Desmontagem do Hospital de Campanha próximo da conclusão
26/08/2020 18:27 - Atualizado em 26/08/2020 18:44
Genilson Pessanha
Se por um lado o hospital estadual de campanha em Campos, que iria ser utilizado para atendimento de pacientes com Covid-19, levou mais de dois meses para ser instalado na área da antiga Vasa, na avenida 28 de Março, o desmonte da estrutura, que nunca foi utilizada, segue a todo vapor. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o processo de desmonte iniciou último dia 19 restando somente a retirada da tenda e alguns mobiliários.
Na tarde desta quarta-feira (26), a gerente comercial Helena Batista Fernandes, de 38 anos, moradora do parque São Caetano, passou pelo local e apontou a má aplicação dos recursos públicos na saúde. "É inacreditável que em um momento como esse, de pandemia, nos depararmos com esse descaso. Enquanto isso, nos postos de saúde faltam profissionais e insumos básicos. O problema é a má gestão e quem sobre é a população", declarou. 
A SES informou também que o desmonte do hospital de campanha de Nova Friburgo foi iniciado esta semana, e que os equipamentos médico-hospitalares serão distribuídos entre unidades das redes estadual e municipais. Não há prazo para conclusão do desmonte.
Sobre o hospital de campanha de Casimiro de Abreu, para conclusão do desmonte falta apenas a retirada da tenda, que é de responsabilidade do fornecedor. Os equipamentos também foram direcionados a unidades estaduais e municipais.
Por fim, a pasta informou que a atual estratégia referente à Covid-19 abrange a pactuação de leitos nos municípios e suporte operacional com profissionais, equipamentos e outros insumos, aproveitando as estruturas já existentes. Também está prevista a contratação de leitos em hospitais particulares, caso seja necessário.
O processo de desmonte segue nos mesmos moldes da montagem, cada fornecedor faz a retirada de seus materiais e estruturas locadas.
O anúncio de que o Governo do Estado não iria mais concluir o hospital de campanha ocorreu no dia 1º de julho, após técnicos da SES analisarem a curva decrescente por busca de leitos de Covid-19 no estado. No dia 13 de julho, a Justiça chegou a determinar o bloqueio dos repasses de royalties do petróleo de junho e julho do Governo do Estado para a conclusão do hospital de campanha de Campos. No entanto, no dia 20 de julho, o desembargador Lindolpho Morais Marinho, da 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), derrubou a decisão de 1ª instância.
Os atrasos para inauguração do hospital de campanha no município começaram desde a sua instalação. Inicialmente, a montagem havia sido anunciada para o dia 26 de março. Porém, não aconteceu. No dia 2 de abril, uma equipe do Governo do Estado esteve em Campos, acompanhada do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), para fazer uma inspeção na área da antiga Vasa. Uma dia depois equipes da Prefeitura realizaram a limpeza do terreno. Após isso, a instalação foi prevista para o dia 6 de abril e sua conclusão para o dia 30 do mesmo mês, o que também não aconteceu. A montagem só começou em 10 de abril, mas nunca foi entregue.
As operações Favorito e Placebo, do Ministério Público e Polícia Federal, apontaram fraudes nos contratos emergenciais do Estado do Rio para a construção dos hospitais de campanha no valor de R$ 835 milhões. Foram constatados indícios da participação do governador e sua esposa, a advogada Helena Witzel, além do ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, do ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão, e do empresário Mário Peixoto, preso no dia 14 na operação Favorito, desdobramento da Lava Jato.

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