Natural de São Fidélis, Deadpool Pagodeiro retorna à cidade para gravar apresentação
Matheus Berriel 23/08/2021 23:10 - Atualizado em 23/08/2021 23:28
Ronaldo Lopes, o Deadpool Pagodeiro
Ronaldo Lopes, o Deadpool Pagodeiro
Imagine passar por um restaurante e se deparar com o Deadpool cantando pagode. Poderia ser mais um feito aleatório de Wade Winston Wilson, o anti-herói da Marvel interpretado por Ryan Reynolds no cinema. Mas, desta vez a peripécia ficou por conta do fidelense Ronaldo Lopes, de 37 anos, que tem feito sucesso após viralizar na internet com um vídeo em que, fantasiado, interpreta a música “Ligando os Fatos”, sucesso com o grupo Pique Novo, em um estabelecimento do Rio de Janeiro. Já reconhecido por artistas de destaque nacional, como Bruno Cardoso, Dilsinho e Duzão, ele retornou à sua cidade natal nessa terça-feira (24), para gravar um show que será veiculado em formato de live, ainda sem data divulgada.
Natural de São Fidélis, Ronaldo morou até 2005 na cidade, onde iniciou a carreira como cantor e compositor no grupo Juventude do Samba.
— A gente tinha música gravada na rádio, tocava em primeiro lugar, sempre estava nas paradas. E as músicas eram todas composições minhas. Fundamos o grupo, eu e um amigo, o Seltinho, que toca cavaco. Foi o meu primeiro grupo de pagode e o único do qual fiz parte em São Fidélis — lembra o Deadpool Pagodeiro, como passou a ser conhecido após o episódio no restaurante carioca. — A gente abria shows, inaugurava creches em Pureza, Cambuci, nas redondezas... Em várias festas a gente tocava, como no Horto, apresentações em quiosque na Beira-Rio. Tocamos na antiga choperia, tocamos muito na quadra do Centro. Foi uma época muito boa, abrimos muitos shows de artistas conhecidos na cidade — comenta.
Em São João de Meriti, onde mora atualmente, e no Rio de Janeiro, o sonho de seguir carreira foi alimentado como integrante de outros grupos, entre eles o Clima Envolvente. Mas, a principal fonte de renda de Ronaldo passou a ser o trabalho como locutor e animador em divulgações de lojas e produtos. Nele, o fidelense adotou como estratégia o uso de fantasias de heróis dos quadrinhos e das telonas.
— As primeiras fantasias que adquiri foram as do Homem Aranha e do Pantera Negra. É algo a mais para chamar a atenção das crianças e, consequentemente, dos adultos, que entram na loja em que estou fazendo divulgação e compram. A intenção de usar o personagem é essa, chamar a atenção — explica ele.
Aos poucos, fantasias como as do Batman e do Capitão América também passaram a compor o guarda-roupas de Ronaldo. Mas, a que faria a diferença na sua carreira, não só a de animador, viria a ser a do Deadpool, adquirida em abril. No final de julho, durante um trabalho vestido como o anti-herói para uma loja de lanches, no bairro carioca de Realengo, o fidelense parou em uma roda de pagode e pediu para cantar. Não só cantou, como surpreendeu os presentes, foi filmado e parou na internet. O vídeo chegou ao pandeirista Edson Cigano, do Pique Novo, e Ronaldo recebeu convite para participar de um show do grupo no Méier.
— Estou em estado de alegria máxima, porque comecei a trabalhar com personagem vivo há pouco tempo. Eu era apenas locutor. Já fiz de tudo um pouco nessa vida, sou um cara muito guerreiro. Quem me conhece, sabe que sou trabalhador, ganho o meu honestamente — disse Ronaldo em vídeo publicado nas redes sociais no dia 29 de julho: — Estou muito feliz, porque eu canto há muito tempo. E o Pique Novo sempre esteve presente no meu repertório. Receber o convite de um dos integrantes do grupo para cantar com eles, isso não tem preço — destacou.
