Precursores
13/06/2020 13:00 - Atualizado em 13/06/2020 18:06
Em 2007, após conhecer Sileno Júnior em início de curso de mestrado fui convidado pelo mesmo para que o ajudasse a implementar, sob sua supervisão, assim como do preparador físico à época do profissional do Americano, Fábio Rangel, de um circuito de treino funcional com o objetivo principal de atuar na prevenção de lesões dos jogadores. Em 2006 eu havia conhecido o Treinamento Funcional tendo a oportunidade de estar presente no primeiro curso desta modalidade realizado no País, que foi em São Paulo, 2006.
Cito o fato por dois motivos, (1): ter sido o nosso primeiro trabalho interdisciplinar, eu, Sileno e Fábio. Após esta grande experiência nos alinhamos cada vez mais, via pesquisas científicas, bancas de graduação, congressos e assessoria de ambas as partes, tendo ainda com Fábio parceria quando ele foi preparador físico do Goytacaz, em 2018; e (2), pelo fato de sermos precursores neste tipo de trabalho na cidade (muito provavelmente no estado também), denominado por nós à época, Treino Sensório Motor Funcional.
Importante pontuar que clubes como Palmeiras e Corinthians já realizavam esta rotina em virtude da proteção que a prática dava aos atletas, diminuindo consideravelmente o índice de lesões, como foi provado em trabalhos posteriores realizados pelo já mestre Sileno.
Segundo relato de Fábio Rangel (em 2006 era auxiliar da preparação física) que em 2007 assumiu a função principal no Americano: "a fisioterapia exercia um trabalho mais conservador diante da clássica negativa dos dirigentes e alguns membros da comissão técnica. O Sileno tinha ideias muito boas mas o preparador físico há época não deixava ele fazer. Após eu assumir esta função no Americano, em 2007, dei total liberdade para que ele fizesse o seu melhor. Ele me apresentou o professor Marcos Almeida falando sobre o trabalho bacana que ele realizava, que era era focado na prevenção de lesões nos esportes. Dei toda a força frente a possibilidade de me ajudar, pois menos lesões era fator primordial para um ótimo rendimento. Por incrível que pareça tivemos um ano maravilhoso - sabemos que a lesão é multifatorial - naquele ano nós não tivemos uma lesão sequer que pudesse tirar atletas de jogos, somente lesões comuns no futebol. Por mais incrível que pareça, foi um baita campeonato que realizamos. Fomos campeões, passamos três fases da Copa do Brasil, ganhamos vários jogos de times grandes, sendo muito bacana esta integração dos departamentos."
Já Sileno Jr. nos passa a teoria que envolveu o trabalho à época: "O Fábio de fato falou muito bem. Exatamente isso. Ele acompanhou a luta, esta resistência no futebol que sempre tivemos com a aplicação do trabalho preventivo. Na verdade, quando ele assumiu eu pude colocar minha visão em prática, foi quando procurei o Marcos Almeida que já realizava este tipo de trabalho. Esta rotina teve uma base de conhecimento focado nas principais lesões existentes no futebol. A intenção era automatizar o movimento pelo Sub Córtex para tornar o atleta mais rápido com o objetivo de diminuir o tempo de reação nos mecanismos de lesões. Era um circuito onde nós simulamos os principais gestos de mecanismos de lesão, por exemplo, controle neuromuscular para diminuir riscos no cruzado anterior, entorse de tornozelo, treinamentos excêntricos para musculatura posterior de coxa que tem um alto índice de problemas, circuitos de equilíbrio, dentre outros para que diminuíssem as lesões durante o campeonato. Foi um trabalho criado com uma base de raciocínio clínico e científico em cima dos principais mecanismos de lesão. O circuito era dividido em níveis de baixa complexidade, média complexidade e alta complexidade. O atleta evoluía dentro das repetições neste circuito. Tinha todo um processo de aprendizagem onde ele ia passando de fases de acordo com sua execução dos exercícios. Agilidade, Força, simulação do gestual esportivo, Propriocepção que com outros elementos formavam o Treinamento Sensório Motor Funcional, sendo uma rotina puramente cognitiva e Bio-operacional, tendo alcançado muito sucesso."
Enfim, foi incrível mesmo o trabalho, em especial para quem estava colocando em prática estudos ao qual eu havia tido acesso em 2006 e que posteriormente, após o mestrado, entendi bem as bases cerebrais que estavam sendo estimuladas em busca de novas plasticidade. Ótimas recordações de encorpadas parcerias e que duram até hoje. Bons treinos!
 
 
 

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    Marcos Almeida

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