Mar avança com preocupação
Jéssica Felipe 22/07/2017 10:25 - Atualizado em 25/07/2017 15:57
Avanço do Mar em Atafona
Avanço do Mar em Atafona / Paulo Pinheiro
A maré voltou a subir em Atafona. A Defesa Civil de São João da Barra retornou com os sacos de areia para a contenção. Pescadores temem que num futuro bem próximo, tenham que descarregar seus barcos no município de Macaé, por não conseguirem atracá-los na região dos frigoríficos. A solução para o problema já foi mapeada com o projeto de contenção da orla, que ainda não saiu do papel. A Prefeitura afirma não ter recursos disponíveis para executar o projeto, mas tem buscado recursos federais para a obra.
A cena dos sacos de areia voltou a aparecer na Baixada de Atafona na manhã dessa sexta-feira (21). Para moradores do Pontal, a medida não traz resultados satisfatórios. A oscilação da maré não esconde o problema do assoreamento, afirma Mariane Pereira, filha de pescador. “Ontem (quinta-feira), meu pai ficou com o barco preso nessa região, precisando de ajuda tarde da noite. Barcos pequenos ainda conseguem romper, mas os maiores passam por muita dificuldade, mesmo com maré alta. Realmente, meu pai acredita ter que partir para descarregar em Macaé, se a situação continuar assim”, contou.
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A dona de casa Odinéia Gonçalves, de 34 anos, também compartilhou sua preocupação. “É muita preocupação a cada maré alta, em todo dia que tem alerta de ressaca. O mar já avança há muitos anos, mas tenho a impressão que está cada vez mais rápido. Nunca imaginei ver as ondas quebrando aqui, nos fundos de casa, batendo nos frigoríficos, onde antes era só o rio. O mais triste é ver o tempo passar e nada ser feito. Só sacos de areia não vão resolver nada. Tem que sair logo esse quebra-mar”, disse.
Para os pescadores, como conta Janilson Pedra, de 34 anos, a situação fica pior. “Para nós que moramos aqui e somos pescadores, a situação é muito mais complicada. Primeiro, porque podemos perder nossas casas, ver nossos amigos e familiares na mesma situação. É ver parte da nossa história ir embora com o mar. Tem também o assoreamento do rio, com canal de navegação cada vez mais fechado. A gente vai para o mar e não sabe se, na volta, vai conseguir passar pela boca da barra”, ressaltou.
A auxiliar administrativa Sirlea Santos, de 39 anos, lembrou da história da Atafona. “A preocupação com o avanço do mar hoje vai além de casas sendo destruídas. Eu cresci em Atafona, e continuo até hoje. Só moro um pouco distante da praia por causa do avanço do mar. São histórias de vida, sendo engolidas ao longo de anos e não se vê interesse dos órgãos que recebem verbas para esse tipo de problemas”, comentou.
O coordenador da Defesa Civil de SJB, Adriano Assis, explicou que os sacos de areia são apenas uma medida paliativa para não deixar que o mar cause mais estragos. Ele ressaltou que o monitoramento segue 24 horas por dia na praia.
“SOS Atafona” mobiliza ação na Defensoria
Após o novo avanço do mar, o movimento “SOS Atafona” anunciou que entrará com uma ação junto à Defensoria Pública, para propor ações civis coletivas públicas e coletivas para obrigatoriedade do decreto de calamidade pública, além de outras medidas.
— Ingressamos em juízo com uma ação de preceito cominatório, pedindo o cumprimento de uma lei federal que assegura a todo cidadão brasileiro o acesso ao mar. Isso ainda está na dependência de ser julgada, dado a que o magistrado não impulsiona o feito devidamente. Mas, estamos insistindo. Na outra ponta, conectamos nossa atividade ao grupo pesqueiro, já agora visando à recuperação global da praia, o que envolve a dragagem da foz e o engordamento da praia, como foi feito em Marataízes — dizia comunicado emitido.
Para o advogado Geraldo Machado, integrante do movimento, só com essa medida o Poder Executivo remanejará as verbas e atenderá as demandas mais urgentes do município. “ O que a gente quer é o mais junto e deve ser o objetivo de todos”, disse ele. 

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