6/01: um ano após a invasão do capitólio, a extrema-direita continua a mesma nos EUA e no Brasil
Edmundo Siqueira 06/01/2022 12:36 - Atualizado em 06/01/2022 13:32
Stephanie Keith - 6.jan.21/Reuters

Washington, 6 de janeiro de 2021. Algo impensável acontecia na democracia mais longeva do mundo. Manifestantes, induzidos pelo então presidente Donald Trump, invadem o Capitólio, prédio do Congresso americano, obrigando a Câmara e o Senado a trancarem suas portas e a paralisarem a sessão que deveria confirmar a vitória de Joe Biden.
Veja também aqui, no Blog Opiniões, de Aluysio Abreu Barbosa. 
As cenas foram de terror. Uma mulher foi baleada e morreu. Pessoas fantasiadas de vikings desfilavam pelo prédio, carregando símbolos de movimentos de extrema-direita. Dentro e fora do Capitólio, faixas da campanha presidencial de Trump, palavras de ordem, fumaça, fogo e violência. A democracia estava sendo frontalmente atacada na maior potência mundial.
Um ano depois, o FBI e o Congresso já indiciaram 727 pessoas, em 45 estados, em mais de 170 investigações abertas. Porém, menos de 30 pessoas foram efetivamente condenadas. Um comitê criado no Capitólio tenta recolher provas para responsabilizar a Casa Branca, à época sob o comando de Trump, mas seu sucesso é considerado difícil.
Entre os presos está um brasileiro. Segundo a Folha de S. Paulo, Eliel Rosa costumava defender que os EUA estavam em perigo e que só uma volta aos valores tradicionais evitaria uma decadência capaz de transformar o país num lugar "condenado à destruição", como seu Brasil natal. Foi preso em 6 de janeiro de 2021, em Washington.
Nos EUA, politicamente, mesmo após as cenas de barbárie, Trump continua forte.
Joe Biden foi eleito com a maior votação da história americana, onde o voto não é obrigatório. Mas Trump é o segundo mais votado. A invasão ao Capitólio não abalou os eleitores trumpistas. Ao contrário, estimulou as narrativas da extrema-direita, nos EUA e no mundo.
Bolsonarismo, trumpismo e as eleições de 2022 no Brasil
A direita radical ganhou adeptos, neste século, no mundo inteiro. Nos Estados Unidos é um movimento ainda mais radicalizado. Basta olharmos para a ‘QAnon’, seita americana que se baseia na crença que adoradores de Satanás, pedófilos e canibais dirigem uma rede global de tráfico sexual infantil que conspiram contra o ex-presidente Donald Trump e os seus apoiadores.
Outras pautas se apresentam aqui e lá, como fontes de inspiração e militância para a extrema-direita. Os acenos de Bolsonaro ao movimento antivacina é a evidência clara dessa convergência, que também está nos discursos contra as minorias e imigrantes, ultranacionalistas, ultraconservadores e antidemocráticos, que o bolsonarismo repete.
As democracias modernas precisarão conviver com os extremismos requentados da extrema-direita, que se desdobra em pautas de costumes, neofascismos e neonazismos.
A nove meses do primeiro turno das eleições presidenciais brasileias, Bolsonaro continua duvidando da ciência e de fatos escancarados. Ele e seus apoiadores continuam difundindo notícias falsas e repetindo absurdos conspiratórios. E tudo indica que continuarão, pois existe um público que acredita e apoia.
Se “capitólios” serão invadidos neste ano no Brasil, o tempo dirá. Mas a extrema-direita continua viva e imbecilizada. E continua ameaçando democracias. 

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