Campos perde o médico Makhoul Moussallem, vítima da Covid-19
01/07/2020 08:07 - Atualizado em 30/07/2020 18:31
Morreu nesta quarta-feira (1º) o médico Makhoul Moussallem. Internado desde o último dia 22 de junho na UTI do hospital da Unimed, o neurocirurgião de 75 anos testou positivo para Covid-19 e apresentava comorbidades, como uma fibrose e problemas renais, frutos de um tratamento para câncer, e que se agravaram por causa do coronavírus. Ele deixa quatro filhos, quatro netos e a companheira e também médica Vera Marques. O corpo do médico foi sepultado no início da tarde, no cemitério do Caju. A Prefeitura de Campos decretou luto oficial de três dias.
Makhoul atuava como assessor especial do prefeito Rafael Diniz (Cidadania) desde 8 de julho de 2019, quando assumiu o cargo com objetivo de implantar o Centro de Tratamento do Ictus Cárdio-cerebrovascular. O projeto, desejo antigo do médico, consiste na criação de um espaço, no Hospital Escola Álvaro Alvim, com tecnologia de ponta e pessoal especializado para atendimento em termos neurovasculares.
Além da vasta experiência na medicina, o neurologista também foi candidato a prefeito de Campos três vezes pelo PT, em 2004, 2006 e 2012. Não se elegeu em nenhuma oportunidade, mas foi na última que obteve melhor desempenho. Makhoul enfrentou Rosinha Garotinho, que disputava a reeleição com a popularidade em alta e no auge da arrecadação dos royalties do petróleo. Mesmo assim, o médico obteve 61.143 votos – 25,5% do total – e ficou na segunda colocação naquele pleito.
Em 2014, foi candidato a deputado federal também pelo PT. Obteve 16.666 votos em todo o estado do Rio de Janeiro e ficou na suplência do partido.
O gosto pela política e para ajudar a população também foi herdado do pai, Halim Moussallem, que foi agricultor e vereador na cidade de Karaoun, no Vale Bekah, no Líbano, onde Makhoul nasceu em 28 de abril de 1945. Ele cursou até a terceira série do primário no país natal, até que veio de navio para o Brasil em 23 de dezembro de 1954. Junto com a mãe, Josephine Aboumrad Moussallem, da irmã, Naual, e dos irmãos Bassam e Amer, desembarcou no Rio de Janeiro em 20 de janeiro de 1955, e logo vieram para Campos, onde reencontraram Halim.
Makhoul formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, em 1969 e, desde então, fez da profissão um meio para salvar e transformar a vida das pessoas, trazendo inovação e buscando pioneirismo até os últimos dias.
Ele retornou a Campos em 1972, quando trabalhou no antigo PAM Central da Saldanha Marinho e na Santa Casa de Misericórdia. Presidiu por dois mandatos, entre 1975 e 1979, a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia. O município não possuía pronto socorro e nem royalties, mas conseguiu articular com o prefeito o pagamento dos salários dos médicos para a implantação da primeira unidade de emergência, em 1976, mesmo antes da criação do SUS, em 1988.
O médico libanês radicado na planície goitacá também colaborou com a classe. Instituiu o primeiro Congresso Médico de Campos e fundou o Sindicato dos Médicos de Campos. Também ajudou Gualter Larry Alves a montar a primeira CTI do Norte Fluminense e atendia gratuitamente a população de toda a região. Além disso, Makhoul ajudou na formação de novos profissionais, sendo professor na Faculdade de Medicina de Campos de 1973 até 2009, quando se afastou e retornou em 2018.
Moussallem ainda foi vice-presidente da Associação Médica Brasileira, em 1980, e ocupava, desde 1983, a cadeira de conselheiro do Norte Fluminense no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Em 2009, também foi escolhido para ser conselheiro federal pelo Estado do Rio.
Vinte e nove anos antes de sua morte, em 1991, Makhoul Moussallem reuniu 60 médicos em uma cooperativa para criar a Unimed Campos, um ano após sofrer um enfarte. Também foi responsável por comprar o hospital da Unimed da antiga Serv Med e instalar o primeiro pronto atendimento da rede, com centro cirúrgico e seis apartamentos para internação e cirurgias.
O médico ainda presidiu a Fundação Benedito Pereira Nunes, mantenedora da Faculdade de Medicina de Campos e do Hospital Álvaro Alvim, que tinha seis andares e funcionava apenas no térreo. Além disso, as contas da unidade fechavam no vermelho, mas Makhoul também foi responsável por mudar o nome para Hospital Escola Álvaro Alvim, colocando os cinco andares superiores para funcionar, tendo obtido a certificação como hospital de ensino junto ao Ministério da Saúde e o Ministério da Educação. Instalou vários serviços de ponta e a residência médica.
Luto oficial — A Prefeitura de Campos decretou luto oficial de três dias e emitiu nota lamentando o falecimento do médico neurocirurgião e assessor especial do prefeito Rafael Diniz. “Homem público de grandeza inestimável, deixou sua importante marca por onde passou. Neurocirurgião brilhante, professor que formou médicos que atuam por todo Brasil, realizador e pioneiro que trouxe para cidade obras e benfeitorias importantes e que ficaram para sempre em sua história. Medicina e realizações em prol da comunidade sempre permearam sua vida”.

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