Ações questionáveis do governador em exercício parecem não chamar a devida atenção.
O estado do Rio de Janeiro alcançou a maior taxa de letalidade da Covid-19 em todo o Brasil: em média, a cada 100 infectados, 6 vem a óbito. Só nas últimas 24 horas foram 338 mortos.
Enquanto isso, segundo reportagem da revista Veja, o governador Cláudio Castro — que já recusou comprar vacinas e assinar carta conjunta de governadores pelo retorno do auxílio de 600 reais — tem promovido e participado de seguidas festas privadas, regadas a vinhos caros e música ao vivo, sempre sem máscara, com o intuito de mapear eventuais aliados em seu inesperado projeto de reeleição.
Tudo isso às custas de quem agoniza nas filas por um leito de UTI.
Aliado de Bolsonaro, a quem pleiteia apoio para seu projeto 2022 e com bom trânsito nos corredores da ALERJ, onde foi assessor, Castro parece não atrair muita atenção dos deputados que recentemente decidiram pelo processo de impeachment de Wilson Witzel, logo após o governador afastado ter se tornado desafeto do bolsonarismo.
Desde que assumiu, o ex-vereador do Rio coleciona ações questionáveis. Castro alterou o próprio decreto que impedia aglomerações para garantir que cerimônias de inauguração ao lado de prefeitos pudessem continuar servindo de palanque político, a exemplo da inauguração do Hospital Modular de Nova Iguaçu, onde reuniu centenas de pessoas no último dia 03.
Após ter vetado no dia 1° de março o projeto de lei que autorizava a compra de vacinas diretamente pelo governo do RJ, alegando “falta de verbas”, o governador gastou mais de 10 milhões de reais em equipamentos de guerra para a PMERJ, como caveirões, em plena pandemia. Valor este que, se revertido para a aquisição de equipamentos da UTI Covid, a um custo médio de 96 mil reais, poderia ter garantido mais 104 novos leitos ao estado.
Se Witzel foi afastado para apuração de crime de responsabilidade relacionado a atos administrativos ligados à requalificação de OSs da saúde no RJ, sobram motivos para indagar porquê Cláudio Castro também não tem seus atos administrativos, em que pese até mais graves, questionados e investigados até o momento.