Raúl Palacio é eleito o 9º Reitor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - Uenf. Palacio assumirá o lugar de Luís Passoni, para o próximo quadriênio na instituição.
A vitória foi confirmada pela Assessoria de Comunicação da Uenf - Ascom, em primeira mão à Folha, às 00h45 desta quarta-feira (18). Raúl recebeu 51,25% dos votos válidos contra 48,04% recebidos por seu opositor no segundo turno, Carlão Rezende. Entre os votantes, compareceram 245 professores, 429 técnicos e 1319 alunos. Foram apurados 10 votos brancos e 24 votos nulos.
Candidato pela chapa 10, tendo como vice Rosana Rodrigues, Raul Ernesto López Palacio conseguiu manter os votos conquistados no primeiro turno. A neutralidade declarada de Enrique Medina-Acosta, terceiro colocado no primeiro turno — recebeu os mesmos 28,52% dos votos de Carlão, mas ficou de fora da disputa pelos critérios de desempate — parece ter dividido as migrações, mostrado pelo resultado apertado. Na votação, os professores representam 70% de peso no colégio eleitoral da universidade, seguindo as regras da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que estabelece também o peso de 15% para o corpo discente e 15% para o corpo técnico administrativo.
Nascido em Cuba, Raúl é professor associado da UENF desde 2003, ocupou o cargo de chefe de Gabinete da atual Reitoria até junho deste ano. Doutor em Engenharia Mecânica pela Unicamp, ele atua no Centro de Ciência e Tecnologia (CCT). Possui Graduação em Química pela Universidad de La Habana e mestrado em Engenharia Mecânica, também pela Unicamp. Rosana Rodrigues é professora associada da UENF desde 1999 e ocupou o cargo de pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UENF da atual gestão até junho deste ano. Engenheira agrônoma pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Rosana é mestre em Fitotecnia também pela UFRRJ e doutora em Produção Vegetal.
— Na realidade, parabenizar a toda comunidade da Uenf, o pleito agora está resolvido. Com 52% a gente ganhou a eleição. A gente teve muitos votos especificamente de técnicos e de estudantes. Agradecer a participação ativa deles nesse processo eleitoral, deixando bem claro que os técnicos e os estudantes decidem sim a eleição da universidade, à parte da disparidade que temos em relação a representatividade. No total de votos conseguimos levar praticamente dois terços de todos os votos. Mas na representação dos professores conseguimos 25 votos a menos e isso foi o que equilibrou a eleição e ganhamos com uma diferença de apenas 4 pontos (percentuais). O importante agora é a gente se unir, se juntar para levar a Uenf para frente e para a gente fazer uma universidade cada vez mais ligada com a sociedade, aqui em Campos e região e em todo estado. Então vamos juntos para levar a universidade para o patamar que ela realmente merece. Agradeço a toda comunidade pelo voto e pela confiança, tanto em mim quanto na professora Rosana, e bola para frente — Declarou Raúl, após saber o resultado da eleição.
Com 48,04% dos votos, aproximadamente quatro pontos percentuais abaixo de Raul, Carlão, como é conhecido no campus, foi vitorioso entre os professores. Ele recebeu 135 votos dos docentes contra 108 para Raul. De carreira acadêmica extensa e professor atuante na Uenf, já ocupou os cargos de Vice Reitor e Pró-Reitor de Graduação da UENF. É pesquisador de Produtividade Científica desde 1993. Carlão é reconhecido na universidade por seus serviços prestados.
Sérgio Arruda, presidente da comissão eleitoral, disse que a apuração ocorreu em normalidade, sendo acompanhada por representantes das duas chapas.
— Foi um resultado bem apertado, a começar pelo inédito segundo turno. Os três candidatos são grandes expressões da Uenf. Certamente foi muito difícil para o eleitor escolher um. O percentual de brancos e nulos foi inexpressivo — Comenta Arruda.
A Uenf
Considerada como estratégica para o futuro de Campos e região, a Uenf ostenta o terceiro lugar no ranking da Folha de S.Paulo – RUF 2018 em relação à qualidade da pesquisa, em publicação de docentes. Entre as instituições de ensino com menos de 30 anos, a universidade estadual ocupa a mesma posição no ranking geral, dentre todas avaliadas no país. Em qualidade de ensino, figura em primeiro lugar quando relacionado por professores com doutorado e mestrado.
Apesar da excelência em pesquisa, o próximo reitor deverá enfrentar problemas graves. A universidade vem de uma grave crise financeira, reflexo da condição de quase falência do estado do Rio nos últimos anos. Servidores estão sem reajuste há mais de 5 anos. A Emenda Constitucional 71 – aprovada em 2017, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) – para garantir autonomia financeira e o repasse do orçamento às universidades em 12 parcelas mensais, os chamados duodécimos — deverá ser um tema constante ao futuro reitor. Na esfera federal, cortes no financiamento à pesquisa. Na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) o orçamento para 2020 caí de 4,25 bilhões destinados no ano passado para 2,2 bilhões.
A gestão do hospital veterinário, a incorporação do colégio agrícola à Uenf, uso da Casa de Cultura Villa Maria e ampliação dos pólos de ensino na região foram temas tratados nos planos de gestão dos candidatos, mostrando-se essenciais para a próxima gestão e dependerá de orçamento e liberdade de execução.
A eleição na Uenf recebeu extensa cobertura do Grupo Folha da Manhã, com entrevistas — escritas e na rádio FolhaFM — realizadas com todos os candidatos, nos dois turnos (confira os links ao final da matéria).
Neste segundo turno, os ânimos se acirraram, com manifestações de defensores e acusadores das chapas em rede social — e por reações às entrevistas na Folha. Ambas as candidaturas sofreram ataques,inclusive por veículo de comunicação acusado constantemente de baixa qualidade jornalística e sensacionalismo.
A Folha publicou artigos que falavam sobre a universidade, sobre as eleições para a reitoria e o papel da universidade pública em Campos e no Brasil. Foi franqueado o espaço às declarações de Luciane Silva, da Aduenf, Brand Arenari, secretário de Educação de Campos, Jefferson Manhães, reitor do IFF, José Carlos Mendonça, professor da Uenf, Roberto Dutra, também docente da instituição, Arthur Soffiati, professor aposentado da UFF, Gilberto Gomes, presidente do DCE da Uenf e Roberto Cezar, diretor da UFF Campos.
Com a exposição, a Uenf virou tema de conversas virtuais e físicas. No campus, foi possível perceber o receio de possíveis danos de imagem sofridos. A reflexão sobre o papel da Uenf na sociedade de Campos e região foi trazida nas entrevistas e está presente nos planos de gestão apresentados pelos candidatos.