Levante de 1748 na então Vila de São Salvador é representado em quadro
Matheus Berriel 22/06/2021 18:44 - Atualizado em 23/06/2021 11:23
Quadro do levante histórico
Quadro do levante histórico / Divulgação
O termo “intrépida amazona” presente na letra do Hino Oficial de Campos, de Azevedo Cruz e Newton Périssé Duarte, foi o ponto de partida para uma pesquisa que resultou em uma representação artística do levante histórico de 21 de maio de 1748. Após tomar conhecimento da história das heroínas campistas Benta Pereira e Mariana Barreto, o pesquisador e estudante universitário Pedro Henrique Ribeiro, de 20 anos, encomendou ao artista plástico Francisco Rodrigues Xavier Lima, de Ribeirão Preto/SP, um quadro do principal embate entre moradores da antiga Vila de São Salvador e os donatários da Capitania do Parahyba do Sul. O quadro ficou pronto no dia 12 de abril, e desde o final do mesmo mês está na casa de Pedro Henrique.
Além de pesquisador, Pedro também é pianista, compositor e poeta. Recentemente, ele deu letra ao Hino da Universidade Cândido Mendes, onde cursa direito, e compôs o Hino da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em homenagem ao seu professor de piano clássico, Ivan Glória Machado, de quem foi parceiro na obra. Também são de Pedro os versos do Hino do Colégio Eucarístico, sua escola nos ensinos fundamental e médio.
— Apesar de ter escolhido cursar direito, sou apaixonado por história. Meu campo de pesquisa tem como foco os hinos cívicos, tipo de composição que integra as minhas três paixões: a história, a poesia e a música — afirma ele.
No processo de pesquisa para a elaboração do quadro “O Levante da Planície Goitacá”, Pedro teve colaboração do presidente do Instituto Histórico de Campos dos Goytacazes, Genilson Paes Soares, e da diretora do Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho, Rafaela Machado. Um dos pontos principais da obra é o rosto idealizado de Mariana Barreto, feito pelo desenhista brasiliense Leonardo Freitas Ferreira, que foi responsável também pelo esboço da mãe dela, Benta Pereira, sobre o cavalo, a partir de uma imagem idealizada já existente
— Pedro é um jovem que me surpreendeu muito pelo empenho, pela preocupação que ele demonstra em recuperar esse episódio tão importante da história campista, destacando a participação principalmente da Benta Pereira e da Mariana Barreto — ressalta a historiadora Rafaela Machado. — Embora esteja fazendo faculdade de direito, ele demonstra uma veia de pesquisador e historiador. Certamente, o trabalho que ele fez de fomentar a produção dessa obra mostra que não só o episódio é tão importante, como é muito importante também que todo cidadão possa se empenhar, se debruçar sobre a história campista. O que ele faz é um trabalho de resgate que tem que ser celebrado e parabenizado — complementa.
A atitude do jovem pesquisador também é elogiada por Genilson Paes Soares. “Uma importante e louvável iniciativa a produção dessa representação pictórica de um dos fatos históricos mais marcantes na planície goitacá. A revolta comandada por Benta Pereira no segundo quartel do século XVIII é um grande exemplo da força do povo campista, que nunca se curvou diante a tirania dos poderosos. O quadro é também uma homenagem e resgate da memória da tão esquecida heroína campista”, enfatiza Genilson.
No quadro, o levante é representado na área da atual praça Quatro Jornadas, onde fica o chafariz artístico, ao lado da praça do Santíssimo Salvador, no Centro de Campos.
— O nome da praça, “Quatro Jornadas”, é referente aos quatro episódios em que o povo tenta expulsar os Assecas daqui, em 1730, 1740, 1747 e 1748, e só vai conseguir no último episódio, em 21 de maio — explica Pedro Henrique Ribeiro.
Também aparecem na obra do paulista Francisco Lima o rio Paraíba do Sul e algumas casas que ficavam onde hoje está o prédio do Banco do Brasil. Uma delas, a branca e maior do conjunto residencial, representa justamente a casa de Benta Pereira e sua família.
Se o quadro é o objeto principal fruto da pesquisa sobre o levante, outras obras foram feitas especificamente para homenagear Mariana Barreto.
— À luz dos documentos, a Mariana teria tido um papel maior do que a mãe, Benta Pereira, no dia do levante. E ela foi praticamente ignorada em todas as áreas. Não havia nenhum poema a Mariana, eu fiz um soneto. Não havia nenhuma imagem, nem que fosse idealizada, como existe a da Benta, então encomendei a imagem. E não havia nenhuma música, fiz um hino a Mariana Barreto — enumera Pedro Henrique Ribeiro.
Pedro Henrique Ribeiro idealizou e viabilizou o projeto
Pedro Henrique Ribeiro idealizou e viabilizou o projeto / Divulgação
Francisco Lima foi quem pintou o quadro
Francisco Lima foi quem pintou o quadro / Divulgação

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