Cláudio Nogueira e Gabriel Torres
- Atualizado em 24/05/2025 08:30
Vereador Alan de Grussaí
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Foto: Divulgação
O vereador de São João da Barra, Alan de Grussaí (União), foi o entrevistado dessa sexta-feira (23) do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Parlamentar de segundo mandato, ele analisou o segundo governo da prefeita Carla Caputi (União) e a gestão da presidente da Câmara, Sônia Pereira (PT), além de problemas enfrentados pelo município, como o avanço do mar e o abastecimento de água. Também analisou as disputas pela presidência, ao governo do Estado e às vagas na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em 2026.
Eleições 2026 — “No tabuleiro hoje e no quadro que se encontra hoje, nem Bruno Dauaire e nem Carla Machado conseguem repetir a votação aqui na cidade de Campos. Bruno acho que fez quase 50 mil votos e a Carla Machado fez quase 18 mil. Eu acho muito pouco provável, pelos nomes que vão surgindo novos, pela atuação também na Alerj. Em São João da Barra, Bruno, se eu não me engano, está no terceiro mandato como deputado. Sempre tem boa votação lá, que o pai dele, o avô dele, já foi prefeito da nossa cidade. Mas você vê que não é muito atuante, não tem nada implantado dentro do município. Só aparece na hora do voto. A gente vê que São João da Barra não tem uma ação de um deputado estadual, não implantaram nada lá, não levaram o governo do Estado para nossa cidade. Nenhum posto Detran nós temos no nosso município. O município que tem o Porto do Açu, tem um orçamento de quase R$ 1 bilhão e nós não temos o governo do Estado dentro do nosso município. Então, vai ser difícil os deputados conseguirem a votação, porque a população hoje tem muita informação, estão ligados no que está acontecendo. Vão dar oportunidade aos novos”.
Eleição estadual — “Tem o Eduardo Paes, que é o prefeito do Rio. Na capital, tem mais nome do que Rodrigo. Mas Rodrigo Bacellar vem construindo isso aí nas articulações. Foi reeleito presidente da Alerj. Não foi reeleito de qualquer maneira, foi unânime, 70 votos. Acho que na história foi a única vez. Está mostrando pra que veio, não veio pra brincar, está no jogo pra jogar, e é um articulador nato. Então, essa é uma briga muito interessante. Tem o posicionamento do prefeito Wladimir Garotinho. Porque ambos, Rodrigo Bacellar e o Paes, gostariam muito de ter Wladimir Garotinho na chapa, talvez como um vice, um pré-vice ali, que aqui no Norte e no Noroeste está se destacando. É a maior cidade do estado, do interior do estado. Uma das maiores do estado do Rio. Se eu não me engano, acho que é a sexta. Todo mundo quer o prefeito Wladimir Garotinho como vice para compor a chapa. No Norte e Noroeste aqui, que são quase mais de um milhão de habitantes. Ele é muito popular o prefeito Wladimir. Lógico que Rodrigo estava namorando ele e o Paes também. Mas ele acho que já se decidiu, falou que com o Rodrigo ele não vai caminhar. Ele não falou que vai caminhar com o Paes, mas deu a entender que o pé dele está lá com Paes. Mas vai ser uma disputa muito importante, é capital contra interior. O Rodrigo não está aparecendo bem nas pesquisas, porque também está iniciando ainda. Vai sentar ainda como governador, tem muita coisa a acontecer”.
Governo Carla Caputi — “São João da Barra e toda a região ali vem sofrendo a mudança para melhor. Foram muitos bairros calçados, pavimentados, muitas obras paralisadas há muito tempo que ela deu seguimento, inaugurou. Vou citar alguns exemplos aqui, o ginásio de esporte, que estava interditado há quase 10 anos, a Genecy Mendonça na entrada da cidade ali, que ela tem participação, inaugurou ali, está uma avenida, a gente fala que é a Arthur Bernardes de São João da Barra. Então a prefeita vem fazendo um bom trabalho. Lógico que nunca está bom. A gente sempre cobra mais. Nunca está tão bom que não possa melhorar. Mas ela está no caminho certo”.
Espaço para os suplentes — “Agora é o início de um novo mandato. É lógico que tem mudanças, tem que mudar algumas coisas. Dar espaço aos suplentes, às pessoas que chegaram para o grupo agora. Mas ela está se saindo bem. Ela é uma prefeita humana, que tem uma visão muito importante para o futuro da nossa cidade, muito preocupada. E eu, como vereador, ex-presidente da Casa, voto com o governo, estou na governabilidade. Ela é minha amiga particular, sou muito amigo do pai dela, ex-vereador Caputi, teve quatro mandatos em São João da Barra, é uma família tradicional na política. Está no início, está fazendo algumas mudanças ainda, mas acredito que sejam mudanças para melhor. E as obras em São João da Barra não param”.
