Emaranhados ainda incomodam
Camila Silva 20/07/2019 15:18 - Atualizado em 21/07/2019 15:43
Genilson Pessanha
Ao olhar para o céu, um emaranhado de fios atravessa as ruas e se amontoa em postes. Além do problema estético, instalações têm risco de curto-circuito, que geram acidentes e interrupção do serviço. Para especialista, bairros construídos com planejamento têm menos riscos de problemas deste tipo. Uma alternativa é a passagem subterrânea dos cabos, mas a medida ainda é exceção em Campos. Não é o caso do Centro antigo do município que, apesar de ter tido um projeto de revitalização que previa a realização de revisão da rede elétrica, ainda mantém estrutura antiga. Em março deste ano, a Folha publicou matéria sobre a situação e quatro meses depois nada foi mudado. Segundo a Enel Distribuição Rio, concessionária de energia, somente no município de Campos, em 2019, foram realizadas 121 ações de regularização em postes da rede de cabeamento elétrico aérea.
Quem passa pela rua João Sobral Bittencourt, no Parque Dom Bosco, com um olhar mais atento percebe uma fachada limpa em frente ao edifício Portal do Tamandaré. O prédio é o único da rua e dos poucos do município com cabeamentos de energia, telefonia e internet subterrâneos. “Confesso que não tinha visto antes, mas realmente fica bonito, né? Dá para ver a fachada, não tem esses fios cortando o horizonte”, contou Maria Dias, vizinha do imóvel, que passava pelo local na tarde da última sexta-feira.
Diferente da rua no Parque Dom Bosco, na área central o emaranhado é comum com os fios expostos. Alguns transtornos chegaram a ser registrados neste ano. No dia 20 de junho, a fiação em um poste na rua Tenente Coronel Cardoso, em frente ao Colégio Eucarístico, chegou a pegar fogo e até a tradicional procissão de Corpus Christi teve seu percurso prejudicado por conta do problema. Já no dia 26 de fevereiro, outro poste pegou fogo na mesma rua, próximo ao Mercado Municipal.
O técnico de Eletrotécnica Claudeci Rodrigues, a fiação exposta é suscetível ao vandalismo e problemas naturais, como ventos, o que gera a necessidade de manutenções constantes, encarecendo os custos para manter tudo operando normalmente. “A parte de telefonia tem uma tensão de 45 volts, é pouco, mas pode gerar acidente, principalmente quando passa junto com a rede elétrica. Infelizmente as duas redes passam juntas. Hoje em dia, a rede elétrica está passando mais alta e aí diminui o risco. Os bairros novos, com novas instalações, estão seguindo mais regras de segurança, mas os mais antigos ainda têm muitos problemas”, afirmou.
Genilson Pessanha
A Enel Distribuição Rio afirmou que realiza regularmente ações de fiscalização das redes de telecomunicação instaladas nos postes da distribuidora de energia em toda a sua área de concessão. “O objetivo da iniciativa é ordenar a estrutura da fiação nos postes e retirar a fiação e equipamentos que estejam em situação irregular. Somente no município de Campos, em 2019, realizamos 121 ações de regularizações. E outras ações estão programadas para toda a área de concessão. Além disso, a ação pretende reduzir a poluição visual da rede no estado e os riscos de acidentes envolvendo cabos soltos de telefonia. As empresas de telecomunicações foram previamente notificadas sobre a ação e sobre as normas técnicas da companhia para uso e compartilhamento dos postes”, informou em nota.
Os postes são compartilhados entre a empresa de fornecimento de energia e de telecomunicações. De acordo com as resoluções conjuntas da Agência Nacional de Energia Elétrica e da Agência Nacional de Telecomunicações, as empresas que utilizam a estrutura devem seguir o plano de ocupação e as normas técnicas da distribuidora local. Segundo as normas técnicas da companhia, podem ser feitas 6 ligações em um poste: 5 de empresas de telecomunicações, 1 da Enel, e a distância mínima para a fiação de baixa tensão em via urbana, entre a rede elétrica e de telecomunicação, é de 6 metros. (C.S.)
 
 
Revitalização do Centro segue parada
As obras de revitalização do Centro Histórico de Campos, iniciadas em junho de 2012 e com previsão inicial de término para maio de 2015, seguem paralisadas desde 2016. Segundo a secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, já foram gastos R$ 33.441.693,98 de dinheiro público na intervenção. A secretaria informou, ainda, que a obra do foi paralisada no final da gestão passada. A falta de avaliação do projeto de revitalização foi apontada pela distribuidora de energia elétrica como um dos motivos dos atrasos no andamento das intervenções na área central.
Em relação às obras no Centro de Campos, a Enel afirmou, apenas, que as intervenções envolvendo a rede subterrânea não foram concluídas devido a pendências técnicas, de responsabilidade da Prefeitura.
Segundo nota enviada pela superintendência de Comunicação da Prefeitura de Campos, “o município vive uma realidade financeira diferente da que viveu no início desta obra e lamenta que a mesma não tenha sido concluída dentro do prazo contratual. A obra teve início em 2013 com prazo inicial de dois anos, tendo sido prorrogado posteriormente”.

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