São Francisco de Itabapoana (SFI) era o município mais desigual do estado do Rio de Janeiro em 2020. É o que aponta um levantamento do geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE, William Passos, com base nas declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) entregues à Receita Federal. Segundo o estudo, a população do município era a segunda mais pobre entre os 92 municípios do estado, registrando renda média de apenas R$ 302,21 naquele ano. Entretanto, a elite residente no município concentrava a segunda maior riqueza do estado, medida em patrimônio líquido, considerando as informações enviadas à Receita. Na média, a camada 6,31% mais rica de SFI informou concentrar R$ 470.526,59 em bens, terras e imóveis, o que a posicionou à frente da elite de Niterói (34,14% dos niteroienses, que concentravam R$ 442.302,09) e somente atrás da elite carioca (23,90% dos cariocas mais ricos, que concentravam R$ 522.548,40).
Macaé apresentou a população com a 3ª maior renda média do estado (R$ 1.612,39) e Campos, a população com a 14ª maior renda média (R$ 1.089,84). Na sequência, vieram a população de São Fidélis (41ª maior renda do estado – R$ 776,17), Conceição de Macabu (48ª maior renda – R$ 700,15), Quissamã (60ª maior renda – R$ 627,94), São João da Barra (67ª maior renda – R$ 609,31), Carapebus (81ª maior renda – R$ 514,75) e Cardoso Moreira (84ª maior renda – R$ 477,75), além de SFI, que posiciona-se na 91ª colocação (R$ R$ 302,21).
No que diz respeito ao patrimônio líquido, Macaé apresentou a 7ª população mais rica (média patrimonial equivalente a R$ 41.211,54). Campos, a população com o 13ª maior patrimônio (R$ 29.339,90). Na sequência, registraram população mais rica SFI (12ª do estado, acumulando patrimônio médio de R$ 29.629,35), São Fidélis (56ª do estado, com patrimônio de R$ 12.687,05), São João da Barra (62ª do estado, com patrimônio de R$ 11.483,25), Conceição de Macabu (75ª do estado, com patrimônio de R$ 7.903,48), Cardoso Moreira (77ª do estado, com patrimônio de R$ 7.882,44), Quissamã (79ª do estado, com patrimônio de R$ 7.667,65) e Carapebus (88ª do estado e a que acumula menor patrimônio médio no Norte Fluminense, calculado em R$ 4.015,68).
— Diferentemente das pesquisas domiciliares tradicionalmente utilizadas nos estudos sobre pobreza e desigualdade, como, por exemplo, os Censos Demográficos e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, os dados do IRPF gerados pela Receita Federal permitem captar com maior precisão a renda dos brasileiros mais ricos. Uma das vantagens do uso das informações enviadas à Receita Federal foi exatamente a constatação de que a desigualdade de renda no Brasil, no estado do Rio de Janeiro e no Norte Fluminense é ainda maior do que a imaginada — destacou William.
Estavam obrigados a declarar o IRPF, no ano de 2020, todos os brasileiros que receberam rendimentos tributáveis superiores a R$ 28.559,70 no ano de 2019 ou que receberam rendimentos tributáveis superiores a R$ 2.379,97 a cada mês do ano-calendário.