Com o fechamento do Teatro de Bolso (TB) Procópio Ferreira no último dia 16, como medida preventiva ao aumento de casos do novo coronavírus em Campos, muita gente não teve tempo para ver a galeria que desde o dia 12 embeleza o foyer do espaço cultural. São seis quadros pintados pelo artista e ator Edeilson Fernandes, instrutor de artes e ofícios e colaborador administrativo do TB. Todas as obras retratam grandes dramaturgos brasileiros, tendo como homenageados Plinio Marcos, Ariano Suassuna, Dias Gomes, Nelson Rodrigues, Mauro Rasi e Gianfrancesco Guarnieri.

De acordo com Edeilson, que além de executor foi o idealizador do projeto, a iniciativa foi tomada após o diretor do Teatro de Bolso, Fernando Rossi, aventar a possibilidade de ceder uma parede ociosa, no acesso do foyer para o hall de entrada da plateia, para artistas da cidade fazerem exposições temporárias. Impedimentos técnicos inviabilizaram a proposta, dificultada pelas dimensões variadas dos trabalhos a serem expostos.

— Daí surgiu a ideia de fazer, nessa parede, uma pequena galeria fixa com telas de dimensões idênticas, homenageando a dramaturgia teatral brasileira. São quadros de 60 x 90 em esmalte acrílico sobre tela resinada, retratando em caricaturas de arte naif os dramaturgos nacionais mais encenados no país — contou o artista plástico.

Para definição dos homenageados, foram levadas em conta a extensão e a importância das obras dos dramaturgos, com abordagens urbanas, familiares, psicodélicas, existenciais e afins. Títulos de famosos trabalhos dos seis autores compõem os quadros junto à representação de seus rostos. A peça “Navalha na Carne”, por exemplo, é lembrada no de Plinio Marcos. “O Auto da Compadecida” se faz presente no de Ariano Suassuna. “O Pagador de Promessas” se destaca entre as criações de Dias Gomes. “Vestido de Noiva” é uma das tantas de Nelson Rodrigues. “A Estrela do Lar” integra a lista que consagrou Mauro Rasi, assim como “Eles Não Usam Black-Tie” em relação a Gianfrancesco Guarnieri.

— Todos (os dramaturgos) são temas de estudos em aulas de expressão literária teatral e têm premiações e encenações internacionais. Alguns perguntarão por que não escolhi autores de Campos, e a resposta é uma só: porque a produção encenada é pequena e praticamente restrita ao âmbito municipal — afirmou Edeilson.

A galeria faz parte do projeto de visita guiada “Abra o Bolso”, que proporciona aos visitantes conhecer as dependências do teatro e ter informações sobre os autores nacionais e suas obras, muitas delas já encenadas ali. A temporada 2020 do TB foi aberta nos dias 12, 13, 14 e 15 deste mês, com reapresentações de “Traídas e traidoras, somos todas Capitus”. O monólogo tem encenação de Katiana Rodrigues, texto de Arlete Sendra e direção de Fernando Rossi. Desde então, a programação está suspensa.

— Estamos todos em suspense. Não sabemos o que ocorrerá daqui para frente. O aniversário de 52 anos do teatro será no dia 13 de abril. Havíamos planejado uma vasta programação, que teve sua abertura no dia 12 de março e iria até 19 de abril, mas, infelizmente, por enquanto está adiada — comentou Fernando Rossi.

Para o último final de semana de abril, está programada a abertura dos espetáculos contemplados pelo edital de ocupação do primeiro semestre. A tendência é que haja alteração nas datas.

— A nossa ideia, caso toda essa situação se resolva e tudo volte ao normal, é transferir as celebrações para julho, realizando um Festival de Inverno comemorativo pelos 52 Anos do Teatro de Bolso. Vamos torcer, porque o sentimento atual de todos é de profunda frustração. É muito triste ver o teatro sem seu público — finalizou o diretor do espaço.