Ponto Final: Os percalços e o preço da aliança entre pai e filho
16/04/2019 09:36 - Atualizado em 27/04/2019 11:52
Fátima no Folha no Ar
Ontem, no dia do seu aniversário, quem deu o presente foi Fátima Castro. Entrevistada no Folha no Ar, programa de segunda a sexta da Folha FM 98,3, ela falou da sua luta de 30 anos à frente da Associação Irmãos da Solidariedade, única casa de assistência aos soropositivos de HIV no interior do Estado do Rio. Obrigada a lidar com todos os prefeitos de Campos desde o primeiro governo Anthony Garotinho (hoje sem partido), ela elogiou Sérgio Mendes e Rafael Diniz (ambos do PPS). Considerou sua prima Rosinha Garotinho (hoje Patri) a governante mais distante da obra assistencial, e Arnaldo Vianna (hoje MDB), o mais próximo.
Prefeito do coração
O juízo de Fátima é compartilhado por boa parte dos campistas que consideram Arnaldo Vianna o melhor prefeito de Campos nas últimas três décadas. Racionalmente, tem que ser levado em conta que ele governou a cidade no auge dos royalties de petróleo. Os mesmos que podem ser drasticamente reduzidos, se o Supremo Tribunal Federal (STF) entender como constitucional a nova lei de partilha de royalties aprovada no Congresso Nacional. Mas, se herdou problemas jurídicos que até hoje o impedem de voltar a se candidatar, Arnaldo parece ter conquistado um lugar no coração de quem viveu suas duas gestões municipais.
Recordar é viver
A popularidade de Arnaldo foi testada na eleição municipal em 2016. Enquanto ostentava o apoio do pai, o candidato Caio Vianna (PDT) chegou a liderar as pesquisas daquela eleição a prefeito. Após perder o PDT e até o nanico PEN, em manobras que teriam sido articuladas pelo filho, Arnaldo respondeu dando seu apoio a Geraldo Pudim (MDB). Não conseguiu transferir votos a ele, mas feriu de morte a candidatura de Caio, que sangrou até terminar o pleito na terceira posição. Na reta final do pleito, quando seu naufrágio era certo, o pedetista fez um acordo por baixo dos panos com Garotinho, na tentativa de forçar um segundo turno.
Feitiço e feiticeiro
No último debate antes das urnas de 2016, na InterTV, Caio fez clara dobrada com Dr. Chicão (PR), candidato oficial do garotismo. O resultado foi a vitória de Rafael Diniz (PPS) ainda no primeiro turno. Inconformado com o resultado, Garotinho passou a apostar publicamente na anulação da eleição e na convocação de uma nova. Enquanto esses delírios duraram, Caio ainda era visto pela cidade que queria governar, criticando o novo governo. Mas tão logo os crimes eleitorais de 2016 foram comprovados pela Justiça Eleitoral contra o ex-governador, preso duas vezes na operação Chequinho, o jovem pedetista sumiu de Campos.
Idas e vindas
Caio voltaria a dar as caras na cidade só em 2018, quando registrou no último dia sua candidatura a deputado federal. De novo não se elegeu, mas fez boa votação (21.017 votos), mesmo criticado pelos setores mais ideológicos do PDT pela falta de empenho na candidatura presidencial de Ciro Gomes. Agradeceu aos 18.900 votos que teve em Campos desaparecendo outra vez da cidade, onde voltaria a morar só há pouco mais de um mês. Neste período, não procurou o pai, até que este deu uma entrevista à Folha, publicada no último dia 7. Nela, Arnaldo declarou publicamente que, para ter seu apoio em 2020, bastaria o filho pedir.
Redes sociais
O ex-prefeito repetiu a deixa em entrevista no programa Folha no Ar do dia 9. A resposta? No mesmo dia, seu filho publicou nas redes sociais uma foto com o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD). No dia 10, Caio publicou outra foto, com o mesmo Pudim que, numa ironia do destino, seu pai apoiou a prefeito em 2016. Garotinho viu e comentou, também em rede social, que Pudim foi convidado a coordenar a campanha de 2020 do pedetista, junto com a mãe deste, a ex-vereadora Ilsan Vianna (PDT). Arnaldo reagiu e, na noite do dia 11, publicou foto com uma dissidência local do PSDB, que pretende lançar candidatura própria a prefeito.
Ilsan e Edilene
No dia 12, cinco após o primeiro convite público do pai, Caio finalmente se reuniu com Arnaldo. Em sua coluna do último domingo (14), o jornalista Saulo Pessanha especulou que a estranha demora pode ter sido causada por influência de Ilsan, a quem o ex-prefeito hoje só se refere como “mãe do meu filho”. Nos bastidores, é voz corrente que o preço do apoio de Arnaldo é ter sua atual esposa, Edilene Vianna (MDB), como vice na chapa de Caio. Candidata a deputada estadual em 2016, na ocasião ela chegou a ter anunciada a dobrada com o enteado a deputado federal. Mas a coisa não parece ter dado muito certo.
José Renato

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