Construção do Hospital — “Ela (Carla Caputi) nos pediu ajuda para esse ano, porque 50% da emenda individual e a de bancada, 50% vai para a área da saúde. Então ela pediu aos nove vereadores no final do ano passado que pudesse ajudar na construção do hospital. A gente poderia colocar nossas emendas para a saúde, para a construção do hospital. Imediatamente, os nove vereadores, na legislatura passada, nós alocamos nossas emendas. Cerca de 9, 10 milhões de reais para a ajuda da construção do Hospital Municipal de São João da Barra. Então tem que ter essa parceria, poder Legislativo, Executivo, cada um com a sua autonomia, mas parceria sempre”.
“SJB cresce, mas não desenvolve à altura” — “Erros é difícil apontar para um gestor, eu que faço parte do governo. Mas acho que tem coisa que tem que avançar mais, que está muito parado dentro de São João da Barra. A nossa cidade cresce, mas não está desenvolvendo a altura. Eu vou citar exemplos aqui sobre o saneamento básico, água potável, que não avança. Nós não aderimos àquela consórcio da Cedae. Não aderimos e nós não temos uma solução. Fizemos um estudo lá, vai fazer dois anos, da FGV. E até hoje a secretária de meio ambiente, a Marcela Toledo, aqui uma crítica construtiva, porque eu penso na nossa cidade, no desenvolvimento. E até hoje nós não obtemos a resposta sobre o norte que nós vamos fazer com a água potável, saneamento básico”.
Serviço da Cedae — “A Cedae presta um péssimo serviço dentro de São João da Barra e está na hora de ou municipalizar ou criar outra concessão, ou licitar. Tem que dar um norte, e o quanto antes, porque isso daí se arrasta há vários anos. Eu não me lembro quando foi aquele leilão da Cedae, mas eu acredito que faz dois anos. Nós não temos norte. Então pedir a secretária de meio ambiente, a Marcelo Toledo, que dê uma solução. Explicação as pessoas já estão enjoadas de ouvir, porque não chega água na torneira delas. Mas tem que dar uma solução. São João da Barra é uma cidade pequena, pequena que eu falo em tamanho, não é uma coisa extraordinária como a complexidade que tem a cidade de Campos, o tamanho que tem Campos. São João da Barra, então, era já para ter avançado bastante. Vai fazendo por etapa, por distrito, vai ali no segundo distrito, Atafona, resolve aquela situação, junto ali com o Chapéu de Sol, vai engrossar aí do outro lado da lagoa e resolva. No quinto distrito, o pessoal sofre”.
Mudanças no governo — “Ela não fez as mudanças ainda que falou que ia fazer. Eu acho que está aguardando também, porque é tudo novo. Hoje estamos no quinto mês, algumas partes que a gente pensava que ia mudar, eu acredito que ela vai fazer algumas mudanças até para abrir espaço. Eu acho que tem que fazer as mudanças onde não entregou o resultado, acho que tem que mudar, porque nenhum poder é para sempre. Os secretários têm que entregar, têm que ter meta, têm que ter resultado. Porque não adianta eu colocar um secretário que não está me dando resultado, não tem meta, não tem projeto”.
Presidência de Sônia Pereira — “Soninha está no seu quarto mandato, tem uma experiência, já tinha sido duas ou três vezes vice-presidente da casa. Hoje somos treze vereadores, na outra legislatura eram nove. Mas cada presidente tem sua gestão, seu modelo de gestão. Eu tive a minha oportunidade, como o Elísio teve a dele. O Aloysio Siqueira teve a dele. Agora a Soninha está tendo a dela. E a gente só pede que seja transparente. O objetivo da Casa de Leis é atender o povo, ter autonomia, pensando sempre no coletivo, pensando sempre na nossa cidade. E com muita responsabilidade, com muito zelo com dinheiro público”. Nota para Sônia e Caputi — “Para a Sônia eu vou dar nota 8, para a prefeita eu vou dar nota 10. Porque é a prefeita, lógico que a gente não acerta em tudo. Mas a boa vontade, o diálogo, é uma prefeita que dá atenção, dá voz aos vereadores, aos secretários. A prefeita tem um carinho muito grande com São João da Barra. Isso eu não tenho dúvida e tenho certeza que ela vai avançar muito mais ainda”.
