Recorde de prefeitáveis em Campos
19/09/2020 00:36 - Atualizado em 20/09/2020 14:50
Campos tem a maior quantidade de prefeitáveis desde a eleição de 1982, a primeira após o fim do bipartidarismo, durante o processo de reabertura política do país. As convenções acabaram na última quarta-feira (16) e no tabuleiro campista pelo menos 11 pré-candidaturas a prefeito oficializadas. Ainda é necessário o crivo da Justiça Eleitoral para colocar o bloco na rua, e até 26 de setembro — prazo para apresentar o pedido de registro de candidatura perante o tribunal — novas mudanças e composições podem acontecer.
O primeiro turno das eleições está marcado para 15 de novembro. Até lá, tem muita água para passar debaixo da ponte sobre o rio Paraíba do Sul. Após as convenções desta semana, os seguintes prefeitáveis foram oficializados pelos seus partidos: Alexandre Tadeu (Republicanos), Bruno Calil (SD), Caio Vianna (PDT), Claudio Rangel (PMN), Jonathan Paes (PMB), Klai Ferreira (Rede), Natália Soares (Psol), Odisseia Carvalho (PT), Rafael Diniz (Cidadania), Roberto Henriques (PCdoB) e Wladimir Garotinho (PSD). Vale lembrar que a situação do PSDB ainda está sub judicie, uma vez que, após a aprovação da pré-candidatura de Lesley Beethoven, houve uma intervenção da Executiva estadual, que escolheu caminhar com Bruno Calil. No entanto, o nome do tucano consta no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aguardando julgamento quanto ao pedido de registro.
O número de prefeitáveis é quase o dobro de 2016, quando Rafael Diniz foi eleito na disputa contra Caio Vianna, Dr. Chicão, Nildo Cardoso, Geraldo Pudim e Rogério Matoso.
Até então, o ano em que houve a maior quantidade de candidaturas a prefeito foi justamente na primeira eleição após o retorno do pluripartidarismo no Brasil, em 1982, quando foram 10 opções nas urnas dos campistas. Na ocasião, o avô de Rafael, Zezé Barbosa, foi eleito pela terceira e última vez.
Para o cientista político e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Hamilton Garcia, o fim das coligações para eleição a vereador podem ter contribuído para esse aumento das candidaturas majoritárias:
— Eu acho que a questão tem mais a ver com o problema da cláusula de barreira, que vai, progressivamente, agora, aumentando também a impossibilidade da coligação na proporcional. Então, os partidos vão precisando de puxador de legenda, e muitas vezes é o candidato a prefeito que dá maior visibilidade à sigla e aumenta as chances de você eleger vereadores. Essa é uma explicação.
O professor também lembrou que a insatisfação com a política e os resultados das últimas eleições podem ter influenciado. “A outra explicação é a própria revolução eleitoral, de certa maneira, que aconteceu. Em Campos, a partir de 2016. No estado do Rio e no Brasil, em 2018. Pessoas sem muita chance, pouco cotadas para ganhar eleições, ganharam em situações excepcionais. No caso do Rafael, no primeiro turno, ninguém imaginava em 2016. O Bolsonaro presidente da República, meio inimaginável, Witzel... Então, tudo isso encoraja, digamos assim, à aventura política de você lançar candidato, buscar um espaço eleitoral, que parece estar meio fluido. As pessoas estão abertas, procurando transformação. A mudança está difícil. Então, o jogo está aberto, e a oferta fica estimulada a se apresentar, podendo surfar em alguma onda eleitoral de descontentamento, que é o que temos por enquanto”, finalizou.

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