"A Maldição da Chorona" estreia no Kinoplex
17/04/2019 21:56 - Atualizado em 27/04/2019 11:44
A opção entre as estreias da semana nos cinemas de Campos é o filme “A Maldição da Chorona”. Segundo observações da crítica, num primeiro momento, pode parecer mais um filme de terror fraco, cheio de clichês e com alguns sustos fáceis. Integrar ele no universo de “Invocação do Mal” reforçou essa impressão prévia, tentando usar o peso da franquia para conseguir um público maior. Mas deixando esse preconceito de lado, há bons momentos. Algumas sequências interessantes, que podem ou não perder força devido ao final problemático e aos problemas de roteiro.
A história é baseada na lenda mexicana de La Llorona (Marisol Ramirez), uma mulher que afogou os dois filhos de seu amante por ciúmes e foi condenada a vagar pelo mundo para tentar encontrar outras duas crianças que possam substituir aqueles que perderam a vida por causa dela.
Com um texto pouco criativo na construção de personagens e desenvolvimento da trama, “A Maldição da Chorona” leva algum tempo para encontrar um ritmo interessante. E entre as sequências de terror, ficam evidentes os problemas de roteiro, que utiliza argumentos rasos ou questionáveis para conectar as cenas. Isso pode ser sentido na maneira como muito do que é apresentado no desenvolvimento das personagens não tem serventia alguma para a história — além de dar um ou outro detalhe pontual. A ausência da figura paterna, por exemplo, é mostrada com alguma ênfase nas cenas iniciais, apenas para ser deixada de lado em seguida.
Talvez por isso o núcleo familiar tenha uma função de servir como objeto para o medo. Linda Cardellini (“Green Book: O Guia”) desempenha bem o papel que lhe é dado, sendo possível sentir o pavor dela conforme vai descobrindo aos poucos o que está acontecendo. A atriz se mostra empenhada, mas pouco pode fazer diante de um roteiro que não demonstra interesse pelo papel. O objetivo aqui é o medo pelo medo, nada de apego aos personagens.
E nesse sentido, as cenas de terror são conduzidas com cuidado, o que resulta em ótimos momentos onde se mantém na tensão e, principalmente, tendo o susto final como uma recompensa aos fãs do gênero. A primeira aparição da Llorona é um bom exemplo disso. Com uma montagem inteligente e utilizando muito bem os corredores e a fotografia, o resultado é satisfatório. Da mesma forma como acontece na sequência da piscina — que é belíssima na construção —, pontuando muito bem o terror e o susto.
Contudo, se por um lado a execução é inteligente e satisfatória, por outro há pouca conexão entre o que vemos e a forma como o espírito se manifesta. Naturalmente, como é comum no gênero, é necessário estar com a suspensão de descrença ativada. E nisso, os que se apegam mais aos detalhes podem se sentir incomodados com alguns acontecimentos, gerando cenas até mesmo ridículas, inclusive. A impressão é de que estamos diante de vários curtas de terror (algumas dessas sequências são relativamente longas para os padrões do gênero), interligados forçadamente por um roteiro pouco interessante.
Porém, é no último ato que reside o principal problema do filme. A exposição da vilã reduz significativamente o medo causado por ela, e suas aparições passam a ter menor impacto. Os exageros cometidos pela narrativa também pedem que situações improváveis sejam desconsideradas e os problemas de como a Llorona se manifesta são ainda mais inconsistentes. E, por fim, há uma tentativa terrível de criar momentos de alívio cômico que não possuem justificativa alguma, atrapalham o ritmo e não são eficientes. O resultado é um final decepcionante para uma obra que estava conseguindo se manter agradável, ao menos no terror.
Ignorando os problemas de roteiro, “A Maldição da Chorona” é uma obra interessante pelos ótimos momentos de tensão e medo criados ao longo do filme. Quem não se importa com argumentos simples e que não buscam por desenvolvimento, pode encontrar aqui uma boa opção. Já aqueles mais exigentes devem se sentir incomodados com os diversos descuidos do novato diretor Michael Chaves (provável responsável por “Invocação do Mal 3”). O final é preguiçoso e tira um pouco do potencial construído nos dois primeiros atos. Num momento em que o gênero vem se reinventando com grandes potenciais, é lamentável ver uma obra que consegue fazer bom uso da angústia e do jumpscare numa mesma sequência.
Permanecem em cartaz os filmes “Dumbo”, “Shazam!”, “De Pernas Pro Ar 3”, “Superação — O Milagre da Fé” e “After”. (A.N.) (C.C.F.)

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