Som na casa de Pezão custou R$ 300 mil
30/11/2018 22:53 - Atualizado em 03/12/2018 17:39
Reprodução Globo
As denúncias que encorparam a operação Boca de Lobo, que levou à prisão o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), continuam se avolumando. Em depoimento à Polícia Federal (PF), o empresário César Augusto Craveiro de Amorim, diretor da empresa High End, confirmou que recebeu R$ 300 mil em dinheiro vivo de Carlos Miranda, operador do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), para realizar uma obra de instalação de um sistema de som na casa de Piraí do governador Pezão. Em seu depoimento à PF, no entanto, Pezão negou ter recebido outros pagamentos do grupo e disse que não faz parte da organização criminosa investigada no caso.
As declarações de César Amorim confirmam as suspeitas dos investigadores de que a obra na casa de Pezão foi bancada com dinheiro da organização criminosa liderada por Cabral. Segundo o empresário, ele instalou um sistema de “home theater” e som ambiente na área de lazer da casa de Pezão em 2009, a pedido de Cabral e com o consentimento do atual governador. Na época, Cabral era governador do Estado e Pezão, seu vice.
Após a realização do serviço, Miranda foi encarregado de operar o pagamento em dinheiro vivo e sem emissão de nota fiscal, por isso houve um desconto de R$ 50 mil - seria R$ 350 mil e ficou por R$ 300 mil, disse Amorim.
Outro - A juíza Mirela Erbisti, titular da 3ª Vara da Fazenda Pública da capital, concedeu liminar quinta-feira, dia 29, determinando a indisponibilidade cautelar de bens do governador Luiz Fernando Pezão no valor de R$ 8.937.000,00, além de bloqueio de suas contas bancárias. A decisão também foi comunicada ao Detran para a restrição a veículos que estejam no nome de Pezão.
A liminar atende pedido do Ministério Público estadual (MPE), que ajuizou Ação Civil Pública contra o governador Pezão por improbidade administrativa nas obras de reforma do Maracanã, onde teria ocorrido prejuízo de quase R$ 3 bilhões aos cofres públicos.
Cardápio simples teve café com leite e pão
O primeiro dia do governador na unidade prisional da Polícia Militar, em Niterói, foi bem diferente da rotina a qual ele está acostumado.
O cardápio do café da manhã foi café com leite e pão com manteiga, que é posto no rancho (refeitório do quartel) e onde os presos precisam se servir.
Na manhã de quinta-feira (28), quando os policiais federais chegaram ao Palácio Laranjeiras com a ordem de prisão, o governador pediu que os policiais esperassem para que ele pudesse tomar o café da manhã.
Por ser governador do estado, Pezão tem direito a ficar sozinho em uma sala especial, com cama e vaso sanitário. Mas ele precisa cumprir as demais regras da prisão, como andar em fila indiana e tomar banho de sol pelo menos uma vez por dia.
Pezão chegou à unidade no fim da tarde de quinta e teve direito à refeição noturna: arroz ou macarrão, feijão, farinha, uma carne, legumes, salada, sobremesa e refresco.
Todo preso tem de se submeter a uma triagem quando entra no sistema carcerário. O detento precisa ser avaliado por médico, dentista, assistente social e psicólogo antes de ser liberado para circular mais livremente.
Delação “requentada”, afirmou governador
A delação do ex-operador financeiro de Sérgio Cabral, Carlos Miranda, foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal e utilizada como base para a operação Boca de Lobo. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Pezão teria recebido R$ 39 milhões entre 2007 e 2015, e comandado um novo esquema de corrupção após a prisão de Sérgio Cabral.
Os advogados de defesas do governador, Flávio Mirza e Diogo Malan, afirmaram em nota que Pezão respondeu a todas as perguntas e negou, “veementemente”, as acusações.
Chamado como “homem da mala” de Sérgio Cabral, Miranda também disse na delação que o governador Pezão guardou R$ 1 milhão em propina com um empresário do Sul Fluminense. Ele teria recebido o dinheiro em três parcelas, de acordo com Pereira.
Anteriormente, Pezão negou as denúncias: “É a terceira vez que sai! Requenta da requenta”, disse ele, querendo dizer que a informação era “requentada”. Pezão negou, em qualquer momento, ter tido contas no exterior.
 
 
(S.M.) (A.N.)

ÚLTIMAS NOTÍCIAS