Clarissa Garotinho ataca Justiça de Campos e culpa Bacellar pela prisão dos pais
Arnaldo Neto 12/09/2019 07:58 - Atualizado em 17/09/2019 13:55
Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo
Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo
A prisão do casal de ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho voltou a ecoar na tribuna da Câmara dos Deputados. Na semana passada, no mesmo dia em que os pais foram soltos, o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) fez um duro discurso, com críticas contundentes ao Ministério Público e ao Judiciário campista, chegando a usar o pesado adjetivo “canalhas” (com repercussão em toda mídia nacional). Nesta terça-feira (11), foi a vez da irmã, Clarissa Garotinho (Pros) mirar no judiciário da cidade natal, sobretudo o juiz da 2ª Vara Criminal Glicério Angiólis, e colocar a prisão, também, na conta do deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD).
Em seu discurso, Clarissa ressaltou que não foi a primeira vez que um juiz de Campos decretou a prisão dos seus pais em ações que ela considera abusiva. “A prisão do Garotinho e da Rosinha foi determinada por um juiz que pertencia a Comarca de Miracema, um juiz que tinha sido condenado pelo CNJ [Conselho Nacional de Justiça] e ficou mais de um ano afastado das suas funções por mais de 10 atos de improbidade, entre eles assédio moral e assédio sexual. E hoje ele está pendurado em uma liminar. Esse juiz, que cometeu um caso claro de abuso de autoridade, ao retomar as suas atividades foi promovido para uma comarca maior. Ele sai de uma comarca pequena e é promovido para comarca de Campos dos Goytacazes, um dos cinco maiores colégios eleitorais do nosso Estado”, disse.
Segundo Clarissa, foi por influência de Bacellar que aconteceu a mudança, deixando no ar uma relação entre os fatos:
— Um mês após a transferência dele, solicitada por um deputado estadual chamado Rodrigo Bacellar, adversário político do meu irmão deputado Wladimir, candidato a prefeito de Campos que lidera as pesquisas na cidade, esse juiz, um mês após a transferência, determina essa prisão. Ele baseou a prisão em uma possível coação de testemunhas sobre supostos fatos ocorridos 11 anos atrás. Quem está coagindo testemunhas 11 anos depois de um suposto fato denunciado? Isso é um claro abuso de autoridade.
Na semana passada, nas redes sociais, nomes ligados aos Garotinho usaram o print de uma foto de Rodrigo com Glicério, na qual o parlamentar recebia o título de cidadão miracemense “das mãos do Dr. Glicério Angiólis, (então) juiz da Comarca de Miracema”. Esse seria o motivo para criar uma possível relação entre o deputado estadual e a prisão dos ex-governadores. Bacellar atribuiu a fake news a Wladimir, que rebateu, dizendo que Rodrigo estava “querendo holofotes que não lhe cabem”. Procurado, Bacellar ainda não se manifestou sobre as declarações de Clarissa.
A deputada, aliás, voltou a falar em perseguição política contra seu pai por ter denunciado outros políticos que estão presos. Ela ainda disse que seu irmão pode ser o próximo alvo de ações do judiciário por, segundo ela, “liderar as pesquisas” em Campos.
Clarissa, por fim, pediu a manutenção do texto original da lei de abuso de autoridade. “Ninguém está acima da lei, nem os juízes. Agora, muitos deles, se escondem debaixo de uma toga. Aqueles que deveriam fazer justiça estão cometendo abuso de autoridade”, afirmou.
A reportagem não conseguiu contato com o juiz da 2ª Vara Criminal de Campos. Na semana passada, a Associação dos Magistrados do Estado do Rio (Amaerj) emitiu nota oficial de repúdio aos ataques sofridos pelo juiz Glicério, considerando a decisão do magistrado técnica.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS