No lugar de Queiroga, CPI quer ouvir médico sobre "kit Covid"
- Atualizado em 12/10/2021 17:12
O grupo majoritário da CPI da Covid decidiu nesta terça-feira (12) alterar o cronograma para os últimos dias de trabalho da comissão. Senadores da comissão desistiram de um novo depoimento — seria o terceiro — do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e no lugar pretendem convocar o médico Carlos Carvalho.
Carvalho é o responsável por coordenar um estudo com parecer contrário ao uso dos remédios do chamado "kit Covid" no combate ao coronavírus. O estudo seria avaliado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec), mas foi retirado da pauta do órgão. Propagandeados pelo presidente Jair Bolsonaro ao longo de toda a pandemia, os medicamentos são comprovadamente ineficazes contra a doença.
O depoimento de Carvalho ainda não foi aprovado. A comissão deve realizar uma reunião extraordinária na próxima sexta-feira (15) para votar o requerimento de convocação do médico.
Nos bastidores, aos menos três senadores da CPI já tiveram uma conversa informal com o médico Carlos Carvalho em busca de entender melhor as conclusões do estudo sobre o uso do chamado “kit Covid”.
A avaliação foi a de que o depoimento dele será mais importante que o de Queiroga e servirá para dar uma “sentença final” sobre a prescrição de determinados remédios para o enfrentamento à doença.
“Pela conversa que tivemos com o doutor Carlos, nós julgamos que o depoimento dele é o mais importante. Vai botar uma pedra em definitivo nesse assunto, e ele tem uma posição muito contundente contra a cloroquina. Além do mais, o depoimento dele tornará público o que a Conitec tem de resolver”, afirmou ao g1 o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Senadores também decidiram realizar na próxima segunda-feira (18) uma audiência com entidades que representam familiares de vítimas da Covid. Esse será o último ato da comissão antes da apresentação e da votação do parecer final.
A decisão de ouvir Carlos Carvalho foi tomada após a Conitec ter retiraddo de pauta, na semana passada, a análise do estudo que desaconselha o uso do chamado “kit Covid”, composto por remédios como cloroquina, ivermectina e azitromicina, todos ineficazes contra a doença.
A Conitec, um órgão consultivo do Ministério da Saúde, tem entre suas atribuições a incorporação e a exclusão de novos medicamentos em protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Senadores que integram a CPI viram o adiamento como uma manobra determinada pelo presidente Jair Bolsonaro.
A intenção da comissão, como mostrou o blog da Ana Flor, é não encerrar os trabalhos sem um posicionamento científico que desaconselhe o uso da medicação pelo SUS.
Sobre a retirada do estudo da pauta da Conitec, o Ministério da Saúde informou que a solicitação teria sido feita pelos próprios autores da análise, diante do surgimento de novas informações sobre outros medicamentos. A retirada teria como motivo, segundo o ministério, atualizar o estudo antes que fosse analisado pela Conitec.

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