MP cita ameaça de morte à testemunha do Morar Feliz
Aldir Sales 05/09/2019 23:57 - Atualizado em 17/09/2019 13:46
Agência Brasil - Tânia Rego
O Ministério Público (MP) estadual cita o depoimento de uma testemunha que relata ameaças de morte e vai pedir novamente as prisões dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho. As informações foram divulgadas na noite desta quinta-feira (5) pela GloboNews. O casal Garotinho é acusado pelo MP de superfaturamento e de receber propina para beneficiar a Odebrecht nas licitações para construção de casas populares do Morar Feliz quando Rosinha era a prefeita de Campos. Os dois foram presos na última terça-feira (3), no âmbito da operação Secretus Domus, por determinação do juiz Glicério Angiólis, da 2ª Vara Criminal de Campos, com o argumento de possível ameaça a testemunha. No entanto, o desembargador Siro Darlan, de plantão no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), revogou a medida no dia seguinte com o fundamento de que não foi apresentada provas de coação.
Depois de saírem da prisão, os dois ex-governadores contaram com o auxílio dos filhos, os deputados federais Wladimir (PSD) e Clarissa Garotinho (Pros) para subirem o tom contra alguns dos principais adversários políticos, como o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) e o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD). O casal também voltou a artilharia ao Judiciário e ao MP de Campos, inclusive falando sobre denúncia de assédio sexual contra o juiz. As respostas de todos os lados vieram ontem.
Em entrevista à GloboNews, a promotora Ludimilla Bissonho, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, fala sobre o relato da testemunha que diz ter sido ameaçada. “Nós tivemos a colheita de declaração de testemunha, que relatou ameaça concreta de que ela não poderia falar sobre os fatos sob pena de, efetivamente, vir a pagar com a própria vida. Essa testemunha revelou ter conhecimento, não só desse fato, como de diversos outros. E, segundo ela, recebeu diversas ameaças, em diversos momentos, de que ela não poderia falar sobre nenhum outro fato que ela viesse a ter conhecimento”.
Em um trecho do documento revelado pela reportagem, a testemunha diz no depoimento que sofre ameaças desde a deflagração da operação Chequinho. Garotinho foi condenado a nove anos e 11 meses de prisão, em primeira instância, por comandar o que o MP chamou de “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição municipal. “Que desde que a declarante falou tudo o que tem conhecimento no âmbito da chamada “operação Chequinho” recebeu vários recados na rua de pessoas falando que a declarante vai ser morta ou de que alguém de sua família será atingida, como seu esposo e seu filho; que os recados sempre vêm no sentido de que a declarante já falou demais e que deveria ficar quieta quanto a outros fatos que tenha conhecimento para não morrer”, diz a testemunha.
Em nota, a defesa do casal Garotinho diz que “As testemunhas usadas pelo Ministério Público para embasar essa denúncia são as mesas que faltaram com a verdade na operação Chequinho, cuja ação está suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de parcialidade do promotor de Justiça”. Ainda na nota, os dois reafirmam que sofrem perseguição política e acusam o MP e o Judiciário de Campos de “politização”.

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