Um monumento instalado na entrada da cidade, no início a década de 1990, gerava polêmica entre os campistas e despertava curiosidade entre os visitantes. A estátua que tinha em seu interior placas de espuma de poliuretano, buscava representar de forma estilizada o índio Goitacá, com as pernas flexionadas, empunhando arco e flecha. A escultura, que tinha cerca de cinco metros, foi retirada do local em 2016 — ficava no chamado Trevo do Contorno, na entrada da cidade. Foi abandonada a céu aberto no Arquivo Público Municipal. Os restos mortais dela "não estão acessíveis".
A retirada do Índio do Trevo local foi realizada no governo de Roberto Henriques. Segundo Henriques, a decisão se deu após laudo da Defesa Civil, que previa um grave acidente no local, dado o desgaste da estrutura.
Passados 15 anos, Campos ainda está sem uma escultura que represente seus povos originários. Para surpresa da maioria dos campistas, um monumento com os dizeres "Eu Amo Campos" surge no mesmo trevo. Ainda encoberto, já gera polêmica nas redes sociais e sugere que será inaugurado no próximo dia 28, dia oficial do aniversário de 186 anos da cidade.
A ausência do índio na entrada de Campos divide opiniões. Causa indignação de quem gostava daquela homenagem e por outro lado um alívio estético para muitos, com certo conforto histórico, uma vez que o monumento não representava fielmente o índio Goytacá, estando em desacordo com seu biótipo, segundo dados empíricos encontrados no sítio arqueológico do Caju. O monumento atual, embora pouco original e um tanto quanto provinciano, pode agradar. Mas, Campos dos Goytacazes continuará sem uma escultura representativa e que produza a identidade real e necessária.
A demonstração de "amor" em forma de monumento deveria partir de consulta popular, participação do setor cultural e discutida profundamente na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), guardiã das políticas públicas culturais no município. Deveria estar em discussão (sendo executado em momento pós pandemia, pelas prioridades atuais) a criação de novo conjunto escultórico em Campos, mas dessa vez de maneira que atenda os objetivos de valorização das populações nativas e de educação histórico-patrimonial. De preferência localizado na beira do rio, como era a característica do nosso índio, onde era o "porto grande" da cidade, a parte mais importante.
Não só um monumento, mas sim fomentar a criação de um memorial das origens de Campos, indígena e negra.