Rafael Diniz não descarta candidatura em 2022, mas quer priorizar família
18/12/2020 06:25 - Atualizado em 19/12/2020 00:13
Rafael Diniz
Rafael Diniz / Foto - Antônio Leudo
No dia que teve as contas referentes a 2019 aprovadas com 18 votos favoráveis e seis abstenções, nesta sexta-feira (18), na Câmara Municipal, o atual prefeito Rafael Diniz (Cidadania) concedeu o que ele mesmo considerou como, provavelmente, a última entrevista ainda no cargo, no programa Folha no Ar, na Folha FM. Rafael fez um balanço de sua gestão, a qual avaliou com nota oito, embora reconheça que seu legado tenha sido reduzido devido à crise financeira. O prefeito não descartou uma candidatura em 2022, mas disse que o momento será de se dedicar à família. Diniz ainda falou sobre a gravidade da pandemia de Covid-19 e relatou que torce pela próxima administração do prefeito eleito Wladimir Garotinho.
Pagamento do servidor – O nosso esforço vai ser total para que a gente faça todos os pagamentos, como a gente vem fazendo, como fizemos nessa semana, quando quitamos a folha de novembro. Nos últimos meses não estávamos conseguindo, e dessa vez conseguimos fazer o pagamento integral ao nosso aposentado e pensionista. Nosso esforço vai ser para pagar, mas isso depende da entrada de recursos, como aconteceu nesses quatro anos, mas o servidor sabe que é a prioridade do nosso governo e não vai deixar de ser assim até o final do nosso governo. Em nenhum mês nós conseguimos precisar (a data do pagamento), mas o servidor sabe que, de imediato, assim que conseguimos os recursos, realizamos o pagamento.
Covid-19 – Tomamos todas as medidas necessárias para o enfrentamento e o atendimento à nossa população. Sempre com base em critérios técnicos, com a dra. Andreya Moreira, nossa responsável técnica, chefe da Vigilância em Saúde, que vem tomando essas decisões ao lado do nosso corpo técnico. A partir de 1º de janeiro é um novo grupo político que passa a governar nossa cidade e temos que ter essa responsabilidade. Antes do TSE chancelar a vitória de Wladimir Garotinho e Frederico Paes, já tínhamos aberto o nosso gabinete de crise do enfrentamento à Covid para os técnicos apontados por Wladimir. Telefonei diretamente para eles, o Paulo Hirano e o Geraldo Venâncio, e eles entenderam a importância da questão para que a gente possa promover uma continuidade na prestação desse serviço. As eleições afetaram muito e logicamente que há uma preocupação com as festas de fim de ano. Ao que nos cabe até o dia 31, já cancelamos o tradicional réveillon no Farol de São Thomé, assim como o governo eleito já cancelou as festividades de verão. Mas de nada adianta as medidas de restrição se nós, enquanto cidadãos, não fizermos a nossa parte.
Vacina – Temos que entender que estamos em um processo de transição. O simples fato de assinar uma carta de intenção pode parecer a solução do problema, mas isso não seria algo que faria aparentar fazer a nossa parte e que se dane o resto lá na frente? Não vou agir dessa forma. O governo eleito já sinalizou a intenção de comprar a vacina, vamos torcer para que dê certo. É importante, independente de governo, para a nossa população.
Eleição – Ninguém que vai ao pleito fica contente quando não recebe uma votação satisfatória, especialmente de onde a gente veio, com uma vitória em primeiro turno em 2016. Ao mesmo tempo, sabia das dificuldades que estamos passando e sabia da dificuldade que seria dentro do processo eleitoral. Mas, acima de tudo, com duas certezas: de que a gente tem de respeitar a vontade popular e a certeza da missão cumprida. Não digo apenas do mandato, mas também do processo eleitoral. Sabia da dificuldade de obter um resultado positivo no processo eleitoral, mas minha posição foi tomada no sentido de defender nossa história e mostrar para as pessoas que escolhemos uma administração responsável e necessária para enfrentar uma crise.