Dali em diante, o número de seguidores virtuais de Ronaldo, já apelidado como Deadpool Pagodeiro, cresceu consideravelmente. Só no Instagram, já são aproximadamente 38 mil. Como parte do reconhecimento, logo vieram os convites para lives e participações em programas da emissora de rádio FM O Dia e da de televisão SBT, como também o de cantar em um evento ao lado de ídolos do samba e do pagode.
— Cantei com Dilsinho, com o Menos é Mais, com o Bruno do Sorriso Maroto, com o grupo Vou Zoar... No mesmo evento, estiveram presentes o Mumuzinho, que já tinha ido embora quando eu cheguei, e o Ah Mr. Dan, irmão do Rodriguinho, que chegou depois que fui embora. O evento foi muito bacana, os artistas me trataram super bem, me senti em casa. O grande momento foi cantar com o Bruno, porque é um cara que curto muito, respeito a história do Sorriso Maroto. Dividir uma música com ele foi um momento marcante — conta Ronaldo.
Entre os novos fãs nas redes sociais, muitos são de São Fidélis, o que facilitou a volta à cidade para uma apresentação restrita a convidados.
— Fui a São Fidélis duas vezes depois de ter ido embora, mas não ia há alguns anos. E recebi um convite da Tânia Maria Souza. Eu já tinha ideia de rever os amigos, então juntou o útil ao agradável. Fiz questão de voltar, estar onde começou a minha vida musical. Melhor ainda voltar do jeito que eu estou voltando, como um fidelense que conseguiu levar a sua voz, como um personagem, para o Brasil e o mundo. É diferente voltar não só como Ronaldo Lopes, mas como Deadpool, com uma coisa viralizada. Tem um peso maior. É muito importante saber que eu saí de São Fidélis e consegui coisas inimagináveis, como cantar com o Bruno. Estar voltando à minha cidade numa situação como essa, para mim, é muito bom — afirma o artista.
Para a produtora Tânia Maria Souza, o convite a Ronaldo é uma forma de valorizar e incentivar os músicos de São Fidélis.
— Descobrir que o Deadpool pagodeiro é um fidelense, meu amigo e antigo vizinho, me deixou muito feliz. Nossa cidade é terra de grandes artistas, conhecidos ou não, e ver uma voz fidelense ficando famosa em todo o Brasil é muito gratificante — ressalta: — Ele voltar a São Fidélis depois de tantos anos e reencontrar seus antigos companheiros de banda, amigos, pessoas que foram importantes em sua vida no início da carreira, mostra o quanto ele valoriza tudo o que já passou para chegar até aqui. Ele é um exemplo para a nova geração, exemplo de que nunca podemos desistir dos nossos sonhos. Quando menos se espera, você pode estar trabalhando vestido de Deadpool, começar a cantar descontraído, ser gravado e estourar nas redes — complementa.
Artistas locais de diferentes gerações participaram da gravação com o Deadpool Pagodeiro nessa terça.
— É importante essa live, porque dá um incentivo para a gente que está começando agora na música. Eu não tive oportunidade de conhecer o Ronaldo pessoalmente antes, mas conheço agora, nessa gravação, pois fui convidado pela Tânia, e é um prazer estar junto a nomes como Joel do Cavaco, Seltinho, Vicente de Paula, o próprio Ronaldo, esse pessoal da antiga. Para a gente, da nova geração, é bom estar em volta dos pioneiros do samba na cidade — enfatiza Guilherme Casanova, percussionista do grupo Só Fera.
Deadpool Pagodeiro com Bruno Soares
Deadpool Pagodeiro com Bruno Soares
Deadpool Pagodeiro com Dilsinho
Deadpool Pagodeiro com Dilsinho
Deadpool Pagodeiro com Duzão
Deadpool Pagodeiro com Duzão
Deadpool Pagodeiro em show do Pique Novo
Deadpool Pagodeiro em show do Pique Novo

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