Pacificação na Câmara de Campos já ameaçada na primeira sessão do ano
Rodrigo Gonçalves 15/02/2023 21:06 - Atualizado em 07/03/2023 15:01
Sessão da Câmara de Campos
Sessão da Câmara de Campos / Rodrigo Silveira
A Câmara de Campos viveu na sessão desta quarta-feira (15), no retorno do ano Legislativo, o primeiro desencontro dentro da pacificação entre a Câmara e o governo Wladimir Garotinho. Vereadores da oposição informaram que, às 16h40, chegou à Câmara um projeto do Executivo com cerca de 100 páginas sobre a Saúde, que nem mesmo a bancada da situação sabia do seu inteiro teor, como o próprio vereador Juninho Virgílio falou na tribuna. Marquinho encerrou a sessão desta quarta falando que a Casa não será mais puxadinho da Prefeitura.
Na sessão, Juninho pediu que Marquinho colocasse o projeto na pauta em regime de urgência, o que foi indeferido pelo presidente, que fez questão de reforçar que no acordo de pacificação ficou acertado, com o próprio Wladimir, que projetos não chegassem em cima da hora ao Legislativo.
Marquinho disse que na gestão dele a pressão não vai funcionar. "Não vamos aceitar interferência externa", disse o presidente da Casa.
Líder do governo, Álvaro Oliveira falou que a Saúde corre risco de sofrer um colapso. Silvinho fala em até faltar remédios nos hospitais. Segundo a base de Wladimir o projeto trata de ajuste na Fundação Municipal de Saúde, responsável pela rede de emergência da cidade, que por um problema sistêmico não estaria conseguindo pagar seus fornecedores, inclusive de medicamentos.
Vereadores de oposição e independentes questionaram a falta de prioridade do governo ao tratar da Saúde, deixando um projeto de tal importância para a última hora, e apoiaram Marquinho, que relembrou a firmeza do pai, ex-presidente da Câmara, reforçando que vai fazer valer o regimento. Marquinho declarou também que se algo grave acontecer na Saúde, que o secretário Paulo Hirano seja responsabilizado e até preso.
O vereador Helinho Nahin falou da falta de tempo hábil para avaliar projeto e culpou a equipe técnica do prefeito por estar colocando em risco a pacificação tratada entre os poderes. "Não vai ficar legal, não pode ser assim", disse.
O vereador Abdu Neme, que, até então, integra a bancada de oposição que deu a vitória a Marquinho, também tentou reverter a decisão do presidente.
"Nós estamos começando um novo tempo. Eu entendo a posição do presidente, mas a gente pede bom senso. Vou fazer um pedido de todos os colegas que a gente reveja esta questão do projeto da Saúde. Pedindo que releve, mostrando o amadurecimento do nosso parlamento", comentou Abdu, que não teve o seu pedido acatado por Marquinho.
A bancada da situação reprovou um projeto do presidente que pede a criação de um banco de medicamentos, que não seria só mantido pelo poder público. Marquinho citou a falta de maturidade e de coerência política na votação.
Assim como aconteceu com a proposta do presidente, com alguns vereadores da oposição já se ausentando da sessão, os de situação barraram também uma iniciativa de outro vereador da oposição, por pouco, não impediram a aprovação do projeto de lei do novo lider da oposição Anderson de Matos (Republicanos). Ele foi salvo pelo alinhamento ideológico do pastor Marcos Elias e do também religioso Leon Gomes, ambos da base do prefeito. Marcos Elias chegou a se confundir na hora de votar e levantou a mão contra o projeto junto com os amigos de bancada, mas alertado por Matos, logo sinalizou ser favorável. Sendo assim, passou pela maioria o projeto de lei que pretende proibir o uso da linguagem neutra ou linguagem a não-binária nas publicações, propagandas publicitárias e mídias da Prefeitura.
Entre as justificativas do vereador para a criação da lei, ele diz que a linguagem neutra não observa a norma culta da língua portuguesa.
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