Futuro político – Levo minha vida, seja pessoal ou política, buscando o equilíbrio e assim não vai ser diferente ao final do meu mandato. Meu compromisso agora é ser prefeito até 31 de dezembro, tomando as medidas necessárias, cuidando da nossa cidade. É dar tempo ao tempo. Acredito que seja muito cedo para prever qualquer movimento meu em dois anos. No equilíbrio que quero seguir, tenho os meus sonhos, a vida pública ainda está no meu coração, mas com os pés no chão, entendendo o que aconteceu em 2020 para fazer uma avaliação e apontar para nossos passos lá na frente. Vou focar um pouco mais na minha família, que se doou tanto por mim nesses oito anos. Eles são merecedores disso, a minha esposa, Renata, está grávida do nosso segundo filho, notícia que tive no dia da eleição. Mas tenho que cuidar do primeiro, Rodrigo, que muita das vezes perdeu a presença do pai em casa e quero dar essa atenção aos dois.
Expectativas – Talvez a vitória no primeiro turno tenha criado uma grande expectativa. Quanto maior a expectativa, maior a responsabilidade em atende-la. E não atendendo minimamente, já estará faltando com o cumprimento dessa expectativa. O que dificultou, com certeza, foi isso. E as medidas que fomos obrigados a tomar acabou frustrando parte de toda essa expectativa.
Legado – Tivemos conquistas pontuais, quando a gente entrega uma obra parada da UPH de Travessão, a do Hospital São José vai ficar na história, até pela importância dele no enfrentamento à Covid-19. A própria escola em tempo integral, acho que é um marco para nossa cidade. Foi o primeiro governo que consegue implementar uma escola em tempo integral. A questão da transparência eu acho que muito importante. Hoje temos um governo que é considerado, por vários órgãos de controle, como um governo transparente. Temos três pareceres favoráveis do TCE em três anos, o que é um reconhecimento. Temos também o legado de aumentar os recursos próprios, com aumento de quase R$ 100 milhões, da quantidade de recursos que conseguimos em Brasília, com mais de R$ 175 milhões só em emendas. Tive coragem para tomar as medidas que ninguém nunca teve porque ninguém nunca passou por uma crise financeira como estamos enfrentando, sem comprometer as finanças futuras.
José Paes Neto: 9,5 – Seriedade, lealdade, capacidade técnica enorme, um grande quadro técnico e sempre ao meu lado.
César Tinoco: 9,5 – Parceiro, leal, responsável, humilde. Não faz questão de aparecer e sempre pronto para atender as demandas, a qualquer cidadão que procure nosso gabinete.
Fábio Bastos: 9,5 – Ágil, capaz de tomar várias decisões em vários momentos em diferentes campos, às vezes não aparecendo tanto. Muito responsável, também no enfrentamento à Covid, sempre atento para atender a todas as pessoas.
Alexandre Bastos: 9,5 – Brilhante jornalista, habilidosíssimo politicamente, no diálogo com todo mundo. Acabou sofrendo um desgaste por ser secretário de Governo e não conseguir atender a todas as expectativas. Muito fiel, muito correto.
Felipe Quintanilha: 9,5 – Um cara que se multiplicava em dez, em muitas das vezes. Responsável por esse enfrentamento na questão do transporte público, tendo sua vida colocada em risco. Já perguntei a ele se queria sair para pensar nas filhas e na esposa dele, mas ele disse que iria enfrentar junto.
Leonardo Wigan: 9,5 – Muito firme, às vezes muito duro com as finanças do município e criticado por isso, mas talvez esse seja seu ponto forte também. Não deixou de ter coragem para tomar decisões difíceis.
Thiago Belotti: 9,5 – As pessoas vão criticar Belotti por causa da comunicação, mas a gente tem que entender que a comunicação parte do próprio político de querer ou não estar dialogando próximo das pessoas. Quando as pessoas falam que fiz um vídeo bacana, o trabalho de divulgação sobre Covid, quem produziu foi a equipe de Comunicação, liderada por Thiago. Quando não houve a comunicação, quando as pessoas falam isso, é a comunicação política, que parte de mim e dos atores políticos.
