Jonas confirma mesada no TCE
21/02/2018 21:18 - Atualizado em 22/02/2018 14:14
Jonas Lopes
Jonas Lopes / Divulgação
O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jonas Lopes de Carvalho Júnior, prestou depoimento nesta quarta-feira ao juiz Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro. Indicado para ocupar um cargo no órgão em 2000 pelo então governador Anthony Garotinho, Jonas confirmou que cinco de seis conselheiros da antiga composição da Corte receberam “mesadas” da Fetranspor para fazer “vista grossa” nos processos relativos às empresas de ônibus. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) este seria um dos esquemas de corrupção mais antigos do estado do Rio de Janeiro, passando por vários governos.
Segundo Jonas Lopes, o acordo foi feito em uma reunião na casa de Jorge Picciani (PMDB), então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), afastado depois que foi preso no âmbito da operação Cadeia Velha, junto com o seu antecessor, Paulo Melo (PMDB), e o então líder do Governo na Alerj, Edson Albertassi (PMDB), acusados de beneficiar empresários do setor do transporte no Legislativo.
O convite teria sido feito depois do TRE determinar que a Fetranspor devolvesse R$ 90 milhões retidos de créditos expirados do Bilhete Único. O Ministério Público Federal suspeita que Picciani fosse beneficiário deste crédito. “Passado um tempo, recebo ligação do presidente da Assembleia, Jorge Picciani me convidando para uma reunião na casa dele. Me informou que estaria na reunião o José Lavouras (ex-conselheiro da Fetranspor)”, destacou Jonas Lopes, que continuou: “Eles ponderaram (sobre o pedido do TCE), e eu disse que não voltaria atrás na decisão. Ele, Lavouras, fez oferecimento com ajuda do Picciani, numa conversa a três, de pagar um valor ao Tribunal de Contas para que tivesse ‘boa vontade’ com os processos do setor de transportes. Falei que o acordo não implicava voltar atrás em alguma decisão”, afirmou.
O ex-presidente do TCE disse que a mesada acertada foi de R$ 70 mil a seis conselheiros, com exceção de uma. Os valores, ainda de acordo com ele, eram operados por Lélis Teixeira e pagos ao filho de Jonas, o advogado Jonas Lopes Carvalho Neto.
Carvalho afirmou ainda que, em 2015, foi chamado para uma reunião com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o então secretário de transportes e atual deputado estadual Carlos Roberto Osório (antes no PMDB, hoje no PSDB) e o então procurador Leonardo Espíndola. O tema teria sido o arquivamento da investigação do TCE sobre os créditos expirados do Bilhete Único.
De acordo com o MPF, até R$ 500 milhões teriam sido desviados para os bolsos de empresários, agentes públicos, políticos e órgãos de fiscalização durante o período em que o esquema aconteceu. Jonas Lopes fechou acordo de delação premiada com o MPF no ano passado, que deu origem a operação Quinto do Ouro, que revelou recebimento de propina por membros do TCE. Ele foi afastado do cargo e, na sequência, o ex-presidente da Corte pediu aposentadoria e definitivamente foi afastado, recebendo o salário normalmente. (A.S.) (A.N.)

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