Casos de Covid-19 nas escolas preocupam
Genilson Pessanha
O município de Campos avança na imunização da população contra a Covid-19 e iniciou, nessa segunda-feira (23), a vacinação dos adolescentes. O momento, entretanto, ainda é de alerta. No mesmo dia, escolas particulares e profissionais da rede pública de Educação divulgaram que centenas de estudantes estão sendo colocados em quarentena e que as unidades estão encontrando dificuldades para notificar casos da doença à Prefeitura, colocando em risco o sistema híbrido, menos de um mês após a volta às aulas. Diante das informações, a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Infância e Juventude determinou que os Conselhos Tutelares fiscalizem unidades escolares das redes pública e privada, quanto ao cumprimento dos protocolos sanitários. Até essa terça-feira (24), Campos registrou 1.574 óbitos e 41.164 casos da doença.
Bilhetes aos pais informando casos positivos de Covid-19 em alunos têm sido recorrentes nas agendas e a situação tem preocupado responsáveis, professores e escolas. O advogado do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino Fundamental e Médio (Sinepe), Bruno Lanes, informou que tem recebido contatos de escolas credenciadas sobre os casos de Covid e a dificuldade para fazer a notificação.
— Os telefones disponibilizados não funcionam, o município age com certo descaso em relação a isso. Semana passada fiz contato com o Charbell (Kury, subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Proteção da Saúde), e ele ficou de resolver. Vamos formalizar isso para que possamos nos eximir de eventuais consequências. Todavia, além de não conseguir contatar, não existe qualquer suporte às escolas — disse Lanes, preocupado em precisar fechar as escolas outra vez.
Em nota, o Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe) informou que é grande o volume de denúncias. “Desde o início do ensino híbrido apontamos para o risco maior de contágio de crianças, adolescentes, profissionais e respectivos familiares. Isso, infelizmente, tem se confirmado com o número de denúncias que chegam, desde o descumprimento dos protocolos indicados para maior proteção da comunidade escolar até os casos confirmados, cujos números muitas vezes são ocultados. Diante disso, as autoridades devem repensar as orientações para o retorno com ensino híbrido e voltar a fechar as escolas priorizando o ensino remoto”.
Charbell afirma que o Protocolo de Biossegurança de Campos em escolas é respaldado nos protocolos da sociedade latino americana e mundial de infectologia pediátrica e foi revisado por um corpo técnico. “Inclusive, há um canal específico com o grupo de trabalho do Programa Saúde na Escola (PSE) desenhado especificamente para este fim”, ressaltou.
O subsecretário destacou, ainda, que “nas escolas públicas o desenho funciona perfeitamente com rastreio de ‘tracing contacts’. Há o contato do caso e o disparo da comunicação e informações. Infelizmente, muitas escolas particulares fizeram seus próprios protocolos, seguindo suas próprias conveniências. As escolas particulares e seu sindicato se parecem muito com aquelas pessoas que lá em janeiro e fevereiro diziam que era ‘mole’, ‘era fácil’, ‘por que não abre a escola?’, ‘estamos preparados!’, e agora percebem o tamanho e a gravidade do problema com a variante Delta. Mesmo assim, vamos lançar esta semana um grupo de resposta rápida”, disse Charbell.
A secretaria municipal de Educação, Ciência e Tecnologia afirma que está cumprindo rigorosamente as recomendações da Vigilância Sanitária e implantou, em parceria com a secretaria de Saúde, o sistema de retrovigilância, que consiste no acompanhamento de casos suspeitos dentro das unidades da rede municipal. “Por meio de atuação da equipe de enfermagem sentinela do PSE, é feito o monitoramento junto aos gestores. Em caso de suspeita de adoecimento do aluno ou profissional, ele deve ser referenciado para a unidade de saúde mais próxima para providências conforme protocolos preconizados pelo ministério da Saúde”.
Divulgação - Prefeitura de Campos
MPRJ determina diligências em escolas
A partir da informação de ocorrência de descumprimento dos protocolos previstos no Manual de Ensino Híbrido, a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Infância e Juventude de Campos, nos autos de inquérito civil que averigua a implantação do ensino híbrido, requisitou ao Conselho Tutelar a realização de diligências.
Segundo a promotora Anik Rebello Assed, os conselheiros vão verificar a existência de situação de risco decorrente de desobediência ao fluxograma de casos suspeitos de contaminação por Covid-19 nas escolas, além de falhas na implementação do Comitê Pró-Saúde; referência de suporte sanitário às escolas.
Também foram expedidos pela promotora ofícios à secretaria municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Sepe e Sinepe, a fim de obter mais informações sobre os casos divulgados. “O Ministério Público aguarda a vinda das respostas nos prazos fixados, sem prejuízo da continuidade das investigações”, diz a Promotoria, em nota.
Campos inicia vacinação de adolescentes
Nessa segunda-feira, a secretaria de Saúde de Campos iniciou a vacinação dos adolescentes. As primeiras a receberem o imunizante foram as meninas de 17 anos. Nessa terça-feira, foi a vez dos rapazes dessa idade. O cronograma, com aplicação da vacina para meninas e meninos em dias alternados, segue até sexta-feira (27), quando serão vacinadas as jovens de 15 anos.
Os dois primeiros dias de imunização dos adolescentes, a procura foi grande. Em alguns postos, a demora foi alvo de reclamação, como aconteceu nessa terça-feira no Sest/Senat. Um atraso na chegada das doses ao posto e início da aplicação forçou os jovens e seus responsáveis a ficarem no sol durante toda a manhã.
A secretaria de Saúde informou que ocorreu um atraso pontual de 30 minutos na dispensação da vacina do posto de vacinação do Sest/Senat.
Os adolescentes estão recebendo o imunizante da Pfizer, conforme orientação do ministério da Saúde.
A secretaria também mantém a aplicação da segunda dose para aqueles que estão no prazo para receber o reforço do imunizante, além da realização de novas repescagens.
O município de Campos aplicou, até essa terça-feira, 464.940 doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 309.108 da primeira dose, 145.182 da segunda e 10.650 doses únicas.
Reforço — A Prefeitura estuda adotar a terceira dose para idosos, mas aguarda a chegada dos imunizantes em quantidade suficiente para fazer a convocação, “pois entende a importância do reforço, principalmente nesse momento de aumento dos casos da variante Delta no estado e da pressão que têm causado na rede de assistência pública e privada, inclusive com aumento de óbitos de pessoas idosas já imunizadas com duas doses”.
— A terceira dose representa uma “dose desafio”, um estímulo ao sistema imune para levantar o nível de anticorpos neutralizantes a níveis mais altos e protetores frente à variante Delta — afirmou Charbell Kury.

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