Futuro do futebol feminino em Campos
Maria Laura Gomes - Atualizado em 07/02/2025 16:45
Divulgação
O futebol feminino em Campos tem experimentado um crescimento nos últimos anos, refletido não apenas no aumento de jogadoras, mas também na criação de novas oportunidades e na busca por maior visibilidade para as equipes e atletas locais. Embora o esporte ainda enfrente obstáculos, como a desigualdade de gênero e a escassez de investimentos, o cenário tem se transformado graças a iniciativas de clubes e parcerias estratégicas que visam garantir um futuro promissor para o futebol feminino na cidade.

A cidade, que sempre teve uma forte tradição no futebol masculino, começa a ver suas jogadoras se destacando e ganhando espaço. O Americano, um dos clubes mais tradicionais de Campos, tem sido um grande aliado dessa mudança. O presidente do clube, Tolentino Reis, fala com entusiasmo sobre o potencial das atletas e sobre os planos para 2025, visando o desenvolvimento do futebol feminino. “As meninas mostraram pra gente que têm um grande potencial dentro do clube e, claro, o nosso dever é acreditar e investir em 2025 para que, em um curto prazo, elas ganhem não só o cenário campista, mas os holofotes nacionais”, afirma Tolentino. Ele também comenta sobre uma iniciativa importante do clube: a busca por parcerias com universidades. 

No entanto, Tolentino reconhece que o caminho para a igualdade entre o futebol feminino e masculino ainda é desafiador. “As dificuldades são enormes. O futebol feminino ainda é uma barreira. O futebol masculino é muito mais desenvolvido. A gente sabe que existe um crescimento sim, mas é lento”, explica ele. Apesar disso, ele vê um futuro promissor, especialmente com a proximidade da Copa do Mundo de Futebol Feminino, que pode abrir portas para o esporte local. O presidente também fala sobre o apoio institucional necessário para o crescimento do futebol feminino em Campos. “Eu estou no primeiro ano como presidente, a gente está dando uma arrumada na casa, mas eu tenho conversado com o prefeito, que sempre se colocou à disposição para ajudar o clube”, conta ele. “Todo apoio que vier por parte do poder público é não só importante, como fundamental para o futebol feminino”, completa. Essa parceria entre clubes e o poder público é vista como essencial para o fortalecimento do esporte, especialmente para as categorias de base. O futebol, para Tolentino, tem um papel social importante, pois “afasta das drogas, tira das ruas, e o esporte é vida.”

Apesar do crescimento, as jogadoras de Campos ainda enfrentam desafios significativos. Thaylla Manhães, zagueira e volante do Americano, comenta sobre as dificuldades que as atletas locais encontram. “Tem pouca visibilidade e enfrentamos desigualdade de gênero, como discriminação e preconceito. Algumas jogadoras sentem que outras pessoas têm atitudes negativas em relação ao fato de sermos mulheres e jogarmos futebol”, revela Thaylla, que também fala sobre o que o futebol significa para ela. “Quando estou mal, é o futebol que me traz a alegria de volta. Futebol está muito além do que só correr e chutar uma bola. Esse esporte é tudo para mim.” Ainda assim, ela sente que o cenário está mudando. “No geral, sim, sinto que as pessoas estão apoiando mais e divulgando sobre o futebol feminino”, afirma a jogadora, indicando que a visibilidade do esporte tem aumentado na região.

A IV Copa Norte Noroeste de Futebol Feminino, que será realizada em abril, também promete dar um novo impulso ao esporte na região, com equipes de Campos, como o Americano e o Goytacaz, além de equipes de outros estados. A competição, sem limite de idade, busca incluir jogadoras de diferentes categorias, estimulando o interesse pelo esporte e ampliando as oportunidades de visibilidade para as atletas.

Para aumentar a visibilidade do futebol feminino em Campos, a cidade precisa apostar em algumas ações estratégicas, de acordo com Sofia Martins, treinadora e educadora física. Ela acredita que mais ações precisam ser feitas para aumentar a visibilidade do futebol feminino. “A criação de campeonatos regionais, que envolvam equipes de outras cidades, também ajudaria a atrair mais público e a gerar uma competição mais acirrada. Além disso, é fundamental que os jogos locais tenham mais espaço na mídia, com parcerias entre a prefeitura, clubes e a mídia local”, finaliza.

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