Domingo de Páscoa sem comunhão nas paróquias de Campos e região
Matheus Berriel 08/04/2020 19:25 - Atualizado em 04/05/2020 20:06
Bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrerìa Paz
Bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrerìa Paz / Divulgação
Diocese de Campos suspendeu a comunhão em todas as suas paróquias para os fiéis no próximo domingo (12), quando será celebrada a Páscoa, festividade cristã pela ressurreição de Jesus. A medida foi divulgada pelo bispo Dom Roberto Francisco Ferrería Paz em comunicado datado de terça-feira (07). Devido à pandemia do novo coronavírus, as missas seguem sendo transmitidas pela internet, nos canais de comunicação da Diocese. O mesmo acontece em relação às missas da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Não estão impedidas, contudo, visitas às paróquias durante o período em que estiverem abertas e a solicitação de receber a hóstia individualmente.
— Com a responsabilidade de cuidar da saúde das pessoas, mas também de acatar as normativas sanitárias vigentes, consultamos as autoridades competentes em guardar o isolamento social, sobre a possibilidade da comunhão pascal nas condições propostas que observavam a ausência de aglomerações e a distância social. Foi desaconselhado, pelas autoridades públicas, pelos riscos e pelas condições do processo de embate ao coronavírus, no atual momento. Como a questão que envolve o cuidado com a vida merece a máxima atenção e responsabilidade, temos por bem suspender a comunhão para os fiéis no próximo domingo, em todas as paróquias da Diocese de Campos — diz o comunicado.
Dom Roberto Francisco convidou os fiéis a participarem das missas pelas redes sociais e realizarem comunhão espiritual. “Certamente poderemos, mais adiante, finalizado o isolamento, realizar com muita alegria a comunhão pascal. Era o que tínhamos a manifestar e comunicar. Cristo vive, reina e impera”, escreveu Dom Roberto.
Bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney, Dom Fernando Rifan reforçou a importância de evitar as aglomerações. E citou a possibilidade de solicitação da comunhão individualmente. “As missas são transmitidas pelas redes sociais, sem público, para não haver aglomerações. Mas, a paróquia fica aberta. Se algum fiel quiser, pode entrar, comungar. O que não pode é haver aglomeração”, comentou.
Nesta quarta (08), o pároco da igreja principal da Administração Apostólica Pessoal, Claudiomar Silva Souza, foi entrevistado na primeira edição do Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Entre outros temas, falou sobre as adaptações que têm sido feitas durante a Semana Santa em virtude da pandemia.
— Estamos, com a graça de Deus, vivendo essa Semana Santa atípica. Mas, não deixa de ser a semana mais importante do ano para todo cristão. É a celebração do grande mistério da nossa salvação — afirmou o padre Claudiomar, que manteve o atendimento de confissões tomando algumas medidas necessárias. — Não está havendo cerimônias públicas, porque aglomera. Mas, as igrejas ficam abertas e há confissões durante a semana. As pessoas vão entrando, uma por uma, duas por duas. Eu atendo confissão de máscara, numa distância de uns dois metros do fiel. Todo dia, à tarde, minha paróquia abre. Quem quiser, chega e se confessa. O importante é não aglomerar — enfatizou.
Para o padre Claudiomar, embora tenha impossibilitado a realização de ritos tradicionais da Igreja Católica, a pandemia do coronavírus está causando um redescobrimento do valor da igreja doméstica.
— A fé, dizia o papa Bento XVI, não é um acessório que você coloca para ir à igreja e tira quando sair. É uma dimensão essencial para o seu dia a dia, da sua vida. É muito importante. Deus sabe de todas coisas. Então, de tudo, a gente espera, na providência de Deus, que Ele tire um saldo positivo — ressaltou o padre, considerando ter havido recentemente um distanciamento da religião: — No passado, há um tempo, todo mundo era católico. Você não tinha que fazer muito esforço para as pessoas irem à igreja, todo mundo já ia. No século XX, de muitas revoluções e um grande distanciamento da religião, através do nacionalismo e de tantos erros filosóficos que foram entrando, a sociedade foi se afastando da vida religiosa. Nesse afastamento, começamos a voltar, estamos agora na mesma situação dos cristãos do tempo dos apóstolos. Há um mundo agora que é pagão. Você tem que levar o cristianismo para um mundo que deixou de ser cristão. Aliás, é pior. Antes, o povo era pagão e não conhecia Jesus. Agora, o povo conheceu e deu as costas.

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