Sem previsão para próximo desfile, agremiações carnavalescas de Campos embarcam na onda das lives
Matheus Berriel 14/08/2020 20:39 - Atualizado em 14/08/2020 20:42
Ururau da Lapa já fez duas lives no período da pandemia
Ururau da Lapa já fez duas lives no período da pandemia / Edesio Kipeed Fotos/Divulgação
Totalmente sem perspectiva para o próximo desfile, as escolas de samba, os blocos e bois pintadinhos de Campos adotaram as lives como opção para se manterem ativas durante a pandemia de Covid-19. Da iniciativa pioneira da Ururau da Lapa, em 31 de maio, até a segunda live da escola, no domingo passado (9), outras quatro agremiações carnavalescas do município também realizaram shows virtuais.
— O que nos motivou a fazer a primeira live foi o momento difícil, com as pessoas todas dentro de casa, sem muito entretenimento. E nós, que temos uma quadra ativa semanalmente, estamos com a quadra fechada. Então, encontramos uma maneira de levar um pedacinho da nossa escola para as pessoas em casa. Fizemos e foi um sucesso, com a parceria entre diretoria e amigos. A comunidade, graças a Deus, ajudou bastante, chegou para perto de uma maneira significante. Está muito difícil buscar patrocínios, temos que agradecer os que conseguimos, a maioria por permuta — disse o presidente da Ururau da Lapa, Leonardo Braz.
Somando as visualizações das duas lives, transmitidas ao vivo e com as gravações ainda disponíveis, mais de 3 mil pessoas já haviam prestigiado a Ururau da Lapa até a última sexta-feira (14) no YouTube, principal plataforma usada pelas agremiações, além dos acessos via Instagram e Facebook. Membros do carro de som e representantes da corte da escola estiveram presentes nas duas ocasiões, recebendo músicos convidados que executaram sambas históricos da própria agremiação e também do Carnaval carioca. De acordo com o presidente Leonardo Braz, as aproximadamente 20 pessoas envolvidas na realização de cada live tiveram a temperatura medida e seguiram recomendações sanitárias. Os ritmistas usaram máscaras:
— Tomamos todos os cuidados devidos por conta da Covid-19, com distanciamento, álcool em gel. E só estavam lá as pessoas que trabalharam para fazer a festa, com filmagem, som... Temos uma quadra grande, deu para ficarmos distantes uns dos outros. É difícil, mas é gratificante quando a gente vê a comunidade interagindo, que foi o que aconteceu — comentou Leonardo. Durante as apresentações, foram arrecadados alimentos para serem doados a músicos, roadies e outras pessoas necessitadas.
Uma das campeãs do Festival de Samba em 2019, a Mocidade Louca fez sua live em 5 de julho. “Deu uma levantada no caminho do Carnaval da Mocidade, com muitas pessoas curtindo, mais de 600 pessoas. A experiência foi muito boa. Acho que todas as escolas, os blocos e bois pintadinhos deveriam fazer uma live. Enquanto não tem Carnaval, a gente vai de live de samba, com união para as coisas acontecerem da melhor maneira possível”, disse o presidente da escola, Jorge França. “Infelizmente, durante essa pandemia, o Carnaval está fora de cogitação. As quadras estão fechadas, e a gente faz as lives para mostrar às pessoas que o samba está vivo através delas, através do povo, aguardando uma resposta para o Carnaval do ano que vem”, pontuou Jorginho de Ogum, como é conhecido o dirigente.
Outra escola com live já realizada — em 14 de junho — é a Madureira do Turf, que dividiu o título do Grupo Especial com a Mocidade no ano passado. O Boi Jaguar convidou os bois K-Brunco, Beira Rio, Canário, Arrastão e Nova Aurora para sua live do último dia 2. Entre os blocos, destaque para o Chuva de Ouro, de Goitacazes, que marcou sua reativação com um show virtual no dia 28 de junho.
— Considero extremamente válidas as iniciativas das agremiações carnavalescas de Campos em realizarem estas transmissões musicais virtuais ao vivo. É uma excelente forma de possuírem registros audiovisuais, com qualidade técnica, de seus sambas marcantes e suas histórias relevantes — afirmou o presidente do Conselho Municipal de Cultura (Comcultura), Marcelo Sampaio, que apresentou “O Retorno” do Chuva de Ouro. — Quanto a alguns bois, blocos e escolas de samba estarem se movimentando, é algo que deveria estar acontecendo há muito tempo, e pena que só ocorre com a minoria deles. Aliás, se existe uma carência em muitas agremiações carnavalescas campistas, é o pouco envolvimento delas com suas respectivas comunidades. Uma agremiação carnavalesca não pode existir para desfilar, tem que desfilar porque existe — acrescentou Marcelo.
Já foi confirmado pelo presidente da Aboipic, Marciano da Hora, o cancelamento do Carnaval fora de época de 2020, que estava previsto para maio antes da pandemia. Os desfiles de 2021 dependem da vacina para Covid-19 e das recomendações sanitárias em vigor. No início deste mês, Marciano anunciou em seu Facebook que a entidade organiza uma live para 30 de agosto, às 14h. Um dia antes haverá a do Boi Beira Rio, marcada para as 16h.
Mocidade Louca foi outra escola que já realizou live
Mocidade Louca foi outra escola que já realizou live / Reprodução/Facebook

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