Atenção aos que vivem nas ruas
Virna Alencar 22/12/2018 19:03 - Atualizado em 25/12/2018 12:47
Carlos Alberto Vieira
Carlos Alberto Vieira / Divulgação
Há quase um ano, Carlos Alberto Vieira de Andrade, de 66 anos, que vive em situação de rua, percorre cidades do Rio de Janeiro (RJ), como Niterói, Macaé, Quissamã e Campos, à procura das filhas, que identificou como Alba e Andreia Rodrigues de Andrade, cuja as idades já não se lembra mais. Ele sofre de úlcera crônica e atualmente é assistido por programas de saúde de Campos, como o Centro de Referência de Tratamento de Lesões Cutâneas e Pé Diabético e o Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop). Na semana passada, a mulher conhecida como Dona Maria, que também vivia em situação de rua, morreu após dez dias internada no Hospital Ferreira Machado (HFM), também longe de parentes.
Além do Centro Pop, pessoas como Dona Maria e Carlos Alberto contam com a atuação do Grupamento de Proteção Social (GPS), da Guarda Civil Municipal, que oferecem apoio para os que querem sair dessa condição.
A doutora em serviço social e especialista em Terapia de Família, que atua no Pé Diabético, Loana Rios, informou que Carlos passou por uma anamnese – entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu doente – no último dia 12. Na ocasião, o homem disse que é natural do Rio de Janeiro, da Penha, e que estava à procura das filhas, apesar de não demonstrar muita esperança no reencontro. O paciente também foi avaliado por médicos e enfermeiros para o tratamento da úlcera crônica.
— Ele disse que morava em casa de parentes que não quiseram mais ficar com ele. Também mencionou o nome das filhas, entre elas, a Alba, que morava anteriormente em Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, e veio para Campos devido à transferência do seu esposo, que trabalha em um carro forte. Já Andreia, seria de Piabetá, em Magé, na Baixada Fluminense. No entanto, disse que estava enjoado de passar por lugares e não encontrá-las - contou.
Loana informou, ainda, que no Centro Pop, Carlos tem refeições e banho, mas durante a noite retorna às ruas. O programa também auxilia na retirada de documentos, além do cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). “Apesar dos exames e, da possibilidade de cirurgia, se assim entenderem os profissionais do Pé Diabético, nossa preocupação é que, se ele não tiver condições ideais de alimentação e higiene em tempo integral, o quadro clínico pode agravar. Acredito que, se conseguirmos encontrar as filhas, talvez possamos proporcionar um chance de mudança de vida para ele. Por isso, estamos apostando nos canais de divulgação, como a internet, para que essa corrente solidária cresça e auxilie nessa busca”, concluiu a assistente social.
GPS: grupamento de proteção nas abordagens
O Grupamento de Proteção Social (GPS) da Guarda Civil Municipal, criado para a garantia da ordem mas principais vias públicas de Campos, é mais um serviço para ajudar pessoas a saírem da situação de rua, proporcionando até mesmo a chance de voltarem ao convívio social.
Segundo o coordenador, Sérgio Barreto, o GPS foi criado há quatro anos, através de quatro guardas municipais que, inteirados em segurança pública, tiveram a ideia de optar por um atendimento voltado a grupos em vulnerabilidade – pessoas em situação de rua, gestantes, crianças, idosos e portadores de necessidades especiais. Atualmente, o GPS é formando por 35 agentes, que atuam em praças, jardins, logradouros públicos e terminais rodoviários.
— Todo mês, fazemos um trabalho conjunto com a Polícia Militar, o Grupamento Operacional com Cães (GOC), a Postura e a Limpeza Pública. Nos pontos de maior aglomeração de pessoas em situação de rua, é possível encontrar o cidadão que busca tratamento para sair de um vício, ou um atendimento em saúde, ou mesmo que chegou à cidade e não sabe onde buscar auxílio. Então, encaminhamos a pessoa para serviço de que precisa. Se, por outro lado, a pessoa está com dívida na Justiça, a conduzimos para a delegacia. Há, também, o acúmulo de lixos deixados por essas pessoas, competindo à Limpeza Pública o trabalho. Já a Postura faz a notificação dos proprietários de imóveis abandonados, que acabam servindo de ponto de uso de drogas e práticas ilícitas — disse o coordenador.

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