Da África do Sul para o Mundo: Pinotage
COLUNA DE VINHOS
POR JOÃO RICARDO RODRIGUES
A partir da próxima edição da nossa Coluna de Vinhos iremos falar sobre as uvas brancas e conhecer alguns vinhos brasileiros elaborados com as castas que se adaptaram aos nossos terroirs.

Mas antes dessa transição temos que falar de um vinho que tem tido a popularidade aumentada dentre os consumidores da bebida de Baco.

Ele não é tinto, nem branco. Vamos falar do vinho rosé.

A história do vinho rosé tem na região da Provence, ao sul da França o seu berço de nascimento, de onde ganhou o mundo com o seu frescor, elegância e harmonização versátil , apresentando variações de cores e sabores que encantam o paladar de quem busca algo mais num gole de vinho.
Os rosés são um coringa para diversas ocasiões.

Mas não é só na Provence que os rosés fazem sucesso, outras regiões da França francesas se destacam na elaboração desses vinhos como o Côte do Rhône e o Languedoc Roussilon, com as uvas Grenache (a principal), a Cinsault e a Mourvedre.

Os rosados também têm sua importância em outros países da Europa , principalmente nos que são banhados pelo Mar Mediterrâneo, onde os vinhos rosés são produzidos, bastante apreciados e largamente consumidos, principalmente no verão.

Na Itália, na região da Puglia, com a uva Primitivo, na Toscana, com a uva Sangiovese, no Lago de Grada, com a uva Gropello e no Alto Ádige, com as uvas locais Moscato Rosa e Lagrein.

Em Portugal, com destaque para as Regiões do Douro Estremadura e Ribatejo, a uva Touriga Nacional é a principal sendo usada em blends ou em varietais.

Na Espanha, os vinhos rosés sempre foram muito consumidos, sendo as regiões de destaque na elaboração Rioja, Navarra e Penèdes e a principal uva é a Garnacha (nome da Grenache na Espanha), Tempranillo e Merlot.

No Novo mundo países como: EUA, Nova Zelândia, África do Sul, Chile, Argentina, Brasil e outros, são encontrados vinhos rosés geralmente utilizando como base as uvas emblemáticas ou as que melhor se expressam em seus terroirs.

O Brasil devido ao seu clima tropical, um litoral extenso com fartura de praias e uma cultura alegre e jovial, tem tudo para ser um grande consumidor dos vinhos rosés e o que de fato vem se consolidando nos últimos anos conforme dados da Ideal Consulting: “No Brasil, o consumo de vinhos rosés quase triplicou nos últimos cinco anos. De 2014 até 2018, o volume dos rosados saltou de cerca de um milhão de litros para mais de cinco milhões de litros – um aumento de 278%; sendo 40% somente em 2018”.

Os rosés são vinhos que trazem características dos tintos e brancos com a leveza, frescor e toque frutado dos brancos, dos tintos trazem a estrutura e uma delicada adstringência. As Cores vão de um rosa pálido, passando por tons de casaca de cebola, salmão até um rosa mais intenso.

São três os métodos de vinificação dos vinhos rosés, lembrando que é proibido a utilização de corantes ou aromatizantes.

A maceração: que consiste em deixar o mosto em contato com a casca da uva, o tempo de contato determinará a coloração do vinho e sua intensidade. Esse é o método utilizado na elaboração dos vinhos rosés da Provence.

O corte : onde ocorre uma mistura entre, os vinhos brancos e tintos já vinificados para dar origem a coloração desejada, essa técnica é proibida na França.

A sangria: durante a elaboração dos tintos, uma parte do mosto é retirado do tanque de fermentação "sangrado".

A maioria dos vinhos rosés é colocada à venda pouco tempo depois de serem engarrafados é um vinho para se beber jovem, sendo ideal o consumo no período de 3 anos a partir da safra, nada de ficar guardando na adega e esperando evolução.

É um vinho que deve ser bebido bem fresco, quase gelado, em temperaturas que variam de 7º a 11º.

Um bom rosé é agradável, leve e possui boa intensidade, ideal para pratos mais suaves, mas pode acompanhar bem um churrasco de carne ou de peixe, sendo uma boa pedida para um picnic com petiscos, ou para apreciar uma praia acompanhado de pratos com base em frutos do mar.



A uva

A história da Pinotage começa na África do Sul, no ano de 1925, quando o químico e viticultor Abraham Izak Perold decidiu unir as melhores qualidades da delicada Pinot Noir com a robusta e intensa Hermitage, (também conhecida como Cinsault), dessa combinação surgiu o seu nome: PINOt + hermiTAGE = Pinotage.

A Pinotage se caracteriza por ter bagos pequenos, a casca bem grossa, é rica em pigmentos e conta com maturação precoce. É uma uva que pode ser usada para a produção de excelentes vinhos varietais, como também saborosos vinhos de corte (ou blends).

Um bom vinho Pinotage tem como principal característica suas notas de frutas vermelhas e berries, como mirtilo e framboesa, além de um discreto toque de fumaça e corpo médio. Sua cor é forte e intensa, seus taninos são marcantes e é possível perceber um sabor residual doce na boca após o consumo.

Essas características harmonizam bem com pratos de carne vermelha, carnes de caça, queijos curados ou massas com molho de tomate.

Apesar de ser considerada a uva emblemática da África do Sul, ela não é a cepa mais cultivada para produção de vinhos por lá. Esse título ainda fica com a rainha das uvas tintas a Cabernet Sauvignon.

Fotos-Pedro Henrique


O Vinho

Casa Marques Pereira, Monte Belo do Sul ­– Serra Gaúcha

Blush Pinotage Rosé, safra 2017.

No visual: Cor de casca de cebola, brilhante e límpido;

Aromas: cítricos, morango fresco, damasco, pêssego, um fundo mineral;

Na boca, leve, boa acidez, final médio e refrescante.

Um vinho rosé como um bom rosé deve ser elegante e refrescante!!!!

Temperatura de serviço: 8 a 10ºC.

Teor Alcoólico: 12% vol.

Harmonização: Um vinho leve e fresco, capaz de acompanhar com elegância pratos leves e de peso médio como galeto, saladas, torta de legumes, salmão grelhado, cogumelos cozidos e ensopados, brusqueta de queijo brie com damasco, ravióli de ricota e magret de pato.


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    Nino Bellieny

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