Andreya Moreira: 9,5 – Eu daria 10 para a doutora, mas ela é muito dura. Defendo muito o trabalho dela e posso afirmar que nunca a decisão política ultrapassou a técnica. Eu não permitiria e a doutora Andreya também não permitiria. Além de qualidade profissional, é muito séria.
Raphael Thuin: 9,5 – Fez um grande trabalho à frente da Fundação Municipal de Esportes. Implementamos um grande trabalho, principalmente relacionado ao paraesporte, que eu espero que o novo governo possa continuar. Levamos nossos paratletas para outros estados e países. Desejo sorte a ele nessa nova empreitada como vereador.
Helinho Nahim: 9,5 – Muito habilidoso politicamente, herdou isso do pai. Ele consegue dialogar com vários grupos ao mesmo tempo e isso é uma qualidade dele. Sem impor, sempre construindo pontes, com habilidade enorme na realização de eventos. Mesmo com todas as dificuldades financeiras que enfrentamos, ele teve habilidade para realizar grandes eventos, como o verão no Farol em parceria com o Sesc.
Nildo Cardoso: 8 – Minha relação com ele sempre foi de muito respeito. Houve as nossas divergências, talvez a saída dele do governo não tenha sido a melhor possível. Enquanto esteve à frente da secretaria de Agricultura, cumpriu o papel dele. Discordo de algumas ações que só pude enxergar depois, mas se ele esteve aqui foi porque confiei nele.
Rogério Matoso: 8 – Nunca fomos muito próximos politicamente, mas quando entrou na secretaria de Trabalho e Renda, realizou o trabalho que tinha de realizar.
Marcão Gomes: 9,5 – Um companheiro, desde a época de vereador, estivemos sempre juntos nessa luta. Teve mandato dele como deputado federal, que eu me coloquei ao máximo ao lado dele durante esse processo. Infelizmente não fomos vitoriosos, mas conquistamos a vitória de o colocar como primeiro suplente e depois teve a oportunidade de assumir o mandato. Até hoje é um grande amigo.
Fred Machado: 9,5 – Fred é um irmão. Naquele perfil dele, às vezes quieto, mas firme quando precisa ser, muito habilidoso, de bastidor. Fez construções importantes, como a aprovação do orçamento ao final do ano passado, e um irmão que a política me deu.
 
 
Abdu Neme: 9,5 – Nossas famílias sempre foram muito amigas. Tem uma história linda na medicina, já salvou as vidas de muitas pessoas, sempre muito solícito. Quando você chama, não é o político, é o médico. Cumpriu seu papel enquanto secretário de Saúde, sofreu questionamentos, como eu sofro sempre, mas, ao meu modo de ver, atender as expectativas, colocou a cara na reta, foi para o front.
Abinho Neme: 9,5 – É um amigo de infância. Muito atuante na vida política porque é apaixonado por isso, seguindo ao lado do pai dele, assim como olho para ele, olho para Helinho também. Quando olho para eles, lembro de como sempre estive ao lado do meu pai (Sérgio Diniz), do meu avô (Zezé Barbosa) eu não pude viver. Mais uma pessoa querida.
Wladimir Garotinho: Eu nunca tive relação com ele, que está sendo agora por causa da transição. Temos nossas divergências políticas e de pensamentos, quando tivemos de nos enfrentar, nos enfrentamos. Não faria diferente e não sairia agora atacando com notas para lá e para cá, mas é um sinal de respeito com todo mundo. Ele foi eleito e isso eu respeito muito. Desde já, desejo sucesso.
Rosinha Garotinho: Não a conheço. Eu falei, quando ela passou por problemas, que eu também tenho mãe. E quem quer respeito pela sua mãe, tem que respeitar a mãe dos outros. Posso falar da minha atuação enquanto vereador, quando ela era prefeita. Tivemos embates, a questionei, mas sempre com respeito. Quando enviava projeto a nós, quando era necessários, aprovávamos também.
Anthony Garotinho: Muitas críticas a forma como ele fazem política. Muita das vezes perde a mão, desrespeita as pessoas. Então, me limito a dizer isso.
