Fábio Ribeiro: Nossa história, nosso futuro
- Atualizado em 18/05/2021 16:45
Divulgação
Sem conhecimento de sua origem, um povo fica à deriva de sua identidade. Venho defendendo a necessidade do resgate de nossa história para o desenvolvimento socioeconômico de Campos. Nessa terça-feira (18), em evento pelos 20 anos do Arquivo Público Municipal, pude frisar a importância dessa grande instituição para o aproveitamento do turismo histórico em nosso município, uma potencialidade pós Covid-19. Principal fonte de pesquisa acerca de nossa memória coletiva, agregando diferentes materiais documentais de todos os períodos do município e região, o Arquivo Público é também parte de minha memória afetiva. Há 21 anos, diretor de Administração e Finanças da Fundação Estadual do Norte Fluminense (Fenorte), acompanhei sua criação.
A Fenorte apoiou a parceria da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) com a Prefeitura para a implantação, sob a supervisão do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (Aperj), do Arquivo Público de Campos no Solar do Colégio, a mais antiga e maior edificação histórica em alvenaria do Norte Fluminense. Construído pelos padres da Companhia de Jesus no século XVII, o solar, que apresentava elementos afros e indígenas em parte da sua arquitetura, virou sede de uma das maiores fazendas escravistas do Brasil, no século XIX. Ali foi instalado o primeiro hospital da região, destinado ao atendimento dos escravos. No século XX, o engenho de cana-de-açúcar foi transferido para Tócos e o solar tombado em 1946, a partir de uma campanha do pesquisador e memorialista Alberto Lamego, sendo reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como exemplar da arquitetura jesuítica e portuguesa da época. Em 77, foi desapropriado pelo Estado.
O patrimônio histórico-arquitetônico foi cedido pelo governador Anthony Garotinho em 2000, para abrigar o Arquivo Público Municipal, criado oficialmente pela Lei nº 7.060/2001, do ex-vereador Dr. Edson Batista. Na inauguração, me emocionei ao ouvir o Hino de Campos e me vi sensibilizado com a importância de cultivar nossa história, tanto pelo aspecto cultural como pelo econômico. Desde então, muito pouco foi feito nesse sentido. Hoje, com a crise pela qual passamos e Campos precisando se reinventar, entendo a fomentação do turismo histórico como primordial. Temos monumentos históricos espalhados por todo o município e essa polarização demonstra não só a riqueza de nossa história, como também, com treinamento e qualificação de mão de obra, o potencial para a geração de empregos e o desenvolvimento de vários distritos e bairros. Nilo Peçanha, quando presidente da República, destacava a importância da academia para as descobertas e invenções, frisando, porém, que o conhecimento resultaria vazio se dele não se valesse a força do trabalho.

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