Futuro vendido mais uma vez
31/12/2016 03:15 - Atualizado em 18/07/2017 20:05
Suzy Monteiro
Foto: Rodrigo Silveira 
No apagar das luzes do governo Dilma Rousseff, o secretário e marido da prefeita Rosinha, Anthony Garotinho, conseguiu mais uma “venda do futuro” de Campos. Desta vez no valor de R$ 562 milhões, mas o município só receberá 367 milhões. A diferença foi utilizada para pagar empréstimo anterior. O prazo para o pagamento desta operação será de 10 anos. Este foi o terceiro empréstimo contraído pela gestão Rosinha desde novembro de 2014. O total dos empréstimos já ultrapassa R$ 1 bilhão. Só nas duas primeiras operações os juros foram de R$ 160 milhões.
De acordo com o comunicado oficial da Prefeitura de Campos, divulgado no site oficial no final da tarde, no mesmo momento em que acontecia a sessão do Senado que analisava o impeachment da presidente, o “Município de Campos finalizou no dia de ontem (10 de maio) a operação de cessão de crédito junto à Caixa Econômica Federal, sendo o primeiro Município a se enquadrar em todos os dispositivos legais previstos nas referidas Resoluções, o que deverá ocorrer em breve com os demais Municípios da região produtora de petróleo”.
Ainda de acordo com o texto, o valor fica aquém das perdas referentes a recebimento de royalties e participações especiais, que seriam de mais de R$ 1 bilhão e 400 milhões, porém, “a concretização da referida cessão de crédito representa uma injeção substancial de recursos para toda região produtora de petróleo”.
Essa é a terceira venda do futuro realizada pelo município de Campos. A primeira ocorreu em novembro de 2014, quando foi de 304.060.246,84 milhões e pagou R$ 54 milhões de juros, entrando no caixa de prefeitura R$ 250 milhões. O segundo empréstimo foi em dezembro do ano passado, no valor de R$ 308.791.113,78, ficando para Campos R$ 200,8 milhões.
Na última semana a presidente da Caixa Econômica Federal, Mirim Belchior esteve em Campos para inaugurar, ao lado do casal Garotinho, unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Na ocasião, abordada na saída do evento sobre a possibilidade de mais uma “venda do futuro”, a presidente da Caixa Econômica Federal respondeu que “o contrato já foi feito no ano passado”. Questionada sobre a possibilidade de outra transação neste ano, Miriam entrou no carro sem responder.
Negociação nos bastidores do impeachment
Desde os primeiros meses de 2015, o governo da prefeita Rosinha vem tentando viabilizar um terceiro empréstimo dando como garantia antecipação dos royalties de petróleo. No final do ano, depois de publicar em Diário Oficial contrato de mais de R$ 700 milhões, o empréstimo veio quase pela metade: R$ 308 milhões.
A luz no fim do túnel da crise veio mesmo de Brasília, através de outra crise, a política no governo Dilma. Tentando reverter a derrota que se anunciava na Câmara Federal, o governo Dilma buscou possíveis aliados. O primeiro sinal de aproximação veio em 14 de abril, quando a coluna Expresso, da revista Época, informou que Garotinho tinha se reunido com Ricardo Bezoini, articulador contra o impeachment.
No dia seguinte, quando o impeachment começaria a ser analisado, a deputada federal e filha de Garotinho, Clarissa – que já havia declarado seu voto a favor do afastamento – pediu licença por 120 dias da Câmara, alegando problemas na gravidez. No mesmo dia, o jornalista Fernando Molica, do jornal “O Dia” informou que Garotinho deu outra mãozinha a Dilma Rousseff, convencendo o deputado Paulo Feijó (PR-RJ) a não votar na sessão. Feijó, porém, negou que tenha sido convencido por Garotinho a deixar de votar.
Semana passada, a presidente da Caixa, Miriam Belchior, esteve em Campos junto com o casal Garotinho para inaugurar casas populares, mas não quis comentar um novo possível empréstimo para o Município.
Data da publicação: 12/05/2016 - 8:05

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