“Cedae tem que sair” — “Eu acho que ali a solução é resolver o problema. Uma vez se abrir uma concessão ou municipalizar. A Prefeitura tomar conta da água municipal, lógico que vai ter que montar uma equipe especializada, qualificada, técnica para esse fim. Ou licitar, abrir uma licitação ali para ver se uma empresa tome conta daquela água de São João da Barra. Por quê? A Cedae tem que sair. O que eu tenho de certeza é que a Cedae sai. Se vai municipalizar, se vai licitar, se vai abrir nova concessão, quem quer que ganhe, quem quer que tome conta, tem que resolver o problema da água municipal e do saneamento base no esgoto. Porque não adianta colocar água e não tiver um esgoto adequado e próprio”.
Avanço do mar — “Ali é uma área marítima, do governo federal. Mas nós, enquanto município, também temos nossas responsabilidades em divulgar, dar voz à população de Atafona. E no Açu também estamos sofrendo lá o avanço do mar. Eu não tenho estudo técnico que aponte isso, não tenho essa informação, mas tudo leva a crer por causa do Porto Açu, porque fez ali o Porto e mexeu muito com a corrente marítima, então o mar no Açu está avançando. O que é a minha visão? Alguma coisa tem que ser feita, e já era para ter sido feita. Acho que tem que começar pelo estudo, mas é para ontem. Tem que contratar uma equipe para fazer esse levantamento, se tem corrente, como que vai ser feito, se vai dar certo. Mas só vamos saber se vai dar certo se a gente tentar e se a gente também tiver projeto. Não adianta em uma comitiva, que eu já fui, já participei de uma reunião, o ministro. E chegou lá, a gente não tinha um estudo pra gente mostrar. Porque o dinheiro só sai de Brasília, o governo federal só investe onde tem um projeto”.
Soluções para Atafona — “Nós temos a tecnologia, nós temos o estudo hoje, que mostra o norte certinho. Penso que nós temos que fazer um estudo bem qualificado, colocar a pasta embaixo do braço, tudo pronto, tudo feito, poder Executivo, poder Legislativo, pedir ajuda ao governo do Estado também, que tem voz em Brasília. E chegando lá em Brasília, já com um projeto, se a obra for R$ 150 milhões, R$ 200 milhões. “Ah, que a obra vai durar 20 anos”. Daqui a 20 anos a gente faz outro estudo e a gente vê como que vão fazer para a gente ajudar a Atafona, ajudar São João da Barra. Mas acho que tem que ser imediato. Não é de hoje que o mar vem avançando, mas nada é feito”.
Porto do Açu — “O Porto está implantado dentro do nosso município, mas para toda a região foi muito importante e está sendo muito importante. Na empregabilidade, nas oportunidades. São João da Barra hoje é visto. Quando nós vamos à Brasília, quando se fala de São João da Barra, o pessoal logo fala Porto do Açu. O Porto do Açu hoje é de muita importância. Por exemplo, o nosso município arrecadou só através do Porto, em impostos, mais de R$ 100 milhões no ano passado. Então, olha só a importância da arrecadação do município, a empregabilidade, o desenvolvimento que acontece e a cadeia de empregos. Às 4h, 5h horas da tarde, vamos na saída do porto, vem muitos ônibus para Campos, muitos trabalhadores da nossa região. Não é só importante para São João da Barra, é importante para toda a região. Tem trabalhador de Campos, tem trabalhador de São Francisco. As pessoas que estudaram, que se qualificaram, têm oportunidade na porta de casa. Mas tem que fazer mais investimento no poder público, nas vias, na infraestrutura, nas localidades”.
Eleição presidencial — “Eu acho que vai vencer não o melhor, mas o menos pior. O menos pior, porque a rejeição hoje do governo federal, governo Lula, é uma das maiores desde 2002, quando ele foi eleito pela primeira vez. Um governo já desgastado, teve muitas denúncias, muitos problemas a nível nacional e escandaloso. Teve agora essa última do governo federal, o INSS, esse escândalo que tirou o dinheiro dos aposentados. Tirou não, roubaram o dinheiro dos aposentados. E a gente vê também que nada foi feito. O Carlos Lupi pediu exoneração, mas eu acho que o Lula que tirou. Mas o STF não cobrou explicação de ninguém. Então é fácil roubar e depois falar que vai devolver. Eu roubei uma geladeira numa loja e depois eu vou lá, descobriram que eu roubei, e vou falar que eu vou devolver e não sei o dia. E eu não sou chamado nem na delegacia. Então é uma coisa muito aberta. E tem o outro lado também de Bolsonaro, está inelegível. Bolsonaro também errou bastante enquanto presidente, mas eu acho que ele foi ainda menos pior do que Lula”.