A vida por detrás da venda de doce nos sinais
Yasmim Lima 05/02/2025 08:38 - Atualizado em 06/02/2025 13:15
Marcia Cristiane, 47 anos
Marcia Cristiane, 47 anos / Foto: Rodrigo Silveira
Quem passa pelos semáforos de Campos todos os dias, provavelmente já notou a presença de pessoas vendendo produtos. São doces, água, frutas e até panos de prato para cozinhas. Alguns desses ambulantes tiram das vendas nos semáforos o seu sustento, outros trabalham para complementar a renda no final do mês. Tem até os que trabalham para custear os estudos ou ajudar a família.

Em cada ponto ou esquina movimentada, uma história de vida diferente. É o caso de Marcia Cristiane de 47 anos, moradora de Travessão, em Campos, que trabalha há mais de 10 anos vendendo balas na região central da cidade. No semáforo da rua Marechal Floriano esquina com a rua Saldanha Marinho, Márcia conta que vende cocadas e balas para complementar o dinheiro no final do mês.

“Conclui só ensino médio e já trabalhei faxinando aqui e ali, trabalhei com vendas de produtos da Avon, também já panfletei na rua e fui tentar a vida, não deu certo, fiquei com uma filha e depois comecei vendendo doces nos semáforos. Eu comecei quando minha filha tinha 4 anos, hoje ela tem 17, tem bastante tempo. Hoje em dia as vendas são um ganho a mais para o sustento, tenho o Bolsa Família, que não é tanto, mas ajuda um pouquinho e estou tentando um concurso público. Inclusive, eu tentei até fazer o último concurso para agente de combate à Dengue, mas adoeci, fiquei de cama e não pude fazer. Agora estou esperando os próximos virem para tentar fazer, para ser concursada e sair dos sinais. Não tenho curso, não tenho nada, mas pelo menos posso fazer um concurso. Não desisto não e não pode desistir”, contou.
Marcia Cristiane 47 anos
Marcia Cristiane 47 anos / Foto: Rodrigo Silveira
Marcia Cristiane destacou ainda que tem dias de muitas vendas e dias de poucas, mas ainda assim, o movimento é muito bom.

“Eu vendia o amendoim mendorato, só que ele é quente e no calor, o pessoal não compra. Então comecei a vender outras coisas e até que está saindo bem. Tem dias de muito, dias de pouco e dias de nada. Hoje mesmo está tendo um vencimento a mais. Já trabalhei em outros sinais como em frente ao Jardim e na rua 7 de Setembro, mas eu nunca saio do ponto que eu sempre trajetei, porque aqui as pessoas passam a te conhecer e a gente passa a ter uma clientela”, explicou Marcia.
Laila Pinto, 23 anos
Laila Pinto, 23 anos / Foto: Rodrigo Silveira
Outra vendedora que tira das vendas das ruas o sustento do mês é a jovem Laila Pinto de 23 anos. Nascida em Rio das Ostras e com a família moradora da cidade de São João do Paraíso, distrito de Cambuci, Laila foi criada pela avó.

“Eu nasci em Rio das Ostras, mas fui criado com minha avó em Campos, sempre morei aqui e tenho minha mãe em São João do Paraíso. Nos sinais eu trabalho para comprar e pagar as minhas coisas. Minha vó veio a falecer e fiquei sozinha. Eu estudei até a sexta série e não tem emprego, então tenho minhas coisas para pagar, coisas para comprar e eu não tive o que fazer, fui vender docinho. Já trabalhei duas vezes, uma vez em uma firma na cidade da minha mãe e outra no Instituto Federal Fluminense (IFF) na 28 de Março, na área de limpeza, a empresa teve corte de funcionário, mandou todo mundo embora e fui vender nas ruas. Está muito difícil, porque o desemprego está osso, você coloca o currículo e ninguém chama e tem as coisas para pagar. Hoje o meu sustento é daqui, tenho só eu. Eu trabalho para me sustentar e pagar minhas coisas. Comecei neste sinal já tem muitos anos. Eu já rodei esses sinais todos trabalhando”, falou Laila.
Laila Pinto 23 anos
Laila Pinto 23 anos / Foto: Rodrigo Silveira
Ela ainda explica que mora em Guarus, próximo ao Hospital Geral de Guarus, e todo os dias vende seus produtos na rua Antônio Alves Cordeiro, equina com Avenida 28 de Março.

“Eu fico nesse sinal todos os dias e o dia inteiro. Vendo balas, cocadas, amendoim, cada dia trago uma coisa diferente para as pessoas não enjoar. Mas eu penso em encontrar algo melhor, tentar outra coisa. Estou até vendo para fazer um supletivo de noite, trabalho no sinal de manhã e de noite estudo”, relatou a jovem.

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