A importância do radioamador
Alberto Rosa Fioravanti 25/03/2020 15:36 - Atualizado em 04/05/2020 20:17
O radioamadorismo é um hobby técnico-científico e um serviço de telecomunicação (serviço de amador e amador por satélite). É praticado em quase todos os países do mundo por pessoas habilitadas e licenciadas pelas autoridades de telecomunicações para a intercomunicação e estudos técnicos sem motivo de lucro. O radioamadorismo possui legislações nacional e internacional que regulamentam as condições de uso e as frequências de rádio destinadas à atividade que obrigatoriamente devem ser seguidas pelos praticantes, chamados de radioamadores. O radioamadorismo não deve ser confundido com o Serviço Rádio do Cidadão (conhecido como PX no Brasil) ou Serviço Limitado Privado (exercido nos comunicados via rádio por categorias profissionais como motoristas, taxistas, caminhoneiros, etc.).
É possível afirmar que o radioamadorismo começou juntamente com as primeiras emissões de rádio no final do século XIX. Como ainda não existiam fábricas de rádios até então, mas a curiosidade na comunicação à distância era crescente, diversas pessoas começaram a montar seus próprios equipamentos e antenas de forma caseira a título de experimentos, e deu-se então o início desse hobby que se tornou conhecido mundialmente.
Em 02 de janeiro de 1909, nasceu nos Estados Unidos o Junior Wireless Club, que é considerado como o primeiro radio clube mundial (que depois foi renomeado para Radio Club of América) a aglutinar os interessados na atividade radio amadorística. Com o crescimento de atividades nas frequências de rádio, o senado norte-americano publica em 13 de agosto de 1912 o “Radio Act”, que foi a primeira lei que regulamentou as comunicações de rádio no país.
O que é um radioamador?
Entende-se como radioamador o aficionado pelos estudos de transmissão e recepção de ondas eletromagnéticas, bem como a criação e aperfeiçoamento de novos modos e protocolos de comunicação de sinais, voz, dados ou imagem, em frequências compreendidas entre 30 kHz e 4 GHz. A atividade de um radioamador é interpretada por muitos cidadãos comuns como um hobby simples, uma forma vulgar de matar tempo ou até mesmo um desporto. Mas, por definição, radioamador é aquele que utiliza de seus equipamentos de radiocomunicação, amparados por licença de operação emitida pelos órgãos de regulamentação de telecomunicações dos países, sem fins comerciais, mas com finalidade de estudos, aprimoramento pessoal e integração entre os povos.
O radioamador é a pessoa habilitada pelos órgãos nacionais competentes a operar uma estação de rádio, nas frequências delimitadas pelos órgãos governamentais competentes para tal. No Brasil, essa função está a cargo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), seguindo padrões mundiais da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Em tais frequências, não é permitida a operação para fins comerciais ou desviada para qualquer outra finalidade. Vale lembrar também que os radioamadores cumprem a nobre função de serem a reserva das comunicações, das quais possuem as noções e experiência, em caso de falha dos meios oficiais de comunicações.
Há quem veja o radioamador como um ser estranho, um tipo que de alguma forma gosta de se comunicar com pessoas que não conhece e de escutar conversas de outros radioamadores onde a sua presença é desconhecida. Algumas vezes, o radioamador também não colhe as melhores simpatias nos vizinhos, que abominam as horríveis antenas nos telhados e ganham problemas nervosos com as interferências nas televisões. Mas, hoje em dia, com o melhoramento dos equipamentos receptores de TV, que obedecem a normas modernas de construção, as interferências são mais raras. Também o melhoramento na distribuição do sinal de TV contribuiu significativamente para o fim das interferências e, por estes aspectos, a harmonia passou a existir entre vizinhos. Em Portugal, hoje há cerca de 5 mil radioamadores licenciados, embora muitos deles apenas com atividades esporádicas. Ainda é possível reunirem-se, nas ocasiões e eventos levados a cabo pelas associações, centenas de radioamadores a confraternizar, chegando mesmo a contar com acompanhamento televisivo, tal é a importância do evento.
Curiosamente, no “ar” onde correm as ondas hertzianas, há muito pouco tráfego. Isto se deve em grande parte à simplicidade das novas tecnologias como a internet e os baixos custos dos telefones portáteis que vieram fazer com que muitos radioamadores cessassem as suas atividades, o que em verdade serviu para selecionar dentre os radioamadores aqueles que realmente gostam do radioamadorismo na sua essência.
Até o ano de 1924, o radioamadorismo no Brasil não era regulamentado pelo Governo, fato que ocorreu em 05 de novembro daquele ano, quando foi publicado no Diário Oficial da União o decreto 1665, que “approva o regulamento dos serviços de radiotelegraphia e radio telefonia”, e somente revogado em 15 de fevereiro de 1991. A data de 05 de novembro foi escolhida pela Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (Labre) para se comemorar o Dia do Radioamador, em gratidão ao decreto que regulamentou o radioamadorismo no Brasil.
No mundo, o radioamadorismo foi responsável pelo avanço de muitas tecnologias. Os radioamadores desenvolveram a base da radiocomunicação desde seu início, e se não fossem as técnicas desenvolvidas pelos radioamadores, a internet, por exemplo, possivelmente não existiria hoje ou demoraria muito mais para ser desenvolvida. Atualmente, no Brasil, existem cerca de 50 mil radioamadores licenciados espalhados pelo território nacional, e eu sou um deles. Meu prefixo é PY1BD, e graças às minhas comunicações como radioamador, numa época em que não existia celular e internet, eu fiz amizades em varias partes do mundo, com quem eu conversava regularmente. Desejo felicidades a todos os radioamadores!

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