última segunda-feira. O IMTT informou que o consórcio Planície e a Rogil teriam até o final desta terça-feira para responder sobre o atendimento às linhas deficitárias. Até o fechamento desta edição, não havia definição sobre quem iria assumir as linhas do União. O órgão não descartou acionar outras empresas de forma emergencial, caso as empresas não tenham interesse. Enquanto há esse impasse, os moradores do município, principalmente os que vivem na Baixada Campista, sofrem as consequências.
De acordo com o IMTT, as linhas que apresentam problema são as que saem da rodoviária Roberto Silveira com destino à Farol de São Thomé, Furadinho, Tócos, Córrego Fundo, Correnteza, Beira do Taí, Capela São Pedro, Baixa Grande, Ponta Grossa, Quixaba, São Martinho e São Sebastião. Também foram registradas irregularidades nas linhas que saem do Centro para os bairros Parque Saraiva, Parque Imperial, Penha, Penha (via Estância), Goitacazes, Fazendinha, Donana, Capão, Carvão e Bugalho. Entre os problemas apresentados nas linhas estão descumprimento de horários, frequência e itinerários, além de desrespeito à gratuidade de estudantes e idosos; entre outras irregularidades.
Morador de Tócos, o estudante Lucas do Espírito Santo, de 17 anos, explicou que a localidade conta apenas com três vans, que não conseguem cumprir a demanda da população. Segundo o adolescente, as pessoas estão sendo prejudicadas em escolas e trabalhos. “Eu, por exemplo, não consegui ir para a escola porque as vans passavam todas lotadas. Não teve ônibus nenhum. Só no ponto, fiquei por mais de uma hora na espera de conseguir algum transporte, mas tive que retornar para casa e faltar um dia letivo”, contou.
A cabeleireira Rita Cristina Gomes, de 54 anos, mora e trabalha em Farol de São Thomé, mas precisa se deslocar até o Centro do município para comprar seu material de trabalho e também sofre com a falta de ônibus, cuja linha é de responsabilidade da empresa São Salvador. “Moro e trabalho no Farol, mas tenho que vir ao Centro comprar material e pagar minhas contas, três, quatro vezes por semana. Minha mãe depende de médico e eu tenho que trazer ela também. Estamos recorrendo às vans porque estamos sem ônibus e não sabemos como vai ficar essa decisão aí”, disse.
Na última segunda-feira, o Portal Transporte Coletivo de Campos dos Goytacazes fez uma postagem de um texto, assinado por uma pessoa identificada apenas como João, que seria gestor da São Salvador e estaria deixando a administração. A publicação informa que “os gestores comunicaram a saída da empresa a um grupo de funcionários, com a possibilidade de os antigos administradores voltarem a comandar”.
O texto diz, ainda, que “a empresa vem à beira do abismo, completamente sem fôlego, meses de salários dos funcionários atrasados, sem ferramentas de trabalho (eram apenas 6 carros), impostos que, há anos, deixam de ser recolhidos, FGTS sem ser depositado como deveria, um controle que não existia, funcionários que pegavam pneus no lixão, frisavam e passavam para empresa por valores de recauchutados...”.
Questionado sobre a aceitação das linhas, o consórcio Planície respondeu que foi notificado sobre o assunto nesta terça-feira e que se pronunciaria nesta quarta sobre o assunto. Já o representante da Rogil, Gilson Menezes, que também é presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setranspas) de Campos, foi procurado, sem êxito. A equipe de reportagem também entrou em contato com representante do Consórcio União, que não quis se pronunciar.
A Prefeitura de Campos ressaltou, em nota, que caso as empresas não tenham interesse, outras medidas serão tomadas pelo IMTT, a partir de hoje. Entre as medidas estão, acionar outras empresas de forma emergencial.
Usuários do transporte público cobram:
Laura Barreto
Laura Barreto / Antonio Leudo
"Moro no Braga e estou vindo todo dia de van, porque não tem mais ônibus. Está complicado porque antes a gente vinha de graça e agora eu e minhas amigas estamos pagando. Muita gente não tem condição e acaba nem indo para a aula".
Laura Barreto, 17 anos, estudante do Ensino Médio
Joana Veiga
Joana Veiga / Antonio Leudo
Eu não estou indo estudar porque as vans passam lotadas e eu tenho medo de ficar aqui em Campos. As vans passam até 21h e meu curso acaba quase 22h. Não pensam na população. Está difícil. Será que vai mudar com outra empresa?
 Joana Veiga, 22 anos, aluna de Técnico em Enfermagem
Terezinha Cardozo
Terezinha Cardozo / Antonio Leudo
Moro no Lagamar e está sem ônibus nenhum. A van é R$ 5 e a gente vem super lotado. Estou vindo uma vez na semana, mas vou ter que vir duas vezes para um tratamento com meu filho. Geralmente ficamos três, quatro horas na fila.
Terezinha Cardozo Araújo, 40 anos, dona de casa
Simone Pereira
Simone Pereira / Antonio Leudo
Tenho um comércio em Farol e tenho que vir quatro vezes na semana, mais ou menos, para acerto de boleto. Não temos condições dentro de Farol e nem para chegar a Campos. Mesmo com as dificuldades, com ônibus era bem melhor.
Simone Pereira Monteiro, 45 anos, comerciante
Evandro dos Santos
Evandro dos Santos / Antonio Leudo
Estou indo para Farol hoje (terça) porque amanhã (hoje, quarta) tenho um embarque previsto. Estou ligando para a empresa para ver o que podem fazer porque vou chegar atrasado. No ônibus eu tinha atraso também, mas na van não dá pra todo mundo.
Evandro dos Santos, 33 anos, auxiliar administrativo
Leonardo Nunes
Leonardo Nunes / Antonio Leudo
Trabalho no Centro e moro em Baixa Grande. Venho todo dia e estou levando mais de uma hora e meia, quase duas horas. Para ir embora é pior. Tem dia que chego até 22h. Com ônibus, não tem esse fluxo de gente. Se mudar, tem que ser para melhor
Leonardo Nunes, 23 anos, ajudante de manutenção

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