Caio Vianna: Também não tenho contato. Conversamos em 2018 umas duas ou três vezes, sempre muito respeitoso comigo, mas não passou disso. Tentou três vezes ser candidato, não obteve resultado, mas tentou. Fez uma grande eleição agora, especialmente no segundo turno, surpreendendo muita gente.
Arnaldo Vianna: Também não tenho intimidade com ele. Já conversei com ele enquanto eu era vereador, uma vez fomos até ele, eu me lembro, eu, João Peixoto, Marcão, Fred, Zé Carlos. Fomos bater papo político mesmo. Meu pai já fez oposição dura a Arnaldo. Me lembro de uma frase do meu pai: “Eu questiono muito o político Arnaldo, a forma administrativa, o desperdício de dinheiro, mas não posso falar da pessoa e do profissional médico que sempre foi”. Eu carrego isso comigo.
Rodrigo Neves: Não tenho intimidade com o prefeito de Niterói. Das vezes que tive com ele, foi sempre muito respeitoso, mas precisamos reconhecer a capacidade de gestão dele. Obviamente, ele encontrou um cenário favorável quando você tinha o governo federal colocando dinheiro em Niterói, com o governo estadual colocando dinheiro em Niterói, com os royalties só aumentando, mas não é só por causa disso. Um grande trabalho que ele faz.
Rodrigo Bacellar: Nunca caminhamos politicamente juntos. Seu Marcos (pai) foi vereador em parte do meu mandato de prefeito, quando construímos a nossa relação, o que acabou estreitando a minha relação com o deputado Rodrigo. Para quem está no primeiro mandato, ele vem realizando um grande trabalho como deputado estadual, com uma articulação que não sei qual deputado teve em seu primeiro mandato em Campos e na região. Passamos a ter uma relação muito respeitosa.
Bruno Calil: Não conheço o doutor. Tive uma ou duas vezes com ele só. Acho que cumpriu seu papel, se mostrou muito aguerrido na disputa eleitoral.
Nathália Soares: Muito educada e desempenhou um lindo papel no processo eleitoral. Discordei dela em alguns debates, mas muito certa da defesa de seus argumentos, muito inteligente, muito equilibrada e preparada, além de uma oratória invejada.
Rafael Diniz vereador: 8 – Cumprindo meu papel de vereador. Lá atrás tentei implementar um projeto de lei que só consegui viabilizar depois enquanto prefeito, que foi a eleição para direção das escolas. Uma atuação que acredito ter sido responsável na oposição, sem agredir, sem ofender ninguém, mas defendendo os interesses da nossa cidade.
Rafael Diniz prefeito: 8 – Alguns podem estranhar, mas acredito muito no trabalho que eu fiz. Essa nota talvez não seja reconhecida, como os próprios números da eleição mostraram, mas tenho certeza de que dei o meu máximo, trabalhei incansavelmente pela nossa cidade, tomei medidas duras que desgastaram meu nome, mas sempre coloquei nossa cidade acima do meu nome. Uma gestão transparente, séria, responsável, que priorizou o servidor público. Uma gestão que teve responsabilidade com o dinheiro público e que enfrentou a maior crise financeira da história de Campos.
Zezé Barbosa: Difícil responder, como neto e apaixonado pelo meu avô. Sempre vou dizer que o governo do meu avô foi infinitamente melhor do que o meu, pela admiração. Mas foram cenários completamente diferentes. As responsabilidades que um prefeito tem hoje são infinitamente diferentes. Mas, todo mundo há de concordar que com aquele cenário completamente diferente, ele foi sempre um prefeito muito zeloso com a coisa pública. Até hoje ele é reconhecido como bom pagador e hoje Campos vive uma realidade completamente diferente. Muita das vezes eu vou até a minha avó para fazer essa comparação e ela sempre me alertou que são situações diferentes. Na paixão de neto por avô, a minha admiração será eterna. Esses dias mesmo me perguntei como meu avô se portaria em um processo de transição e foi quando ele passou o governo para o Garotinho, de forma respeitosa, entendendo que a vontade popular tem que ser respeitada.
Assista à entrevista:

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