Cora Coralina: densa, forte, universal e eterna
10/04/2020 19:20 - Atualizado em 04/05/2020 21:59
Cora Coralina
Cora Coralina / Divulgação
Uma das mais consagradas escritoras brasileiras, Cora Coralina continua a encantar leitores de todas as idades. A Sexta-Feira da Paixão (10) marcou a passagem dos 35 anos de morte da poetisa e contista, que ganhou notoriedade nacional em 27 de dezembro de 1980, já com 90 anos de idade, após ser resenhada por Carlos Drummond de Andrade, em sua coluna publicada em um sábado no Jornal do Brasil. “Cora Coralina, para mim, a pessoa mais importante de Goiás. Mais do que o governador, as excelências parlamentares, os homens ricos e influentes do estado. Entretanto, uma velhinha sem posses, rica apenas de sua poesia, de sua invenção e identificada com a vida como é, por exemplo, uma estrada”, afirmou o poeta.
A partir da publicação de Drummond, o noticiário destacava o fato de uma mulher, idosa, do interior do Brasil, que estudou somente até o quinto ano do ensino fundamental, romper a cena literária e começar a publicar a partir dos 75 anos. Não foram, no entanto, as condições socialmente marcadas que fizeram Cora Coralina merecer a atenção de Drummond e, antes do poeta, um encontro com Jorge Amado.
“Cora Coralina tem versos fortes, densos e essenciais. Isso a fez universal. Mulher que dialogou com seu tempo estilístico, abrangendo vários tempos semânticos. Sua vinculação com a terra, o ar, a água, as coisas mais essenciais do humano, fez de sua poesia algo reconhecível para todos”, avalia Cleomar Rocha, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Rocha considera que a visão de mundo de Cora “apontava para uma inteligência madura, simples e densa. E essa densidade e simplicidade que conduziram a poetisa a um contexto de relevância nacional, em franco diálogo com outros nomes importantes da literatura, como Carlos Drummond de Andrade e Jorge Amado”. Para ele, o maior legado deixado por Cora Coralina foi “ver e fazer ver a poesia das coisas simples”. (A.N.)

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